Terça-feira, dez de setembro, marca o Dia Mundial da Prevenção ao Suicídio, quando governos e organizações sociais promovem reflexões sobre as possibilidades de se prevenir a morte auto infligida, cujos índices são alarmantes entre as mais diferentes culturas e classes sociais ao redor do Planeta.
A Organização Mundial da Saúde (OMS), que considera o suicídio um grave e urgente problema de saúde pública, apontou, em seu relatório de 2016, que mais de 800 mil pessoas se matavam todos os anos. O que significa que a cada quarenta segundos alguém tira a própria vida. Segundo especialistas, esse número cresceu significativamente nos últimos anos, embora as estatísticas sejam esparsas e, às vezes, discrepantes.
Oitava nação do mundo com mais casos de morte auto imposta, o Brasil contou em 2012 nada menos que 11.821 suicídios, havendo sérias razões para supor que esse número seja trinta por cento maior, por conta de mascaramento, intencional ou não, da verdadeira causa de muitas mortes.
Para nós, de Mato Grosso do Sul, o suicídio como “epidemia social” tem sua expressão mais perturbadora e dolorosa na Reserva Indígena de Dourados, onde, segundo a Fundação Nacional da Saúde (Funasa), entre os anos de 2000 e 2008 nada menos que 410 indígenas Guarani-Kaowá deram cabo à própria vida. Dentre eles, crianças de doze, treze anos.
Apontado entre as dez principais causas de morte mais frequentes no mundo, e a segunda principal entre os jovens de 15 a 29 anos, o suicídio, segundo especialistas, alastra-se principalmente pela falta de prevenção. Segundo a OMS, nove de cada dez suicídios poderiam ser evitados, com a identificação e tratamento de vulnerabilidades, como distúrbios mentais, transtornos de personalidade, isolamento e depressão.
Para o psiquiatra e escritor Augusto Cury, “quando uma pessoa pensa em suicídio, ela quer matar a dor, mas nunca a vida”. “Essa dor é tão intensa e angustiante, que o indivíduo busca livrar-se dela tirando a própria vida para aniquilar seus problemas”, acrescenta.
Diante da tragédia continuada representada pelos altos índices de auto aniquilamento, a celebração do Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio sinaliza para crescente – mas ainda incipiente – conscientização social quanto à urgência de se adotar políticas públicas mais efetivas para reduzir o número alarmante de suicídios no Brasil e em todo o mundo.
*Iran Coelho das Neves
Presidente do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul.
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