A solução proposta pela Energisa às recorrentes reclamações sobre o aumento expressivo na fatura de energia elétrica parece não ter agradado muito os consumidores de Mato Grosso do Sul. Desde quinta-feira (24), a concessionária passou a permitir o parcelamento das faturas de janeiro em até quatro vezes. Muitos clientes, no entanto, exigem a revisão dos valores cobrados e ressarcimento em conta.
“Como você vai parcelar uma coisa que você está sendo lesado? É como se eu te furtasse em parcelas. Eu levo a sua corrente hoje, amanhã eu levo a sua bolsa, no outro dia o resto. É isso que eles estão propondo”, argumenta o policial civil Amarildo Rodrigues da Silva. “Eles estão criando imposto sobre imposto. No mês passado, eu passei 20 dias fora, e mesmo assim tive que pagar R$ 316 de energia elétrica. Desse valor, mais de R$ 200 são impostos”, completa.
O militar aposentado Vander Leopoldino Lopes, de 74 anos, também questiona os valores da conta de luz. Segundo ele, em dezembro o valor cobrado foi de R$ 232, e, em janeiro, subiu para R$ 655. “O consumo não aumento nesta proporção tão grande. Foi praticamente igual. Eu paguei, porque não tinha como ficar sem luz, mas quero a devolução”, disse.
Já o empresário Hélio Antônio de Souza teve um aumento ainda mais expressivo entre um mês e outro: de R$ 259 em dezembro passou para mais de R$ 2.600 no mês seguinte. “E eu passei 10 dias fora. Saí dia 22 de dezembro e voltei no dia 2 de janeiro. Isso eu tenho como provar. Eu já reclamei, fui até os órgãos responsáveis, e até agora não tive resposta. Disseram que está em análise. Como em análise, com um aumento desse?”, questiona
O líder do movimento popular 'Energia Cara Não' também esteve na tribuna da Câmara Municipal e utilizou o espaço para defender que o consumidor sempre está em uma posição desfavorável em relação ao fornecedor de serviços, e por isso precisa de um amparo da Justiça para fazer valer as suas exigências.
“Esse é um momento muito importante, porque vocês, vereadores são autoridades constituídas pelo povo. Precisamos de pessoas desse âmbito para conduzir o processo”, disse, parabenizando a Casa pela iniciativa. “A energia deve custar apenas o suor do trabalhador, e não a lágrima do consumidor, quando ele tem que escolher entre pagar a luz ou colocar comida na boca do seu filho”.
O coordenador técnico da Energisa, Jonas Rutis, explicou que o parcelamento é uma possibilidade oferecida pela empresa que não inibe o consumidor de fazer a reclamação. Segundo ele, até o momento não foram constatadas irregularidades de medição e na leitura das instalações, e a diferença de valores foi causada pela elevação no consumo de energia nos dias com temperatura mais altas.
“De dezembro para cá, nós identificamos 23 picos (recordes) de consumo. E este foi o dezembro mais quente desde 2006, e o janeiro com o maior recorde de calor do século. Ontem, que o clima foi mais fresco, nós observamos claramente que o consumo de energia decaiu”, argumentou.