Victor Chileno/ALMS
Funcionários da JBS fizeram um protesto na manhã desta terça-feira (17) na Assembleia Legislativa
Funcionários da JBS fizeram um protesto na manhã desta terça-feira (17) na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, em Campo Grande. O auditório ficou completamente lotado. Os empregados da empresa controlada pelo grupo que pertence aos irmãos Wesley e Joesley Batista, o J&F, temem a perda dos postos de trabalho, a medida em que avançam as investigações e decisões judiciais sobre os crimes cometidos pelos dois.
Os Batista estão presos e são investigados no âmbito da Operação Lava Jato, entre outros crimes, pelo pagamento de propina para a obtenção de benefícios fiscais. Segundo o Sindicato dos Funcionários da Indústria de Alimentação, entidade que representa os trabalhadores, eles temem demissões e atraso no pagamento de salários por causa do bloqueio de bens da empresa que foi determinado pela Justiça.
A pedido da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Irregularidades Fiscais e Tributárias de Mato Grosso do Sul, da Assembleia Legislativa, a Justiça determinou dois bloqueios de recursos da empresa, um de R$ 115,9 milhões e outro de R$ 614,7 milhões, totalizando R$ 730 milhões.
Os bloqueios foram pedidos pela CPI porque a empresa não cumpriu os compromissos assumidos nos Termos de Ajustes de Regimento Especial (Tare), para o recebimento de incentivos fiscais do governo do estado. “Não são os trabalhadores que usaram as malas de dinheiro. Não podemos condenar e penalizar os trabalhadores. Peço que a CPI que viabilize a continuidade do processamento de carne nesse Estado”, disse o do secretário de Saúde, Meio Ambiente e Previdência Social da Confederação Brasileira Democrática dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação (Contac), Célio Elias, que está em Campo Grande, e acompanhou o protesto na Casa de Leis, falando em nome dos trabalhadores.
Paulo Corrêa (PR), presidente da CPI afirmou que aceita negociar para que a JBS entregue à Justiça bens no total de valores bloqueados para que as contas bancárias fiquem liberadas, na chamada substituição de garantia. “O que eles vão entregar: um carro, a casa que compraram para a mulher do Joesley em Nova York”, listou o parlamentar durante a sessão plenária.
“Na conta da JBS foram encontrados R$ 6,5 milhões. Este valor não é o suficiente para pagar os trabalhadores em Mato Grosso do Sul. Mas, se a empresa alega que terá problemas para depositar os salários, que apresente à Justiça bens no valor do bloqueio para ter as contas liberadas”, afirmou.
Corrêa chegou a ser vaiado pelos manifestantes, mas aproveitou para fazer um alerta. “Estão [JBS] usando os trabalhadores como massa de manobra”. Na tribuna, o deputado citou que, conforme os dados do Ministério do Trabalho, a JBS emprega cerca de 6 mil funcionários, nas 8 unidades do Estado.