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Sábado, 02 de Julho de 2022, 12h:58

CUIDE-SE: O lado cinza da autoestima

Da demissão a o autoconhecimento. Conheça a história de quem se afastou do trabalho para cuidar da saúde emocional

Renata Silva
Especial para o Capital News

Foto ilustrativa - Deurico/Capital News

Foto ilustrativa de lei Maria da Penha

Os sentimentos constantes de rejeição, ativa padrões negativos sobre si prejudicando a autoestima e a saúde emocional

Você sabia que a baixa autoestima pode levar a doenças emocionais? A sua esta baixa ou alta?

Nós vamos chamá-la de Tereza, porque a nossa personagem prefere não ser identificada. Tereza se considera feliz, motivada, gosta de esportes, de viajar, mas os últimos dez anos de vida, não foram assim.

Tereza têm 40 anos e atualmente é empreendedora, mas antes de investir no empreendedorismo trabalhava numa empresa de comunicação, como jornalista. Foram dez anos na função até ser demitida.   

Antes de ser desligada e começar a empreender, Tereza diz que sofreu muito no ambiente de trabalho, segundo ela, as pessoas não valorizavam a opinião dela, não a olhavam nos olhos e sempre criticavam o que fazia. “Era só eu começar a falar para as pessoas começarem a fazer outra coisa, olhar para o lado, era nítido isso”, detalha.

“Eu comecei a ter vergonha de falar minhas ideias, se eu contava algo engraçado ninguém ria, só eu”

 

E completou “Eu comecei a ter vergonha de falar minhas ideias, se eu contava algo engraçado ninguém ria, só eu”. A empreendedora conta que começou a acreditar que não era boa o suficiente. De profissional destaque em outras empresas, se tornou o “patinho feio”, começou a pensar que não era capaz, que seu trabalho não era bom o suficiente para a empresa que dedicava as suas oito horas por dia, foi então que começou a adoecer.

De 60 quilos, Tereza pulou para 80, desenvolveu depressão e depois de um tempo, síndrome do pânico. Até entender o que estava passando, conviveu com os sintomas emocionais durante quase cinco anos. “Eu ia trabalhar triste, voltava para casa triste. Só busquei ajuda após uma discussão com meu chefe, passei tão mal que minha filha teve que ir me buscar, no outro dia, não consegui ir trabalhar com taquicardia e medo ”explica.

"Só busquei ajuda após uma discussão com meu chefe, passei tão mal que minha filha teve que ir me buscar, no outro dia, não consegui ir trabalhar com taquicardia e medo"

 

A empreendedora procurou ajuda médica psiquiátrica e psicológica e iniciou um tratamento com medicação e terapia. Nesse processo, o que ela nem imaginava, era que a sua autoestima, que ela nem de dava conta do quanto estava baixa, era um dos principais fatores que colaboraram no processo de seu adoecimento.

De acordo com a Psicóloga clínica Marilza Duarte da Silva, pós graduada em terapia Cognitivo comportamental explica que a autoestima tem tudo a ver com a saúde emocional, porque ela impulsiona a realizações e superações dos confrontos. A psicóloga destaca que os sentimentos constantes de rejeição, fracasso, críticas e se sentir indesejado, oprimido ativa padrões negativos sobre si prejudicando a autoestima e a saúde emocional, dificultando realizações, superações de confrontos e ativando, em alguns casos, padrões de adoecimento emocional.

Acervo pessoal

CUIDE-SE: O lado cinza da autoestima

A convivência com grupos saudáveis como família e amigos contribuem para construção de uma boa autoestima


Ainda segundo Marilza, a pessoa quando não se sente pertencente aos grupos, têm sentimentos constantes de rejeição, fracasso, críticas que destroem sua autoestima. Ela não se aceita, não reconhece suas conquistas e esse padrão de funcionamento negativo, pode desencadear o adoecimento ou transtornos psicológicos e prejuízos significativos nos relacionamentos interpessoais e em demandas do dia a dia.

 

Por isso da importância de cuidar da autoestima, “com autoestima, a pessoa reconhece seus valores e seus defeitos, reconhece seus limites. O indivíduo busca melhorar, consegue fazer enfrentamentos em situações de erros e criar habilidades”, detalha.

 

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Tereza ficou afastada por quase dois anos e quando voltou, depois de uns meses, foi demitida. O que seria um algo ruim, virou alívio. Estar fora da empresa e com um acerto de quase 50 mil a empreendedora tirou um sonho antigo do papel. “Eu montei uma loja e trabalho com edição de vídeos para as redes sociais, sou plena e muito feliz. Vivo em paz e hoje sei me posicionar e me respeitar. Ah! Emagreci também”, brinca a empreendedora.

"Se eu soubesse que ficaria tão bem, teria buscado ajuda antes"


A terapia ainda faz parte da vida dela, mas não com a frequência do início do tratamento. “De três vezes na semana, hoje faço 1 a cada 15 dias. Se eu soubesse que ficaria tão bem, teria buscado ajuda antes”. Finaliza.

A Psicóloga destaca que a convivência com grupos saudáveis como família e amigos contribuem para construção de uma boa estima e fortalece o amor-próprio e auto aceitação. Assim a pessoa aprende a respeitar seus limites, a ter autoconfiança para alcançar seus objetivos e desenvolve um bom autoconceito sobre si e os outros.