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Segunda-feira, 16 de Março de 2020, 11h:12

Maia diz ver com ‘perplexidade’ ida de Jair Bolsonaro a manifestação

Presidente da Câmara diz que Bolsonaro 'desautoriza ministro da Saúde' ao apertar a mão de apoiadores, rompendo monitoramento.

Flávio Veras
Capital News

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Divulgação

Bolsonaro manifestação

 

presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), criticou neste domingo (15) a participação do presidente Jair Bolsonaro em uma manifestação a favor do governo e com críticas aos poderes Legislativo e Judiciário.

 

Segundo Maia, o presidente “desautoriza o ministro da Saúde”, Luiz Henrique Mandetta, ao romper o monitoramento recomendado e apertar a mão de apoiadores em frente ao Palácio do Planalto. “O que nos preocupa, o que nos deixa em perplexidade é o presidente participando desses atos. Num momento onde se pediu, na sexta-feira, que não houvesse aglomerações, o próprio presidente desautoriza o seu ministro da Saúde”, declarou.

 

“Nós temos o risco de estar vivendo a maior crise, né, que o Brasil viveu nos últimos cem anos. Com impacto na vida dos brasileiros, na saúde dos brasileiros, no emprego, na renda, aumento da pobreza. E nós temos um presidente que estimula manifestações contra outras instituições.”

 

Maia disse esperar que “o presidente assuma a Presidência da República” e trabalhe “de forma harmônica” com os outros poderes. “Não é um momento simples, não é um momento fácil, o que nós esperamos é que o presidente assuma a Presidência da República [...] O que nós precisamos é que ele, que foi eleito de forma legítima, cumpra o seu papel de presidente do Poder Executivo e trabalhe de forma harmônica com o Poder Legislativo e o Poder Judiciário”, afirmou.

 

Crise do coronavírus

 

Em entrevista à TV Globo, Rodrigo Maia também manifestou críticas ao comando de Jair Bolsonaro frente à crise do novo coronavírus. Para o deputado, seria preciso que o Palácio do Planalto comandasse “o processo” e “as respostas” a essa crise.

 

“O mais grave é que não se cria uma estrutura no Palácio do Planalto para comandar o processo dessa crise, para comandar as respostas a essa crise. É isso que a população espera do seu presidente, que na sexta disse, junto do ministro da Saúde, que não poderia existir aglomerações. E vai a uma aglomeração estimular, estimula aglomeração, desfazendo aquilo que foi dito pelo ministro da Saúde”.

 

"O que a gente espera, a partir de amanhã, é que o governo assuma o seu papel, o Palácio do Planalto. Não há poder derivado, o poder é do presidente. Nenhum ministro pode cumprir o papel que o presidente da República precisa cumprir nessa crise", afirmou Maia.

 

Manifestação

 

O presidente Jair Bolsonaro descumpriu, neste domingo, a recomendação de monitoramento dada por médicos do governo em razão do novo coronavírus. Bolsonaro deixou o Palácio da Alvorada no início da tarde e participou de uma manifestação a favor do governo.

 

Alcolumbre

 

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), também criticou em nota neste domingo o estímulo à "aglomeração de pessoas nas ruas" em meio à crise do novo coronavírus.

 

O texto divulgado não cita nominalmente as manifestações em capitais como Brasília, São Paulo e Rio. O presidente Jair Bolsonaro participou do ato na capital federal, e chegou a apertar a mão de apoiadores no Palácio do Planalto – desrespeitando a recomendação de "monitoramento" até o próximo exame de sangue.

 

Na nota, Alcolumbre diz que a gravidade da pandemia "exige de todos os brasileiros, e inclusive do presidente da República, responsabilidade". O presidente do Senado também declara que "convidar para ato contra os Poderes é confrontar a democracia".

 

Em fevereiro, Bolsonaro divulgou um vídeo, por WhatsApp, convidando apoiadores para a manifestação deste domingo. O ato gerou fortes críticas de ministros do Supremo Tribunal Federal, organizações e parlamentares.

 

Ainda na nota divulgada, Alcolumbre afirma que é preciso "seguir à risca" as orientações do Ministério da Saúde e trabalhar para superar a crise econômica derivada da pandemia.

 

"É tempo de trabalharmos iniciativas políticas que, de fato, promovam o reaquecimento da economia, criem ambiente competitivo para o setor privado e, sobretudo, gerem bem-estar, emprego e renda para os brasileiros", diz.