Você já passou por uma situação que o levou a olhar de forma diferente para a vida? Foi o que aconteceu com a escritora Eudirce, mais conhecida como Isabel Fiorese Internada por causa da covid-19 em 2020 ela chegou a ter 64% do pulmão comprometido por causa da doença, no entanto não deixou de ter fé e acreditar na vida.
Psicóloga de formação, escritora por vocação e poetisa por opção assim se descreve Eudirce Isabel dos Reis Fiorese de 62 anos. Tudo começou cinco anos atrás depois que se aposentou como psicóloga e começou a rascunhar algumas poesias. Segundo ela, as pessoas gostaram, “não consegui parar mais de colocar minhas inspirações no papel”, completa.
A escritora foi acometida pela doença no final de 2020, Eudirce começou a sentir muitas dores de cabeça, no corpo, além de vômito, diarreia e febre alta. Quando testou positivo, ela já estava com 64% do pulmão comprometido.
"Não sabia como seria o amanhã"
Ainda sem o recurso da vacina, ela conta que ficou internada por 10 dias e no hospital via o desespero da equipe de enfermagem, porque todos os dias perdiam pacientes e do cansaço dos profissionais de saúde, que não tinham folga. “Os médicos não me davam nenhum prognóstico, porque cada organismo reagia de forma diferente, então eu não sabia como seria o amanhã”, explica.
A escritora lembra do sofrimento psicológico que passou, isso porque além de presenciar toda a situação naquele ambiente, não podia receber visitas por causa do isolamento imposto pela pandemia. O sofrimento físico também foi muito grande detalha Isabel, ela teve de tomar medicação intravenosa e fazer exames todos os dias. Segundo ela, mesmo diante desse cenário, não teve medo de morrer, a fé em Deus a manteve firme e confiante na vida.
"O livro é uma homenagem aos profissionais de saúde e aos que tombaram nessa guerra"
Ainda no hospital e com a certeza a sobrevivência, registrou através de áudio, tudo que estava sentindo e observando dos profissionais de saúde, o registro resultou no livro GUERRA DAS CENTELHAS, que é um relato histórico da pandemia. “O livro é uma homenagem aos profissionais de saúde e aos que tombaram nessa guerra. Também conta com depoimentos de outros sobreviventes da pandemia”, detalhou.
Quando os sintomas minimizaram, recebeu alta para continuar o tratamento em casa, por conta da alta incidência de infecções hospitalares em pacientes com Covid. O pós-pandemia e esse despertar para uma nova realidade a inspirou a colocar no papel novas ideias. “Passamos a dar importância para coisas que a gente não conseguia enxergar como essenciais na vida, coisas que eram automáticas e agora conseguimos sentir. Olho pela janela e valorizo toda a paisagem que antes era morta, valorizo os sinais que a vida coloca na nossa frente o tempo inteiro e muitas vezes não temos tempo para enxergar”, define a escritora.
Nessa semana a escritora vai lançar um novo livro VERSOS LIVRES. No livro são abordados temas do cotidiano, sentimentos, relacionamentos e tudo que envolve a complexidade do ser humano. Há também crônicas com temas atuais e homenagens a Mato Grosso do Sul e a Campo Grande.
"As poesias traduzem o sentimento muitas vezes inexplicável das criaturas humanas"
Sobre o novo livro, a autora explica que é a forma de escrever a poesia, com liberdade de expressão e sem necessariamente se ligar em técnicas e métricas literárias. “As poesias traduzem o sentimento muitas vezes inexplicável das criaturas humanas, não são sentimentos particulares da minha pessoas, mas de qualquer um em determinados momentos de sua existência”, finaliza.