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Esporte Sexta-feira, 01 de Maio de 2020, 07:48 - A | A

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Relembre a trajetória vitoriosa de Ayrton Senna na Fórmula 1

Há 26 anos, piloto brasileiro morria em um acidente trágico em Imola

Hélder Rafael
Capital News

Divulgação

Ayrton Senna

Ayrton Senna

1º de maio de 2020. Lá se vão exatos 26 anos da morte de Ayrton Senna, um ídolo do esporte mundial. Nem parece tanto tempo assim, pois os ideais e exemplos do piloto brasileiro ainda podem ser sentidos fortemente hoje em dia. Senna vive na memória e no coração de uma legião de fãs espalhados por todo o mundo, que carregam seu nome e símbolos com carinho e respeito.

 

Mas as horas, meses e anos avançam sem cessar. E as novas gerações, que não puderam acompanhar os grandes feitos de Senna na Fórmula 1, talvez não tenham a exata dimensão do que ele representou para o esporte e, mais especialmente, para nós brasileiros. Por isso, 1º de maio possui um significado a mais. Não se trata só de lembrar a carreira brilhante que culminou na trágica morte em um acidente no circuito de Imola. É a oportunidade de reverenciar as qualidades humanas de um piloto sobre-humano.

 

Nas pistas e fora delas ao longo de mais de 20 anos dedicados ao automobilismo, Senna construiu uma carreira de sucesso e seu exemplo redefiniu o esporte. Foi além: seu arrojo e suas conquistas ajudaram a resgatar a autoestima do brasileiro, que havia ido à lona na passagem dos anos 1980 à década seguinte, devido a severas crises econômicas e políticas. Nada no Brasil parecia dar certo, exceto quando um tal Ayrton Senna assombrava os rivais e empilhava pole positions e vitórias memoráveis nas manhãs de domingo. Ali, em frente à tevê, o brasileiro voltava a sentir orgulho de seu país.

 

O Capital News reconta a carreira de 10 anos de Senna na Fórmula 1:

 

Divulgação

Ayrton Senna na Toleman em 1984

Ayrton Senna na Toleman em 1984

1984: Início na Toleman

Senna chegou à Fórmula 1, a principal categoria do automobilismo mundial, com 24 anos. O piloto já era conhecido desde os tempos de kart pela velocidade e pela obstinação, mas entre nomes consagrados das pistas a conversa seria em outro patamar. A porta de entrada no circo da Fórmula 1 foi a modesta equipe Toleman. E foi logo no seu quinto grande prêmio que o brasileiro apresentou seu cartão de visitas: debaixo de chuva no tradicionalíssimo traçado de Mônaco, terminou em segundo lugar e ultrapassaria o líder Alain Prost - só não venceu a prova porque os comissários suspenderam a corrida por questões de segurança.

 

Reprodução

Ayrton Senna na Lotus em 1986

Ayrton Senna na Lotus em 1986

1985-1987: Firmando-se na Lotus

Piloto sensação da temporada 1984, Senna rumou para a Lotus no ano seguinte e por lá permaneceu por três anos. Em 1985 veio a primeira vitória, no circuito de Estoril, em Portugal, e depois dela o brasileiro ainda venceria outras cinco vezes pela tradicional equipe britânica. Suas atuações consistentes e posições de destaque no mundial de pilotos o levaram à McLaren em 1988. Também pesou na decisão o fato de que a fornecedora de motores Honda estava de saída da Lotus rumo à equipe de Woking.

 

Fotos Públicas

Ayrton Senna na McLaren

Ayrton Senna na McLaren

1988-1993: Auge na McLaren

A parceria entre McLaren e Honda e a determinação de equipe e montadora em construir os carros mais rápidos, contando com os melhores pilotos, fez com que Ayrton Senna e o então bicampeão Alain Prost fossem contratados para 1988. A bordo do incrivelmente rápido McLaren MP4/4, Senna e Prost pulverizaram a concorrência e venceram nada menos do que 15 dos 16 grandes prêmios daquela temporada. 

 

Depois de uma luta acirrada, o brasileiro levou a melhor sobre o francês no mundial de pilotos com uma vitória épica no circuito de Suzuka, no Japão. Senna havia largado na pole, teve problemas e despencou para o 17º lugar, mas recuperou-se e venceu Prost para ser campeão pela primeira vez.

 

A temporada 1989 ficou marcada pelo acirramento de uma das maiores rivalidades entre competidores no esporte em todos os tempos. Senna e Prost ainda estavam na McLaren, mas a ambição de ambos pelas vitórias tornava o convívio insustentável. E novamente no Japão, novamente brigando por título ponto a ponto, os pilotos se tocaram em uma chicane. Prost abandonou, Senna conseguiu retornar com ajuda dos fiscais de prova e foi aos boxes. O brasileiro terminou em primeiro mas o resultado foi anulado devido ao auxílio irregular recebido pelo piloto. O título caiu no colo do francês.

 

Batida entre Ayrton Senna e Alain Prost

Batida entre Ayrton Senna e Alain Prost em 1989

 

Em 1990, veio o troco - e outra vez no Japão. Com Prost agora na Ferrari, Senna tocou o pneu de sua McLaren na roda traseira do francês, tirando-o da corrida. O abandono de ambos deu ao brasileiro o segundo título mundial. Título que Senna, como o próprio piloto confidenciaria mais tarde, lamentou em conquistar daquela maneira.

 

O ano de 1991 pode ser considerado como a redenção de Senna. Em sua melhor forma física e mental, amadurecido após sete temporadas na Fórmula 1 e tantos embates duros - especialmente com Alain Prost -, o brasileiro simplesmente não deu chance aos adversários. Venceu sete das 16 corridas da temporada, e de quebra ganhou pela primeira vez na carreira em casa, diante de um público enlouquecido que invadiu a pista de Interlagos.

 

A partir de 1992, a supremacia das Williams começou a ofuscar o reinado até então absoluto da McLaren. Com aparato tecnológico extremamente avançado para a época, a equipe de Frank Williams faturou os títulos de pilotos e construtores em 1992, com Nigel Mansell, e 1993, com Alain Prost. O brasileiro ainda venceu algumas provas nesses anos, em especial em 1993, já sem os motores Honda e impulsionado por um modesto Ford V8. Sem perspectivas de avançar na McLaren e depois de um ciclo vitorioso de seis anos e três títulos mundiais, Senna buscou novos horizontes.

 

Fotos Públicas

Ayrton Senna na Williams em 1994

Ayrton Senna na Williams em 1994

1994: O fim em Imola

Senna nunca esteve realmente à vontade guiando a Williams naquela fatídica temporada. A Federação Internacional de Automobilismo havia vetado para 1994 praticamente todos os auxílios eletrônicos que fizeram da Williams a equipe vencedora dos dois anos anteriores. Tendo que se adaptar ao novo regulamento, os engenheiros não conseguiram entregar a Senna e ao companheiro inglês Damon Hill um carro confiável e equilibrado. Com problemas no FW16, o brasileiro não conseguiu completar as provas de Interlagos e do Pacífico, em Aida. 

 

Em Imola, o fim de semana do Grande Prêmio começou da pior forma possível. Um acidente grave com o novato Rubens Barrichello assustou os pilotos durante os treinos livres de sexta-feira. No dia seguinte, o austríaco Roland Ratzemberger morreu a bordo da Simtek após chocar-se contra o muro na curva Villeneuve a mais de 300 km/h. E na largada, a colisão entre o finlandês J.J.Lehto e o português Pedro Lamy deixou vários torcedores feridos, por causa de um pneu que voou sobre a cerca.

 

Após a relargada, Senna saiu bem e à frente da Benneton de Michael Schumacher. Liderou até a sexta volta, quando bateu no muro da curva Tamburello a mais de 200 km/h. Um pedaço da suspensão do carro perfurou o capacete de Senna na colisão, danificando seu cérebro de forma irreversível. Mais tarde, a perícia no carro apontou que a coluna de direção havia se quebrado durante a corrida. A peça tinha sido modificada pelos mecânicos.

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