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Nacional Terça-feira, 15 de Julho de 2008, 07:58 - A | A

Terça-feira, 15 de Julho de 2008, 07h:58 - A | A

Para Annan, biocombustíveis afetam alimentação dos mais pobres

Da Redação

O ex-secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Kofi Annan, disse ontem, em palestra em São Paulo, que os bicombustíveis são parte do problema da alta internacional dos preços dos alimentos e, conseqüentemente, da inacessibilidade de comida aos mais pobres.

“Se você transforma milho em combustível, pessoas morrem de fome”, afirmou o Nobel da Paz de 2001, em referência ao processo adotado nos Estados Unidos para produzir álcool. Annan amenizou o comentário em relação à cana, de onde o Brasil tira o etanol, observando que a população global de qualquer forma consome açúcar em excesso.

Ainda assim, lembrou de uma conversa que teve com Fidel Castro, quando ainda estava à frente do governo cubano”. “Se dermos a comida aos carros, o que comeremos?”, teria perguntado o mandatário cubano, segundo Annan, quando se discutia a produção de etanol.

'Terras marginais'

“Tenho advertido as empresas para que não usem suas melhores terras para produzir combustível”, disse. As plantações para biocombustível devem ser feitas em terras “marginais”, em sua opinião. “Se usam as melhores terras para biocombustíveis, não podem fugir da acusação de que estão tirando comida dos pobres e dando aos carros dos ricos”, concluiu.

Em sua fala no IV Congresso Brasileiro de Publicidade, em São Paulo, Annan enfatizou a necessidade de se combater a pobreza na África. Ele preside a Aliança para a Revolução Verde na África, que apóia pequenos produtores rurais naquele continente para reduzir o problema da falta de alimentos.

Aquecimento Global

Ligado às questões da alta dos alimentos e dos biocombustíveis está o problema do aquecimento global, que Annan classificou como “a maior força destrutiva que afronta o homem” na atualidade.

O diplomata ganês defendeu que “quem polui mais deve pagar mais” para conter a transformação climática do planeta e advertiu que os mais pobres serão os que mais sofrerão com ela. Segundo ele, há 1,6 bilhão de pessoas no mundo que sequer têm eletricidade e, portanto, pouco ou nada poluem o ambiente, e que serão os mais duramente atingidos pelo aquecimento global.

Ele citou como exemplo a escassez de água em Barcelona, por causa do clima seco, que foi resolvida com a importação de água potável. “Países pobres não podem importar”, apontou. “Precisamos nos antecipar à falta d’água”, concluiu. (Agência Brasil)

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