Vale Renda leva melhoria de vida a famílias de Porto Murtinho

A vida da murtinhense Célia Fátima Franco, de 45 anos, teve duas reviravoltas nos últimos tempos. A primeira abalou as já difíceis condições de vida da família, quando o marido sofreu um sério acidente e ficou impedido de trabalhar. Antes piloteiro no Rio Paraguai, ele agora não está conseguindo executar o serviço no barco e tenta ajudar no sustento da casa arriscando a sorte em pescaria à beira do rio. Sai toda noite em busca de peixes, que Célia vende no dia seguinte, em casa mesmo, no bairro Salim Cafure. “Mas não é sempre que ele consegue. Tem dias que pega, tem dias que não”, conta Célia.

Ela própria, recém passada por uma cirurgia, ainda não tem condições de executar todos pequenos serviços autônomos que fazia para complementar a renda da família: lavar e passar roupas, fazer faxina. A saúde para o trabalho faz falta, porque o casal sustenta uma filha de 14 anos e três netos, de quatro a cinco anos. “Eu ganhava 10 reais, quinze reais. Às vezes recebia em mantimento”, relata Célia Franco.

A segunda reviravolta aconteceu quando ela e o marido receberam a visita da coordenadora do Vale Renda em Porto Murtinho, avisando que eles haviam sido eleitos para enquadramento no benefício. O programa foi implantado pelo governador André Puccinelli no início deste ano. “Eu tava lavando roupa quando ela chegou. Eu pulei, agradeci a Deus”, lembra Célia, que pretende visitar, em Campo Grande, a imagem de Nossa Senhora de Fátima que os fiéis acreditam jorrar mel. "Eu prometi pra santa, que se entrasse algum dinheiro pra nós eu ia me ajoelhar diante dela".

A família recebe este mês o segundo pagamento do Vale Renda. O do mês passado, foi todo usado para comprar alimento. Na lista de prioridades a partir de agora estão um tênis e uma calça para a filha Lia, que cursa o 8° ano. “O frio tá chegando, e ela precisa disso pra ir pra escola”, preocupa-se a mãe.

A família do garçom Domingos Lírio Ramirez e Rose Maria Cândia também está levando a sério uma das principais exigências para permanência no Programa Vale Renda: a manutenção dos filhos na escola e o cuidado para que eles aprendam e passem de ano. O casal tem cinco filhos, entre cinco e 18 anos. Leandro, de 9, é o principal motivo de orgulho para pai e mãe.

Estudante do quarto ano, ele é o melhor aluno da turma, e “adora Matemática”, conta a sorridente Rose. “Eu não acho difícil, não”, garante o menino todo seguro, contrariando a fama da disciplina que é o terror para muitos estudantes. De mochila nova - que os pais conseguiram comprar com dinheiro do Vale Renda - Leandro está ainda mais animado e quer ser exemplo para os irmãos.

As duas famílias são parte dos 109 primeiros beneficiados do programa social do governo de Mato Grosso do Sul, que receberam oficialmente ontem (18) os cartões para saque do dinheiro. André, a secretária Tania Mara Garib (Assistência Social e Economia Solidária), o prefeito Nelson Cintra Ribeiro e deputados fizeram a entrega simbólica em mãos para 10 mulheres.

As estatísticas, lembrou o governador, mostram que 435 famílias devem integrar o programa no município. “Vamos começar a pagar na seqüência aquelas visitadas nos meses de janeiro e fevereiro”, ele disse. Centenas de beneficiários participaram do encontro com André às margens do Rio Paraguai e ouviram dele uma confissão de felicidade por poder resgatar o benefício social de complementação de renda para famílias carentes. E também a recomendação para que estejam atentos aos “compromissos do cartão”, especialmente o estudo para crianças e adultos. Lia, Leandro, seus pais e mães, estão levando a sério esse pedido.

A cerimônia marcou também o início das obras de recuperação do dique, e contou com as presenças do secretário Edson Giroto (Obras); dos prefeitos José Garibaldi Neto (Bela Vista), Maria Odete Santos (Caracol) e Felipe Orro (Aquidauana); os deputados Waldemir Moka, Zé Teixeira e Reinaldo Azambuja; empresários, e autoridades militares do Exército e da Marinha na região de fronteira.
(Informações do Governo MS)