Homologado nesta terça-feira (15) pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), o acordo de colaboração premiada do senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS) cita diversos políticos importantes no cenário nacional. Ele se comprometeu em devolver R$ 1,5 milhão aos cofres públicos em razão de crimes assumidos por ele no acordo de colaboração premiada firmado dentro da operação Lava Jato, que investiga um suposto esquema bilionário de lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Entre as acusações, o senador apontou que a presidente da república, Dilma Rousseff (PT), sabia que havia um esquema de superfaturamento por trás da compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. Na época, Dilma era presidente do Conselho de Administração da empresa estatal Petróleo Brasileiro S/A (Petrobras).
O vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), foi apontado pelo senador como suspeito de envolvimento em um suposto escândalo de aquisição ilícita de etanol na BR Distribuidora, entre 1997 e 2001. O operador do esquema seria João Augusto Rezende Henriques, ex-diretor da subsidiária.
Henriques era, conforme consta no depoimento de Delcídio, “apadrinhado" de Temer em esquema relacionado à compra de etanol durante o governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB, 1995-2002).
Quanto a Lula, o parlamentar apontou que Lula tinha conhecimento do esquema de corrupção da Petrobras, que agiu pessoalmente para barrar as investigações da Lava Jato e que ordenado pagamentos para tentar comprar o silêncio de testemunhas.
Em relação a Aécio Neves; presidente nacional do PSDB, senador por Minas Gerais e candidato derrotado à Presidência da República nas eleições gerais de 2014; de acordo com o jornal Folha de S. Paulo, Delcídio declarou que recebeu propina da Furnas Centrais Elétricas, subsidiária das Centrais Elétricas Brasileiras S/A (Eletrobras).
“Questionado ao depoente quem teria recebido valores de Furnas, o depoente disse que não sabe precisar, mas sabe que Dimas [Toledo, ex-presidente de Furnas] operacionalizava pagamentos e um dos beneficiários dos valores ilícitos sem dúvida foi Aécio Neves”, diz trecho do depoimento.
Membros do PMDB também foram apontados como suspeitos de envolvimento no esquema investigado pela Lava Jato, de acordo com o jornal O Estado de S. Paulo. Entre os citados estão o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL); o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (RJ); e o líder da maioria no Senado, Eunício Oliveira (CE).
Deurico Ramos/Capital News

Vice-presidente da República Michel Temer
Outros lados
Em pronunciamento no dia 4 de março, a presidente Dilma desqualificou a delação, opinando que o vazamento teve o objetivo de atingir sua pessoa e seu governo. “Provavelmente, pelo imoral e mesquinho desejo de vingança e de retaliação de quem não defendeu quem não poderia ser defendido pelos atos que praticou”, ressaltou.
A assessoria de imprensa do vice-presidente informou que Temer “nunca foi padrinho” de João Henriques, não o conhecia quando foi indicado ao cargo, pois a indicação foi pela bancada do PMDB, assim como Jorge Zelada, também indicado pela bancada, não por Temer.
Em nota, o Instituto Lula informou no dia 3 de março que o ex-presidente “jamais participou, direta ou indiretamente, de qualquer ilegalidade, seja nos fatos investigados pela operação Lava Jato, ou em qualquer outro, antes, durante ou depois de seu governo”.
O gabinete de Aécio Neves informou, por meio da assessoria de imprensa, que não iria comentar a citação pela falta de “informação concreta” sobre o envolvimento do senador com Delcídio.
Leia a íntegra do acordo de colaboração premiada de Delcídio do Amaral:
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*Com informações do jornal Folha de S. Paulo, do portal G1 e do jornal O Estado de S. Paulo