Quinta-feira, 25 de Abril de 2024


Opinião Quinta-feira, 19 de Setembro de 2019, 12:11 - A | A

Quinta-feira, 19 de Setembro de 2019, 12h:11 - A | A

Opinião

Azar o teu

Por Marcelo Harger*

Artigo de responsabilidade do autor
Envie seu artigo para [email protected]

As crianças tem muito mais sabedoria do que os adultos. Falo isso por ter presenciado uma das maiores lições de tolerância que alguém pode receber. Ela foi dada por dois pequenos, que tinham entre quatro e cinco anos. Um deles era judeu e o outro católico. A menina católica diz ao menininho judeu que devemos rezar para Jesus nos proteger todas as noites. O rapazinho responde que não pode porque a mãe dele não deixa. Longe de demonstrar surpresa, a menina prontamente responde: azar o teu.

Divulgação

Marcelo Harger - Artigo

Marcelo Harger

 

Não é preciso dizer que ambos continuaram a brincar como se nada tivesse ocorrido. Realmente, nada de relevante ocorreu. As crianças percebem isso. Veem que a crença religiosa do amiguinho não o torna uma pessoa pior, ou melhor. É apenas uma característica com a qual ela convive sem qualquer problema.

 

Infelizmente os adultos não são assim. Estão sempre prontos a crucificar uns aos outros pelas mínimas diferenças. Algumas vezes é a religião. Outras a cor da pele. Em outras, ainda, a opção sexual. Se tiver as três diferenças juntas, então é imolação na certa.

 

O ser humano por alguma razão tem uma grande dificuldade em respeitar as diferenças. É algo paradoxal porque a natureza humana é tão complexa que impossibilita duas pessoas completamente iguais. Mesmo assim, o diferente incomoda.

 

Após milhares de anos de existência não conseguimos respeitar a verdade alheia como gostaríamos que a nossa fosse tolerada. Não conseguimos absorver o ideal de Voltaire que dizia que mesmo que não concordasse com uma única palavra do que dizia o seu interlocutor, morreria para defender o direito deste em manifestar a sua opinião.

 

Essas são reflexões que devemos fazer, pois o mundo de hoje exige diversidade. Devemos aprender a tolerar o modo de ser alheio, se quisermos que o nosso também seja tolerado. Para quem quiser ser diferente, vamos dizer apenas “azar o teu” e seguir em frente. Quem não respeita não pode exigir ser respeitado. Os tempos mudam e as pessoas devem se adequar a eles. Se não o fizerem, azar o nosso.

 

 

*Marcelo Harger

Advogado em Joinville, graduado em Direito pela Universidade Federal do Paraná, pós-graduado em processo civil pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Mestre e Doutor em Direito do Estado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas, ex conselheiro do Conselho Estadual de Contribuintes de Santa Catarina, ex Coordenador do Curso de Pós-Graduação em Direito Administrativo e Gestão Pública do Complexo de Ensino Superior de Santa Catarina - CESUSC, foi professor em diversos cursos de graduação, pós-graduação e extensão universitária, membro do Instituto de Direito Administrativo de Santa Catarina – IDASC, autor de diversos artigos científicos publicados nas principais revistas jurídicas do país, autor do livro “Os consórcios públicos na lei n° 11.107/05”, do livro “Princípios Constitucionais do Processo Administrativo”, do livro “Improbidade Administrativa: Comentários à lei n⁰ 8429/92”, coordenador do livro “Curso de Direito Administrativo”, coautor dos livros: “ICMS/SC - Regulamento anotado”, “Direito Tributário Constitucional”,  “Princípios Constitucionais e Direitos Fundamentais”, “O direito ambiental e os desafios da contemporaneidade”, “Processo Administrativo Temas Polêmicos da Lei 9.784/99” e “Filosofia do Direito contemporâneo”.

 

• • • • •

 

A veracidade dos dados, opiniões e conteúdo deste artigo é de integral responsabilidade dos autores e não reflete, necessariamente, a opinião do Portal Capital News

 

Comente esta notícia


Reportagem Especial LEIA MAIS