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Reportagem Especial Sábado, 04 de Fevereiro de 2023, 13:48 - A | A

Sábado, 04 de Fevereiro de 2023, 13h:48 - A | A

Reportagem Especial

“Deus tem um propósito para cada um e esse é o meu, ajudar as pessoas”

Pastora trans, que criou igreja inclusiva, conta os desafios até realizar o sonho

Renata Silva
Especial para o Capital News

Acervo pessoal

“Deus tem um propósito para cada um e esse é o meu, ajudar as pessoas”

Luana acredita que Deus tem um propósito para ela que é o de ajudar a pessoas que não se compreendem

Louvores, adoração e muita, mas muita oração era uma das coisas que a Luana mais gostava de fazer desde pequena. Filha de pastores evangélicos, fazia questão de ir à igreja acompanhada dos pais, mas precisou abandonar a ida aos cultos por causa de algumas mudanças que nem ela mesmo entendia.

O gosto pela boneca, ser a menina, nas brincadeiras de casinhas, foram os primeiros sinais que a fizeram não se reconhecer como menino, no entanto a certeza do gênero que a pertencia ela não tinha. Luana conta que foram as pessoas que identificaram a sua sexualidade. “Eu me lembro de falarem para meus pais a seguinte frase: Sua filha é muito estranha”, a partir daí começaram a levá-la a psicólogos.

Acervo pessoal

“Deus tem um propósito para cada um e esse é o meu, ajudar as pessoas”

Um dia de culto na Igreja Inclusiva Morada


Na visão do pai, os especialistas fariam com que ela “deixasse de agir como menina e voltasse a ser menino”, claro! Não funcionou. O tempo passou e sem respostas do porquê dos gostos pelas coisas femininas, que só afloraram, os pais então resolveram expulsá-la de casa.

Com 18 anos, sem família, igreja, Luana conta que viveu momentos difíceis a té se reconhecer com transsexual. Ela fala que por não ter lugar para morar, morou no emprego, e para trabalhar, se vestia de menino, só usava roupa de menina na rua. Além disso, sofreu preconceitos, agressões e precisou até se prostituir para se manter.

Mas a coragem de vencer as adversidades e ser quem ela se reconhecia foi maior Luana Dahra Arruda Ferreira começou a fazer parte da sua vida e há cerca de quatro anos, oficializou o gênero por definitivo, através da certidão de nascimento. Hoje, aos 42 anos é formada em pedagogia e há quase um ano realizou um sonho de fundar a primeira igreja inclusiva em Campo Grande.

Fundada no dia 12 de março do ano passado, a igreja Inclusiva Morada fica no centro da cidade, na rua Maracaju, nº 13. Além da Luana, a igreja é liderada por outros dois pastores. O local tem tudo o que ela vivenciava quando pequena, o louvor, oferta, ministração e oração, a única diferença é que todas as pessoas podem frequentar.

Acervo pessoal

“Deus tem um propósito para cada um e esse é o meu, ajudar as pessoas”

Um dia de culto na Igreja Inclusiva Morada


Luana acredita que Deus tem um propósito para cada pessoa e esse é o propósito dela, ajudar a pessoas que não se compreendem e que não são compreendidas. Atualmente o local é frequentado por cerca de 20 membros entre casais gays, lésbicas, casal transsexual, mas ela garante que o espaço não é dedicado exclusivamente ao público LGBTQIA+. “A igreja é aberta a todos e todas, quem quiser pode participar”, convida.

O Capital News perguntou a ela: Como você enxerga a sociedade atual?

“Eu acho que muita coisa ainda precisa mudar, mas reconheço que muita coisa avançou. Uma pastora trans, nunca passava na cabeça das pessoas, hoje as pessoas não só entendem como respeitam, falo isso porque tenho acesso a muitos evangélicos que demonstram isso. Eu acredito, que com o tempo, conseguimos ganhar esse espaço, acredito que vamos conquistar ainda mais” finalizou.

Serviço:
Igreja Inclusiva Morada
Endereço: Rua Maracaju, nº 13 – centro
Cultos: quintas e domingos às 19 horas

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