"Descobrimos a doença depois de 4 meses do primeiro sintoma"
“Descobrimos a doença depois de 4 meses do primeiro sintoma, que foi dor no corpo. Quando o diagnóstico foi fechado, ele estava desidratado, não se alimentava e também apresentava marcas roxas no corpo e sangramento nasal”, esses detalhes quem lembra é a dona de casa Karina Martinez da Silva de 29 anos mãe do estudante Moisés Martinez da Silva Souza de 8 anos. Ele foi diagnosticado com Leucemia Linfóide aguda no dia 8 fevereiro de 2022, a conclusão chegou depois dela levar o filho a quatro médicos.
A doença é o tipo de câncer mais comum durante a infância. Ocorre quando uma célula de medula óssea desenvolve erros no seu DNA. Os sintomas podem incluir aumento dos gânglios linfáticos, hematomas, febre, dor óssea, sangramento da gengiva e infecções frequentes. Para tratar pode ser necessário quimioterapia ou medicamentos direcionados que eliminam especificamente as células cancerígenas.
A mãe conta que foram momentos difíceis entre saber o que o filho tinha ao tratamento. Ela recorda que assim que chegou no hospital recebeu um bombardeio de informações.
"Meu filho pode morrer?"
Ela fala que veio psicóloga, nutricionista, assistente social, toda a equipe de médicos para tirar as dúvidas sobre a doença. “Esse momento foi o mais tenso de todo o tratamento pra mim. A única coisa que perguntei pra Doutora Thaís foi: Meu filho pode morrer? Ela me explicou todas as possibilidades e naquele momento eu pedi pra Deus força pra cuidar dele”, detalha.
"94% do sangue comprometido com a doença"
Dona Karine fala que passou momentos de altos e baixos, isso porque a cada procedimento o filho sofria muito, mas ela tinha que ser forte para passar segurança para o pequeno. “Ele não entendia o porque tinha que passar por tudo aquilo. Ele entrou numa quimioterapia bem agressiva, porque chegou com alto risco, ou seja, 94% do sangue comprometido com a doença”. Acrescenta.
Na época que a dona Karina descobriu a doença no filho, Moisés participava com os coleguinhas da escola, de um projeto onde ajudava no plantio de horta num Centro de Convivência no bairro. Com o diagnóstico, ele precisou se afastar das atividades presenciais, para não ficar desassistido os professores tiveram a ideia de levar a horta para a casa do Moisés.
A horta foi uma das mais importantes contribuições no tratamento dele. Karine lembra que de forma lúdica, usava a horta para explicar ao filho a doença. “Como uma planta que nasce, precisa ser regada, tratada para depois ser colhida, com você filho, não é diferente. Você está passando por tudo isso agora e logo ficará bem ", recorda.
Quase um ano se passou e essa história rendeu frutos. Em dezembro, o Moisés iniciou a fase de monitoramento da doença, indo somente três vezes ao mês ao médico. Essa semana ele voltou ao projeto cultivando as hortaliças junto com os coleguinhas.
A Karina fala que o Moisés é um "milagre" e que esta fase que estão vivendo é "uma fase ótima" e destaca que hoje pode dizer que está tranquila e que nunca deixou de acreditar na cura.
"Nós aprendemos a valorizar as pequenas coisas sabe, o que realmente importa"
Ela também destaca que o ambiente hospitalar lhe ensinou muito, porque toda semana tem mãe novas lá no hospital e mais uma criança diagnosticada com a doença. “No dia que recebemos a notícia de voltar para casa meu filho pediu macarrão. Nós aprendemos a valorizar as pequenas coisas sabe, o que realmente importa”, finalizou.
Este mês é celebrado o Fevereiro Laranja que tem como objetivo conscientizar a população sobre a prevenção, diagnóstico e combate à leucemia. De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), mais de 3 milhões de pessoas morreram no país por até 18 tipos de câncer.
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O transplante de medula óssea é o pilar do tratamento de boa parte dos casos de leucemia aguda, sendo a única estratégia curativa para alguns subtipos. O procedimento consiste na substituição de uma medula óssea doente ou deficitária por células normais de medula óssea, com o objetivo de reconstituição de uma medula saudável.
A medula óssea pode ser destinada a qualquer pessoa compatível, não apenas membros da família e o retorno às atividades normais são em apenas três dias após a doação no procedimento mais simples.
Como se tornar um doador
Os requisitos para fazer uma doação de medula óssea são: ter entre 18 e 55 anos, estar em bom estado geral de saúde, não ter doenças infecciosas ou incapacitantes, doença neoplásica (câncer), hematológica (do sangue) ou do sistema imunológico.