Até o dia 21 de abril de 2021, o novo coronavírus (COVID-19) já infectou mais de 141 milhões de pessoas com cerca de 3 milhões de mortes, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, dados do Ministério da Saúde mostram que aproximadamente 14 milhões de pessoas foram infectadas, incluindo quase 382 mil óbitos. Somado a esses trágicos números, a pandemia tem deixado graves consequências de ordem econômica e social que, possivelmente, serão superadas a médio-longo prazo, dependendo das políticas públicas a serem adotadas. Uma dessas consequências vem sendo discutida e apontada pelos pesquisadores como tão grave e impactante quanto o próprio vírus, o agravamento da “pandemia do sedentarismo” ou “pandemia da inatividade”.
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Ricardo A. Pinho
Nesses últimos meses, o distanciamento/isolamento social foi recomendado pelos órgãos de saúde e adotado por uma grande parte da população para o controle da transmissão do vírus. Embora necessário, esse “novo normal” trouxe, em consequência, uma alteração no uso do tempo destinado às atividades diárias. O tempo usado em atividades físicas diárias foi drasticamente reduzido, bem como a falta de exercícios físicos regulares em ambientes externos em detrimento do tempo gasto em atividades “inativas fisicamente”, como por exemplo, o tempo destinado ao uso do computador, tempo em frente à televisão, tempo para atividades intelectuais. Não quer dizer que essas atividades não sejam importantes, pelo contrário, foram e são necessárias para a manutenção das atividades acadêmicas, profissionais e de lazer que contribuem para permanência em distanciamento/isolamento. Entretanto, o maior tempo destinado a essas atividades somadas à limitação de espaço físico para a prática de exercícios fez com que as pessoas reduzissem o tempo gasto em esforço físico, aumentando o nível de sedentarismo populacional.
O comportamento sedentário tem sido considerado um dos principais fatores de risco para o aparecimento e agravamento de doenças crônicas, como obesidade, hipertensão, doenças cardiovasculares, neurológicas e câncer. De acordo com a OMS, 31% dos indivíduos com 15 anos ou mais são insuficientemente ativos e aproximadamente 3,2 milhões de mortes por ano estão relacionadas ao sedentarismo. Em todo o mundo, o custo anual em saúde devido ao sedentarismo extrapola a 50 bilhões de dólares. Mesmo com esses números impactantes, nos últimos anos, muitos países viram um aumento no sedentarismo em proporções pandêmicas e provavelmente, isso foi acelerado durante a pandemia de COVID-19. Qualquer redução no sedentarismo e aumento na atividade física diária, mesmo abaixo daquilo que é recomendado - pelo menos 150 minutos por semana de atividade física aeróbica de intensidade moderada ou pelo menos 75 minutos de atividade física aeróbica de intensidade vigorosa durante a semana e 2 sessões por semana de treinamento de força muscular - têm benefícios significativos para a saúde.
É certo e esperado que sairemos deste triste momento provocado pela pandemia de COVID-19 e retornaremos à "vida normal”. No entanto, a “pandemia do sedentarismo” continuará - e agravada pela COVID-19. É preciso reagir a isso, exigir políticas públicas que minimizem essa situação e, principalmente, deixarmos a inércia de lado e criarmos alternativas práticas que resultem em "menos sentar e mais movimentar". Manter a atividade física diária regular é um componente indispensável para um estilo de vida saudável. Movimente-se!
*Ricardo A. Pinho
Professor da Escola de Medicina e do Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).
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