Mesmo com chuva, um público estimado de 40 mil fiéis acompanhou neste domingo (21), em Frederico Westphalen (RS), a cerimônia de beatificação do padre espanhol Manoel Gómez Gonzalez e do coroinha Adílio Daronch. Eles foram assassinados a tiros em 21 de maio de 1924, próximo à cidade de Três Passos, na mesma região.
A cerimônia, celebrada pelo cardeal português José Saraiva Martins, enviado especial do Vaticano, deu ao Rio Grande do Sul o primeiro beato e único coroinha brasileiro a ser beatificado.
Realizada no Parque de Eventos Monsenhor Vítor Batistella, na entrada da cidade, o ato de beatificação teve presença de descendentes espanhóis do padre Gonzalez e de duas irmãs ainda vivas de Adílio Daronch: Zulmira, de 94 anos, e Anita, de 89. Elas portavam o relicário feito em Roma com parte dos restos mortais dos beatos, durante o canto de Aleluia. "É uma bênção estarmos vivas para podermos participar da beatificação de nosso irmão", resumiu, emocionada, Anita.
Antes da missa, o fato que gerou a beatificação foi encenado por atores.
Emboscada
Em 1915, o padre Gonzales era o pároco de Nonoai. Aos 15 anos, Adílio Daronch era o coroinha. Na época, a disputa política no Rio Grande do Sul motivava crimes violentos.
Padre Manuel fez o enterro de um grupo que havia sido assassinado. Os responsáveis pelo crime ficaram descontentes e passaram a perseguir o religioso. Na Páscoa de 1924, mesmo estando jurado de morte, o padre Manuel deixou a Igreja para uma viagem de evangelização. Com ele, estava o jovem Adílio.
Logo depois de rezar uma missa, bandidos atacaram os viajantes. Segundo relatos da época eles foram amarrados a uma árvore, torturados e mortos á tiros. A árvore em que foram amarrados virou relíquia no santuário, onde os dois estão enterrados. Milhares de peregrinos visitam, todos os anos, a cidade de Nonoai, onde foi construído um santuário. Para os fiéis, a água da fonte ao lado da igreja, também ganha poderes milagrosos.