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Quarta-feira, 14 de Agosto de 2019, 07h:00

Ciclo da falência

Por Walter Roque Gonçalves*

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A Epic Games lançou em 2017 o modo do jogo Fortnite Battle Royalle onde o contexto é um mundo que diminui gradativamente o espaço para os jogadores, forçando-os a lutar pela própria sobrevivência. A economia local quando enfrenta dificuldades e redução do ritmo de crescimento é como o ambiente do Fortnite. Os players (jogadores) se sentem com menos espaço e passam a competir pela sobrevivência. Isto leva muitos deles a partirem para a guerra de preços por preços e entrarem no ciclo da falência deixando de lado o ilimitado e próspero mundo do valor, ou seja, das experiências, necessidades e desejos.

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Walter Roque Gonçalves


O Fortnite da vida real envolve a insegurança política e econômica que travam os investimentos e desenham um ambiente mais escasso quanto ao dinheiro em circulação. No entanto, ainda há dinheiro em circulação, muito dinheiro! Exceto pela geração “Nem-Nem” - aquelas que NEM trabalham e NEM estudam - as pessoas não param por estarem desempregadas, buscam alternativas e constituem a renda.

Existem empresários que estão com a sensação que o dinheiro diminuiu e por isto precisam competir para sobreviver e, aqueles que enxergam oportunidades na crise: afinal se os clientes mudaram então há como inovar e fazer diferente. O primeiro pelotão tem visão travada na disputa pelo menor preço e topa reduzi-los o quanto necessário para “bater a concorrência”, geralmente os prazos para receber dos clientes aumentam para atraí-los ainda mais e neste ponto muitos entram no ciclo da falência sem perceber.

Este ciclo começa com escoamento do caixa da empresa, cheque especial e crédito rotativo. Logo funcionários experientes são trocados por novatos que aceitam receber menos, o orçamento do marketing é cortado e fornecedores ficam sem receber. A empresa neste ponto entra numa espiral de problemas e preocupações que culminam na falência dos negócios. Empresas no início deste ciclo ainda tem salvação, outras que deixam agravar demais  não há muito o que fazer.

No segundo pelotão de empresários estão aqueles que entendem que experiência, necessidades e desejos mudam as prioridades de compras dos clientes. O mercado da saúde e beleza é um exemplo e está indo muito bem. Porque as pessoas ainda “gastam” com este mercado? Será que enxergam o investimento em autoestima? Estas questões subjetivas definem o valor do produto e serviço, tem peso na decisão de compra maior do que o preço em si. Claro que a solução para uma empresa em dificuldades não é simplesmente manter preços que justifiquem lucros e se posicionar frente ao mercado consumidor, é necessário um diagnóstico preciso do problema e um plano de ação eficaz para recuperar o fôlego financeiro diante de vendas sustentáveis. Contudo, bom posicionamento permite ignorar as guerras de preços e evitar o ciclo da falência. É, com certeza, uma forma de começar a recuperar a empresa com o pé direito.

 

 

*Walter Roque Gonçalves
Professor ABS/FGV, consultor de resultados especializado em micro, pequenas e médias empresas | CRA 144.772 | Contato: (18) 99723-3109 | e-mail: [email protected]