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Domingo, 08 de Setembro de 2019, 13h:15

Indústria brasileira está perdendo grande oportunidade

Por Carlo Barbieri*

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A guerra comercial entre os EUA e a China abriu um mar de oportunidades para diversos países do mundo, inclusive o Brasil. Para o agronegócio, a suspensão de importação ou tarifas para os produtos agrícolas americanos escancarou as oportunidades para as commodities brasileiras. Criou-se um cenário de sobretaxação de bilhões de dólares sobre a China para colocação de seus produtos no mercado americano e, consequentemente, uma possibilidade única para a indústria brasileira, que parece estar em um sono profundo diante deste contexto.

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O governo de Donald Trump está praticamente implorando aos importadores americanos que busquem alternativas aos produtos chineses e, seguramente, o Brasil seria o parceiro comercial preferido, inclusive pela proximidade geográfica e pela nova relação comercial que se estabelece entre os dois países.

No começo de setembro, como anunciado, o governo americano começou a impor uma tarifa de 15% em cerca de US$ 112 bilhões importados da China. Em três meses (15 de dezembro), o governo americano colocará uma nova tarifa de 15% sobre cerca de US$160 bilhões. Essas medidas farão com que, praticamente, não hajam produtos chineses sem uma taxa adicional de importação.

Hoje, os armazéns das zonas livres da Flórida estão superlotados com produtos chineses que não conseguem confirmação de pedidos de venda e não podem ser devolvidos ao seu país de prigem. Os importadores não querem entrar nesta briga e buscam alternativas para os US$ 800 bilhões que os EUA importam do gigante asiático.

A Europa está fazendo sua lição de casa ao desvalorizar o euro como nunca havia feito, chegando a pouco mais de US$ 1. Com isto, deu mais competitividade aos produtos da região. Lembremos que 50% do déficit comercial americano é oriundo do superávit que a China tem com o país, cerca de US$400 bilhões.

O regime de Pequim está fazendo o que pode. Desvalorizou sua moeda a valores não vistos há décadas para tentar manter os empregos e as divisas. Contudo, seu crescimento já cai a menos de 6% ao ano, uma catástrofe para quem tem 1,6 bilhão de bocas para alimentar.

Um raio de esperança surge com uma nova direção da Apex em Miami e a dinâmica do SECON do Consulado-Geral do Brasil em Miami. Há que se ter um rápido e profundo estudo de inteligência de mercado para sabermos que setores podem ser beneficiados com esta situação ímpar e imediata ação dos setores industriais brasileiros. Ações integradas que garantam à indústria brasileira a dianteira de vantagens nesta guerra.

O uso da regra 321 que permite importações, sem impostos de qualquer produto abaixo de US$ 800 seria um refresco para os importadores. Seria um alívio também fabricantes brasileiros que poderiam usar do sistema para fazerem com que seus produtos pudessem estar nas mãos dos compradores em 48 horas, praticamente num sistema "just in time". Se realmente os governos anteriores conseguiram sucatear a indústria brasileira, esta é a melhor oportunidade para reagir, pois mercado há e de sobra.

 

 

*Carlo Barbieri

Analista político e economista. Com mais de 30 anos de experiência nos Estados Unidos, é Presidente do Grupo Oxford, a maior empresa de consultoria brasileira nos EUA. Consultor, jornalista, analista político, palestrante e educador. Formado em Economia e Direito com mais de 60 cursos de especialização no Brasil e no exterior.