A proposta do governo federal de mudar o sistema de licitação para as novas ferrovias agrada aos governadores do Centro-Oeste. Com grande parte de sua produção saindo in natura e com frete mais caro, esses estados veem nesse modal a solução para barateamento de custo e agregação de valor. “Esse novo regime tanto na licitação para outorga quanto na operação das ferrovias poderia operacionalizar melhor, para que não haja a reserva de mercado. Na teoria, é muito bom, precisa-se que vingue na prática, porque quantidade de carga nós temos no Brasil inteiro”, afirmou o governador André Puccinelli (PMDB) durante o Fórum Estadão Regiões.
A nova proposta mudaria o sistema que não vem dando certo e que gerou o sucateamento das ferrovias, porque em muitos casos a estrutura férrea ficou nas mãos dos mesmos grupos que são os usuários da ferrovia, os donos das cargas, como resumiu o jornalista Cley Scholz, editor de Economia do Estadão e mediador do painel.
Puccinelli defendeu a importância primordial da ferrovia para o desenvolvimento do Centro-Oeste e disse que, tendo esse modal a plena operação, a viabilidade está garantida, porque a quantidade de produção a ser transportada é muito grande.
“Uma ferrovia envolve vultosos recursos. Ela só se viabiliza com grande investimento e com a garantia de carga para ser transportada. Em Mato Grosso do Sul, pode-se ferrovia de bitola larga [de maior capacidade], que terá carga”, assegurou.
Puccinelli lembrou que o Estado é grande produtor de minério na região oeste e tem um grande polo de celulose no nordeste (Bolsão), além e uma siderúrgica nova que começa a produzir aços longos, e outras grandes indústrias em construção, como a de fertilizantes da Petrobras, em Três Lagoas. “Sempre defendemos a inclusão das ferrovias no PAC [Programa de Aceleração do Crescimento]. Temos agora a Norte-Sul em execução e a Ferroeste no PAC. São projetos estratégicos que sempre dissemos ser importantes”, detalhou o governador.