Muitas vezes a melhor maneira de compreender um determinado momento é se afastar dele. Ao se olhar para outra realidade, aparentemente muito diferente, é possível voltar para onde se estava – e com uma visão transformada. Nesse sentido, o filme “A mulher que sabia ler” (“The Sewer”, no original), de Marine Francen, é uma excelente opção.
Unesp
Oscar D'Ambrosio
Baseada no conto “The Seed Giver”, de Violette Aihaud, escrito em 1919, a obra cinematográfica mostra como um povoado rural pode, de um momento para outro, por um fato inesperado, transformar-se completamente. E há necessidade de reinventar o cotidiano para continuar sobrevivendo.
A narrativa se passa em 1852, quando Luís Bonaparte depõe a República francesa e, de um dia para outro, todos os homens são levados presos para destino desconhecido. As mulheres precisam então assumir o controle do local, desempenhando todas as tarefas. Fazem até um acordo: se um homem desconhecido por ali passar, terá relações para gerar filhos com todas.
O desconhecido aparece e, embora se apaixone por uma das moças da vila, ele cumpre o desejo da comunidade. Quando os homens começam a voltar, da prisão ou do degredo, uma sábia anciã logo alerta que aquele jovem precisa partir. E ainda aponta que, mesmo assim, nada será como antes. Essa leitura é de grande valia para os dias de hoje.
*Oscar D’Ambrosio
Jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
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