Uma forma diferente de tratar os preconceitos contra a mulher no universo do trabalho ocorre no filme francês “A jornada”, dirigido por Alice Winocour, com roteiro de Alice Winocour e Jean-Stéphane Bron. A narrativa conta o treinamento de uma astronauta francesa (Eva Green, indicada pelo papel ao César de Melhor Atriz de 2019) para uma viagem espacial.
Unesp
Oscar D'Ambrosio
A grande questão é que ela, divorciada do marido (alemão e astrofísico), ao longo dos preparativos e da própria viagem, ficará afastada da sua filha de sete anos. Essa dor interior é acompanhada inicialmente de maneira machista pelo astronauta norte-americano (Matt Dillon) que lidera a viagem, enquanto o colega russo se mostra mais afável.
A música composta por Ryuichi Sakamoto auxilia a compor uma atmosfera em que o amor entre mãe e filha é o ponto alto da história. As dificuldades do treinamento também são mostradas, com um elevado nível de exigência física e psicológica, que vai aumentando à medida que a data do lançamento se aproxima.
O filme como um todo faz pensar sobre até que ponto uma pessoa – e especificamente uma mulher, no caso – deve sacrificar a sua vida e gerar sofrimento em quem ama pela realização de um ideal maior, seja em benefício próprio ou do país. Ao tratar a questão sem pieguice, com um roteiro envolvente, a obra traz esse desafio e motiva reflexão.
*Oscar D’Ambrosio
Jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Coordena o projeto @arteemtempodecoronavirus e é responsável pelo site www.oscardambrosio.com.br
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