Chico Ribeiro/Subcom-MS
Azambuja argumentou que quem participou de desvio de recursos deve ressarcir os cofres públicos
O governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB) defendeu as investigações da Operação Fazendas de Lama, nova fase da Lama Asfáltica, deflagrada nesta terça-feira (10). “Lugar de corrupto é na cadeia. Não faço nenhum julgamento de ninguém, mas aquele que cometeu desvio de recurso público, em qualquer nível, tem que pagar pelo erro e devolver os recursos para o erário público”, opinou.
A Polícia Federal (PF), Controladoria-Geral da União (CGU) e Receita Federal cumpriram 28 mandados de busca e apreensão, 15 mandados de prisão temporária e 24 mandados de sequestro de bens de investigados nas cidades de Campo Grande, Rio Negro (MS), Curitiba (PR), Maringá (PR), Presidente Prudente (SP) e Tanabi (SP). Participam da operação 201 policiais federais, 28 agentes da CGU e 44 da Receita Federal.
Entre os locais alvos da operação, estão o apartamento e o escritório do ex-governador André Puccinelli e a Secretaria de Estado de Infraestrutura. “Os policiais federais voltaram à secretaria de Obras do governo para buscar alguns processos que são do ano de 2007 e 2008. Temos que mostrar que quem ousa desviar recursos públicos paga com prisão para que não venha acontecer de novo”, finalizou Azambuja.
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Investigação
O superintendente da PF esclareceu durante entrevista coletiva à imprensa na manhã dessa terça-feira (10) que as investigações demandam tempo para que tenha segurança de medidas judiciais. “A investigação de crimes financeiros tem o seu tempo, é demorada. Frisamos que está em andamento e após a deflagração [da nova fase], vai haver a análise de toda a documentação apreendida, para apurar envolvimento de outras pessoas e eventual patrimônio ocultado por essa organização criminosa”, explicou.
Nessa etapa, o foco é a suspeita de crime de lavagem de dinheiro. “Essa segunda fase da operação Lama Asfáltica foi fulcrada na lavagem de dinheiro. Usualmente, os investigados utilizavam de pessoas e suas famílias, as quais recebiam esse dinheiro [de desvios das fraudes apuradas na primeira fase] a título de empréstimo ou doação e abriam empresas. Essas empresas, controladas pelos investigados, compravam em especial fazendas, daí o nome da operação, e também imóveis urbanos, gado e outros bens. Posteriormente, esses valores emprestados eram considerados pagos e o bem ficava lícito”, detalhou o delegado de combate ao crime organizado da PF, Cleo Mazzotti.
Segundo o delegado da Receita Federal, Flávio Barros de Cunha, foram encontradas fazendas no estado e no interior de São Paulo. “Conseguimos identificar em torno de 67 mil hectares de área rural principalmente no estado de Mato Grosso do Sul, em Rio Negro, Rio Verde de Mato Grosso, Corumbá, Campo Grande, Porto Murtinho, Aquidauana, Anastácio, Jaraguari, Miranda, Figueirão; e também no interior de São Paulo”, disse.
Cunha detalhou o modus operandi de empresas investigadas. “Por exemplo, a criação de empresas de pequeno porte, em que a movimentação financeira era muito inferior ao próprio valor declarado à própria Receita Federal, sendo que até mesmo o tributo é pago. É uma forma clara de lavagem de dinheiro”, explicou.
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