A Justiça Federal do Paraná divulgou nesta segunda-feira (14) a íntegra do depoimento do ex-presidente da república, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), prestado em 4 de março, quando foi deflagrada a 24ª fase da operação Lava-Jato. De acordo com o site G1 Paraná, Lula nega as acusações feitas pelo Ministério Público Federal (MPF) e pela PF no âmbito da operação.
A operação Lava-Jato investiga um suposto esquema bilionário de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Na 24ª fase, intitulada Aletheia, os alvos são endereços ligados ao ex-presidente. Esse nome é de origem grega e significa “busca da verdade”.
Tríplex no Guarujá
Lula voltou a negar que o apartamento triplex no condominío Solaris, em Guarujá, não é dele. Disse que se sente desrespeitado e afirmou que o Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) terá que comprovar a posse.
“Se você está atrás da verdade, você mande prender um cidadão do Ministério Público, que diz que o apartamento é meu, mande prendê-lo”, afirmou o ex-presidente. O Ministério Público Federal (MPF) também investiga se o imóvel é de Lula.
O petista reconheceu que esteve no apartamento, mas não gostou dele. “Quando eu fui a primeira vez, eu disse ao Léo que o prédio era inadequado porque além de ser pequeno, um triplex de 215 metros é um triplex ‘Minha Casa, Minha Vida’, era pequeno”, disse. Léo é o ex-presidente da construtora OAS, Léo Pinheiro. Ele foi condenado por envolvimento do esquema de corrupção da Petrobras.
Sítio em Atibaia
Lula negou que soubesse da reforma no Sítio Santa Bárbara, em Atibaia, no interior de São Paulo. A força-tarefa da Lava-Jato afirma que a OAS, Odebrecht e o pecuarista José Carlos Bumlai pagaram para reformar e mobiliar o local.
Ele apontou outro dono para a propriedade rural. “Pertence a Fernando Bittar e pertence a Jonas Suassuna, com registro em cartório em Atibaia, comprado com cheque administrativo, isso já foi publicizado, já foi provado. Eu, na verdade, quero falar pouco do sítio, porque eu não vou falar do que não é meu. Quando vocês entrevistarem os donos do sítio eles falarão pelo sítio”, explicou.
Kleber Tomaz/G1

Sala onde Lula teria prestado depoimento
Para o petista, a PF deveria perguntar aos donos da propriedade sobre a reforma. Questionado sobre o uso de um cheque administrativo para adquirir o sítio, Lula diz que o advogado deve responder. “Você está falando com um advogado especialista em administração, não pergunte pra mim, que sou um analfa [sic]”, afirmou.
O ex-presidente afirmou durante depoimento que frequentou o sítio menos do que gostaria em virtude de viagens que precisou fazer. Ele contou que passou a ir mais para ao local quando descobriu que estava com câncer.
“Depois passei a frequentar mais em 2013, em 2014, e pretendo continuar visitando se não destruírem o sítio, porque tudo que os companheiros que compraram o sítio fizeram foi tentar garantir que eu tivesse um lugar pra descansar, porque você sabe que eu não tenho”, relatou.
Nesse momento da transcrição, quando Lula é questionado sobre o suposto envolvimento do pecuarista José Carlos Bumlai na reforma do sítio, ele teria feito sinal negativo com a cabeça.
Campanha de 2006
Sobre a campanha à reeleição em 2006, o petista negou que pediu dinheiro para a corrida eleitoral. “Deixa eu lhe falar uma coisa, um Presidente da República que se preze não discute dinheiro de campanha, se ele quiser ser presidente de fato e de direito ele não discute dinheiro de campanha”, contou.
Ele também foi questionado se saberia a quais empreiteiras o tesoureiro da campanha dele teria pedido dinheiro. Sua resposta foi que esta informação deve estar na Justiça Eleitoral.
O ex-presidente afirmou que não acredita que a UTC – empresa investigada na Lava Jato por corrupção da Petrobras – tenha doado dinheiro para devido aos contratos com a empresa. “Eu não acredito nisso, eu não acredito, em muita coisa que eu vejo na imprensa sobre Lava Jato eu não acredito”, declarou.
Roberto Stuckert Filho/Presidência da República

Lula deixou a presidência em 2011, passando a faixa para Dilma Rousseff
Candidatura em 2018
Lula afirmou ainda em depoimento que estão "tentando fazer com ele" o mesmo que feito com acusados no processo do mensalão "que não poderiam entrar num restaurante" nem "ir a lugar nenhum".
Após negar anteriormente, ele disse que decidiu que será candidato à Presidência da República em 2018 e que terão que ter "coragem" para impedí-lo. “[...] vou ser candidato à Presidência em 2018 porque acho que muita gente que fez desaforo pra mim, vai aguentar desaforo daqui pra frente. Vão ter que ter coragem de me tornar inelegível”, afirmou o ex-presidente.
Leia o depoimento
*Com informações do site G1 Paraná