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Opinião Domingo, 15 de Março de 2020, 07:00 - A | A

Domingo, 15 de Março de 2020, 07h:00 - A | A

Opinião

Cruel análise do mundo editorial

Por Oscar D’Ambrosio*

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O que mais vale a pena para o mercado editorial: um livro bem escrito ou uma obra que tenha sido produzida num contexto extremamente atraente, com uma biografia misteriosa de seu autor. E se esses dois fatores se juntarem? Não seria o ideal? Essa é a discussão que o filme “O Mistério de Henri Pick” traz à tona com ótimo ritmo e grande charme.

Unesp

Oscar D'Ambrosio - Artigo

Oscar D'Ambrosio


A atriz Alice Isaaz, numa interpretação que oscila entre o angelical e o diabólico, é uma editora em busca de manuscritos que obtenham êxito e possam catapultar a sua carreira. Isso a leva para uma biblioteca no interior da França com uma curiosa sala que abriga manuscritos rejeitados por editores. E ali encontra um romance que a encanta e alcança grande êxito.

A questão é que o crítico literário interpretado por Fabrice Luchini duvida que a obra, com, por exemplo, numerosas alusões à literatura russa, tenha de fato sido escrita por quem a assina, um certo Henri Pick, dono de uma pizzaria sem aparentemente o talento necessário até para escrever uma simples carta para a filha.

O diretor e roteirista Rémi Bezançon consegue conduzir essa caçada do verdadeiro autor com numerosas reviravoltas. O tom escolhido se aproxima de um enredo policial, em que a pergunta não é quem cometeu o crime, mas sim quem teria produzido uma obra de tanta repercussão.

O filme é de grande interesse para editores, autores e candidatos a ambos. Traça um panorama do mundo literário muito crítico, vendo a sociedade de consumo como um universo em que o parecer é superior ao ser e onde uma história bem contada é melhor do que uma história mal contada ou a falta de uma.

O diálogo entre a informação jornalística e o marketing também é enfatizado, porque evidencia-se que saber vender uma obra é tão importante quanto produzi-la. E os limites éticos entre uma coisa e outra podem ser muito tênues dependendo dos objetivos de cada um e em que posição se está na cadeia autor-editor-público. Para ver e rever!

 

 

*Oscar D’Ambrosio

Jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

 

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