A Polícia Federal (PF) concluiu, nesta sexta-feria (23), a perícia feita no áudio da gravação da conversa entre o empresário Joesley Batista e o presidente Michel Temer, em março deste ano, no Palácio Jaburu, residência oficial da vice-presidência da República.
O laudo da perícia deve ser enviado ainda hoje ao ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).
Mesmo sem o laudo final, no inquérito enviado ao STF na última segunda-feira (19), a PF havia afirmado que os indícios encontrados já eram suficientes para identificar a prática do crime de corrupção passiva, cometida por Temer e seu ex-assessor, Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), preso há 20 dias, na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília.
“Resultam incólumes as evidências que emanam do conjunto informativo formado nestes autos, a indicar, com vigor, a prática de corrupção passiva”, diz trecho do despacho da PF.
No áudio, Temer supostamente dá aval para a compra do silêncio do ex-deputado, cassado, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso desde novembro do ano passado, em Curitiba, por determinação do Juiz Federal Sérgio Moro.
As denúncias são graves, pois evidenciam que o presidente da República, no exercício do mandato, tomou conhecimento da prática de obstrução da Justiça e não informou às autoridades competentes.
O inquérito servirá de base para a possível denúncia que o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, fará em desfavor de Temer. Se a denúncia ocorrer, ela só properará se 342 dos 513 deputados autorizarem, no plenário do Congresso. Vale lembrar que mais da metade dos deputados compõem a base aliada do Governo.