Diálogos entre irmãs podem não ser fáceis. Esse é o ponto de partida do filme “Saints Rest”. Trata-se de um tema muito comum nos EUA, o da rivalidade entre a irmã mais velha que fica na cidade natal, no caso uma cidade do Estado de Iowa, para cuidar da família, e a caçula que consegue sair para fazer faculdade em outro local e realizar os seus sonhos.
Unesp
Oscar D'Ambrosio
A primogênita cuidou da mãe com câncer e herdou uma cafeteria. É ali que passa seus dias, numa realidade que praticamente não se altera. A atriz Hani Furstenberg defende o papel com garra e talento, conseguindo passar as emoções e ambiguidades de uma mulher dividida entre seus sonhos não realizados, uma certa inveja da irmã mais nova e o amor que sente por ela.
O que une a família é a música. E as belas melodias conseguem mostrar os estados de espírito dos personagens principais e secundários. As letras são as formas do diálogo se realizar entre mulheres que têm dificuldade de se comunicar. A diretora Noga Ashkenazi consegue ótimos resultados nesse desafio das melodias expressarem estados de espírito.
Humanamente o filme conquista pela delicadeza. Revela a dificuldade de as pessoas se falarem abertamente, expressando suas dores e aponta como cada movimento de uma pessoa afeta aqueles que a ela estão afetivamente ligados. Ninguém é uma ilha e lidar com esse fato gera dores e sofrimentos, mas também carinhos e afetos, como o filme consegue mostrar bem.
*Oscar D’Ambrosio
Jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.