O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, falou nesta quinta-feira (7) sobre a relação com o presidente Jair Bolsonaro, o desgaste que o levou à demissão do cargo e a condução das políticas de combate ao novo coronavírus. Mandetta deu entrevista à CNN Brasil 21 dias depois de ter sido demitido do cargo.
Perguntado sobre o exame de Jair Bolsonaro para Covid-19, Mandetta disse que não vê “utilidade” na divulgação do resultado do teste.
“Eu não sei a utilidade. Qual é a utilidade fática? Se for uma coisa só por curiosidade, acho que fica resguardado o direito do paciente. Se tem uma ordem judicial, o presidente deve se relacionar com os advogados, juízes… Isso é uma coisa que diz respeito à Advocacia-Geral da União. […] Não consigo entender no que isso [a divulgação do exame] seria determinante, mas o juiz deve ter suas razões", afirmou.
Questionado sobre as medidas para frear a pandemia, Mandetta disse que a função do Ministério da Saúde é orientar a sociedade com antecedência, antes que o sistema de saúde do local entre em colapso.
"Dar o alerta para a sociedade com antecedência de duas ou três semanas para que medidas possam ser tomadas é a função do Ministério da Saúde. Agora, depois que os casos ocorrem, que Manaus já está do jeito que está, e falar 'acho interessante fazer um lockdown em Manaus', já passou o melhor momento de fazer a chamada de atenção", argumentou.
O ex-ministro evitou criticar o presidente Jair Bolsonaro, e disse apenas que sua demissão foi causada por visões diferentes sobre a pandemia.
“O presidente me deu liberdade para montar minha equipe e nós optamos pela ciência. Mas ele [Bolsonaro] tem que olhar o todo, por isso ele fez essa troca, para alinhar com sua visão da economia”, observou.