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Sábado, 21 de Setembro de 2019, 07h:00

Critérios para abrir um digital bank próprio

Por Fernando Oliveira*

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Ao redor do mundo, um número cada vez maior de empresas está se movimentando e colocando apostas altas no desenvolvimento de plataformas de digital bank proprietários ou White Label, estabelecendo uma mudança abrupta no relacionamento com seus clientes, fornecedores e - até mesmo - dentro de sua própria empresa ou grupo. Como resultado, mensalmente são abertas entre 500 mil e 1 milhão de contas nessas plataformas, segundo estimativas da consultoria Boston Consulting Group (BCG), com base em dados públicos. No Brasil, essa movimentação não está sendo diferente.

Nelson Toledo/Divulgação

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Fernando Oliveira

 

Em primeira análise, a redução do custo de Money Transfer - TEDs e DOCs intra-company - passa a ser praticamente zerado. Cartões de crédito e corporativos, pré-pagos, CDC e até crédito clean são ofertados agora pelo digital bank corporativo ao consumidor final. Os modelos de receitas são variados e possíveis na legislação brasileira atual, permitindo até crédito consignado aos funcionários da empresa por intermédio de FIDC e distribuídas pelo digital bank. Por fim, um plano fidelidade integrado no banco com CRM e AI (Inteligência Artificial) melhora a recorrência dos clientes.

Mas há critérios e linhas de corte para abrir um digital bank próprio. A escolha de um parceiro que possua um banco liquidante/custodiante de primeira linha é crucial, pois traz segurança de que todo dinheiro nas carteiras estarão, ao fim, resguardados por uma entidade sólida e de patrimônio líquido relevante no cenário econômico brasileiro.

Além disso, a qualidade da consultoria jurídica e contábil a ser fornecida pela empresa desenvolvedora dos bancos digital é de suma importância. Um erro contábil ou CNAEs inadequados podem gerar desenquadramento imediato do Fisco e ônus de impostos e multas proibitivas.

O ROI da operação também é um ponto determinante. O investimento em um digital bank pode atingir valores de 2 a 20 milhões, dependendo da complexidade do mesmo. Caso a empresa não perceba reduções de custos e receitas do sistema compatíveis, esse investimento talvez nunca se prove. A capacidade do gestor do digital bank é então testada, pois os chamados spreads irão compor a receita bruta. Com spreads mal negociados, a estrutura não se sustenta.

Por fim, em relação a faturamento mínimo, aconselha-se que a empresa ou rede fature, pelo menos, 50 milhões ao ano. Passada essa linha de corte, o investimento ou joint venture com uma empresa gestora de digital banks mostra-se um negócio muito assertivo e lucrativo.

 

 

*Fernando Oliveira

Graduou-se em engenharia de produção pela USP (Universidade de São Paulo), após estudos em engenharia mecânica no ITA (Instituto Tecnológico  Aeronáutico). Possui extensão em empreendedorismo em mercados emergentes na conceituada universidade americana Harvard. Tornou-se CEO da B2B Capital Partners LLC em 2004. Desde então, vem atuando em venture capital envolvendo negociações de grande expressão como, por exemplo, a fusão das empresas Brazil Best Food S.A e Premium Fast Food Brasil, tendo sido responsável pelos investimentos latam nas áreas de food service, logística aérea (táxi aéreo), exportação de açúcar e soja, entre outros. Atualmente, Fernando é co-CEO da BTX Digital.