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Reportagem Especial Domingo, 04 de Julho de 2021, 08:05 - A | A

Domingo, 04 de Julho de 2021, 08h:05 - A | A

Reportagem Especial

Covid-19: “Sensação de solidão é muito triste”, afirma a fisioterapeuta Carmem Lemos

Carmem Lemos foi infectada dias após a segunda dose da vacina contra a covid-19

Elaine Silva
Capital News

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Covid-19: ‘Sensação de solidão é muito triste’, afirma fisioterapeuta Carmem Lemos

Carmem e a família

Mesmo após tomar as duas doses da vacina Astrazeneca, a fisioterapeuta Carmem Lemos de Albuquerque, 42 anos, foi contaminada pela covid-19, dias após tomar a segunda dose. "Para mim foi uma sensação de alívio, porque eu me senti protegida e eu tava com muito medo dessa doença, porque eu sou asmática e eu tinha perdido uma tia e um primo no período de quatro meses, então quando eu tomei a primeira dose foi uma emoção muito grande e com a segunda eu tive nítida sensação de que eu estava protegida e que eu não iria passar por isso. Embora eu seja uma pessoa que muito me preveni, dentro da minha profissão que eu tenho contato com muita gente, usei máscara o tempo todo, só não usava máscara dentro da minha casa. Não ia em festa, em restaurantes muito raramente, então essa questão de sensação de proteção, e de imunidade foi muito gratificante", relatou com exclusividade a reportagem do Capital News.

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Covid-19: ‘Sensação de solidão é muito triste’, afirma fisioterapeuta Carmem Lemos

Familia de Carmem enquanto, ela estava no isolamento dentro do quarto


Porém a sensação de proteção, foi no dia 17 de junho quando começou o primeiro sintoma em Carmem 'a garganta raspando'. "Eu não tive nada mais era só uma garganta mesmo, por conta que tava, eu uso ar condicionado no meu trabalho, tinha dado uma esfriada naquela semana, caído um pouco a temperatura então eu achei que era um resfriado. E, por eu trabalhar descalço, só uso meia para trabalhar o meu estúdio de pilates, eu achei que era uma friagem, e entrei em contato com a Sesau, no disk-covid para poder tá agendando o meu exame. E a pergunta foi, você tem febre? Quais são os sintomas, né? Ai eu disse que era só a garganta raspando, aí ela falou sem febre, sem dores, isso não é um sinal para covid, então tem porque estar agendando o exame. No sábado eu amanheci com o rosto congestionado, como se fosse sinusite e eu achei que fosse um resfriado, porque meus filhos na semana  passada tinham tido um resfriado, então eu procurei a farmácia para poder fazer o teste e deu positivo", relata.

Quando descobriu que estava com a covid-19, Carmem ficou 'sem chão'. "Não acreditei e o medo começou a me consumir no mesmo momento", informou. Mas, logo após descobrir ela já iniciou um tratamento precoce com um médico de Campo Grande."Eu acreditava que a imunizada com a Astrazeneca, eu não iria pegar, então já que eu peguei eu não fiquei esperando a ação da vacina com relação aos sintomas leves. Eu entrei com esse tratamento precoce, e no outro dia no domingo eu já amanheci com nariz totalmente congestionado, como se fosse sinusite mesmo, e a ausência de paladar e a ausência de olfato. E no domingo à tarde já comecei a ter dores de cabeça".

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Covid-19: ‘Sensação de solidão é muito triste’, afirma fisioterapeuta Carmem Lemos

Filho de Carmem durante o isolamento da mãe pelo câmera de segurança


Questionada pela reportagem sobre a maior dificuldade que passou nesse isolamento domiciliar, a fisioterapeuta disse que foi a 'solidão'. "Ao mesmo tempo que eu estava dentro da minha casa, dentro do meu quarto sabendo que minha família estava ali comigo, eu me sentia sozinha e pensava , nessas pessoas que estão no hospital,  e se veem  isoladas longe de casa. A sensação de solidão é muito triste", diz. Porém, não vou somente tristezas nesses dias de isolamento, " a minha maior conquista, foi saber quanto as pessoas se preocupam, se compadecem pelo próximo. Recebi muitas mensagens, muitos agrados, presentes as pessoas traziam lanche para minha casa, traziam água de coco para mim, mesmo sabendo que eu estava com restrição de olfato e paladar, se preocupavam, por eu ser a mãe e mandavam lanches para meus filhos. [...] Essa sensação de você ser importante, ser especial, isso acalenta muito o coração da gente, nesse momento difícil de isolamento".

Antes mesmo de receber a primeira dose da vacina, Carmem já havia passado pelo sentimento de ter familiares com a covid-19, ela perdeu dois parentes para o vírus em um período de quatro meses e também acompanhou o isolamento da mãe que foi contaminada no ano passado. "A minha mãe foi a primeira da família a contrair o covid, foi em novembro do ano passado, ela foi para São Paulo cuidar da minha tia que tinha feito uma cirurgia, e minha tia se contaminou dentro do hospital, e passou para minha mãe. Minha mãe estava em São Paulo, quando saiu o resultado da minha tia, ela veio embora e quando ela chegou em Campo Grande, ela foi diretamente fazer o exame e jpa se manteve isolada, até sair o exame, para gente saber se ela tinha se contaminado ou não. E o resultado foi positivo, e a gente manteve, ela no isolamento e manteve essa rede de apoio, fazer comprar, ligar todo dia para saber se tava bem, monitorar ela durante todo dia, levar comida pronta, e cuidar mesmo, foi mais isso. Ela teve só sintomas leves, mas infelizmente minha tia veio a falecer", relata.

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Após duas doses, fisioterapeta é infectada pela covid-19

Filhos de Carmem na janela, enquanto a mãe estava em isolamento


A fisioterapeuta ainda conta que mesmo após pegar a covid-19 depois de tomar as duas doses, ela acredita 'muito na vacina'. "Eu acredito muito na vacina, eu sou uma mãe que mantive a carteirinha dos meus filhos sempre em dia, eu sempre fui vacinada, e assim acreditei na ciência desde o começo e também acredito que essa imunização, me ajudou a passar sem grandes problemas dessa doença e acredito até a minha prima que teve covid, perdeu a mãe e o marido em quatro meses, ela fala, quando eu conversei com ela, falei que eu estava com muito medo, ela falou Carmem fica tranquila, você está vacinada, seus sintomas são ser menores,  você não vai passar pelo que a gente passou,e foi realmente, não tive comprometimento pulmonar nenhum, fiz a tomografia para poder comprovar isso e meus sintomas foram leves, embora eu tenha feito o tratamento que eles não fizeram, eles não acreditavam, não acreditam no tratamento precoce, não quiseram recorrer a isso. Mas eu creio que a vacina, me ajudou a não ter sintomas graves principalmente comprometimento respiratório e acho que todo mundo tem que se vacinar sim. E assim que liberarem, os meus filhos serão vacinados", diz.

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Após duas doses, fisioterapeta é infectada pela covid-19

Carmem Lemos


Em relação aos cuidados, Carmem diz que vai seguir os mesmos. " Os cuidados vão seguir os mesmos, isolamento social, uso de máscara, álcool, a gente sabe que quem se contamina fica com um janela imunológica, mas ainda não e sabe quanto tempo ela dura e nem se você é capaz de estar conduzindo o vírus e transmitindo ele para outras pessoas, então nada vai mudar em relação a isso. No meu trabalho eu contratei uma empresa de sanitização, para que o retorno das minhas atividades, não comprometesse nenhum dos meus alunos, e mantê até que se descubra o fim dessa doença, se alcance essa questão de imunização para todos". Em relação a dar aulas, ela afirma que vai provar para os alunos que o uso da máscara é essencial. "Eu tenho alguns alunos meus que tem resistência no uso da máscara, mas ali dentro por não ser academia e ser consultorio, todos têm que usa durante a prática do pilates, e agora eu vou ser ainda mais incisiva nessa questão, e provar para que se eu não tivesse usando a mascara, de maneira correta e permitindo que eles também fizessem, eu poderia ter contaminada alguns e isso não aconteceu. Então mantive contato com todos os meus alunos, e eu consegui, assim ter essa paz, essa tranquilidade, de não ter transmitido para nenhum deles", finaliza.

Confira o vídeo de depoimento de Carmem, ao Capital News, após ter vencido a covid-19

 

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