A Comissão Especial em apoio ao Combate à Covid-19 da Câmara Municipal de Campo Grande discutiu, nesta quarta-feira (12), as condições de trabalho dos profissionais que atuam na linha de frente. Participaram representantes de classe, da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), além dos vereadores que integram o trabalho.
“Esta foi a semana mais preocupante do ponto de vista de atendimento e de leitos. Campo Grande está em um momento de alerta, de muita preocupação. E há necessidade de acompanharmos de perto para que esse comportamento reflita em uma diminuição da taxa de ocupação dos leitos nas próximas semanas. Esse é o entendimento da Comissão, sem a necessidade de fechamento absoluto”, avaliou o vereador Dr. Lívio, que preside a Comissão.
O vereador Fritz, membro da Comissão de Saúde da Casa, falou dos desafios da enfermagem durante a pandemia e lembrou o alto número de profissionais da saúde infectados pelo novo coronavírus.
“Temos muitos desafios, e a enfermagem, com essa pandemia, mostrou sua fragilidade na relação entre empregador e empregado. Na Sesau, existe uma grande preocupação em atender posicionamentos do sindicato. Ele está na ponta, então ele consegue visualizar as demandas desse grupo que atua na linha de frente. Hoje, quase 40% [dos profissionais] estão contaminados. Isso causa um déficit na escala, principalmente com a ampliação da testagem na atenção básica”, apontou.
O médico do trabalho Marcos Aurélio Almeida, da Sesau, defendeu a união entre população e poder público para combater a pandemia. “É um problema de todos, não apenas da enfermagem. Temos enfermeiros que faleceram, técnicos e médicos. Isso cabalmente demonstra que é um problema de todos, que deve ser enfrentado em conjunto”, reforçou.
Acidente de trabalho
Decisão recente do STF (Supremo Tribunal Federal) definiu que a contaminação por Covid-19 em ambiente de trabalho configura como doença ocupacional, podendo, assim, ser considerada acidente de trabalho. Desta forma, os trabalhadores cobram a aplicação do novo entendimento em Campo Grande.
“Precisamos do reconhecimento dos casos como acidente de trabalho. A decisão do STF, por mais que dê a possibilidade, ela não exclui o nexo causal. Ele é intrínseco a atividade laboral do servidor. Ele está mais exposto do que outras pessoas. A Prefeitura deve reconhecer para que ele tenha seus direitos garantidos”, pediu Gustavo Moura Maidana, vice-presidente do Sinte/PMCG (Sindicato dos Trabalhadores Públicos em Enfermagem de Campo Grande).
A médica do trabalho Paola de Oliveira, da Sesau, defende o nexo causal. “A investigação é feita em todos os tipos de acidente de trabalho. A investigação também é importante para evoluirmos em relação à EPI, metodologia de trabalho, de exame. Não é apenas relacionar. Tenho feito monitoramento no serviço público e vemos muitos casos de pessoas que estão de férias ou isolados em casa. Cada caso deve ser visto, até para relacionarmos surto naquele lugar, o que faltou naquele lugar. É importante esse nexo causal”, defendeu.