"Ele já estava com 3 anos e ainda não pronunciava nenhuma palavra, aí comecei a desconfiar"
“Ele já estava com 3 anos e ainda não pronunciava nenhuma palavra, aí comecei a desconfiar”, esse foi o primeiro sinal que fez a Flávia procurar um médico para o filho Giancarlo de 8 anos. O diagnóstico da criança foi certeiro: Autismo leve, notícia que, na época, não foi fácil de aceitar.
O Transtorno do Espectro Autista (TEA), é uma condição caracterizada por comprometimento na comunicação e interação social, associado a padrões de comportamentos restritivos e repetitivos. Os sinais começam na primeira infância e persistem na adolescência e vida adulta. A condição acomete cerca de 1 a 2% da população mundial, com maior prevalência no sexo masculino.
A dona de casa Flávia Flores Arruda Pires tem 39 anos é casada e além do Giancarlo, tem outro filho, o Gustavo que não é autista. Ela conta que a gravidez dos dois foi tranquila e que os primeiros meses de vida deles foram semelhantes à de qualquer outro bebê, mas com o passar dos anos começou a notar algumas diferenças no comportamento do Giancarlo.
Diferente do Gustavo que com três anos de idade interagia, brincava e ensaiava as primeiras palavras, o Giancarlo agia como se fosse uma criança surda e muda,diz a mãe. “Ele não brincava com nenhum brinquedo, chorava desesperadamente por qualquer coisa, por isso levei ao médico”, completou.
"Eu não consegui ouvir mais nada depois da palavra autista"
O primeiro passo foi levá-lo ao pediatra, relembra a dona de casa. De lá, foi encaminhado para uma neurologista e fonoaudiólogo na quarta consulta saiu o diagnóstico do autismo. Flávia fala que, na época, não sabia nada sobre a condição. “Normalmente os médicos falam de uma forma como se estivesse falando que seu filho está com gripe, eu não consegui ouvir mais nada depois da palavra autista”. Destacou.
Flávia lembra que quando o autismo entrou na vida da família foi difícil para todos, mas principalmente para ela, que entrou em depressão. Entre os principais medos, o medo do preconceito, do que o filho poderia passar.
Ela conta que ficou um ano sem vontade de fazer outras coisas a não ser as obrigações diárias. “Não quis passear, não quis mais cuidar de mim. Eu não tinha prazer em fazer nada, até os detalhes, como pintar a unha, pentear os cabelos, passar um creme no corpo, ou seja, me cuidar como mulher”, detalha.
"Me culpava como mãe, me perguntava, o que eu fiz de errado na gravidez? Foi alguma coisa que eu comi? Alguma raiva que passei?"
Ela fala que foram dias se culpando e sem se achar uma boa mãe, que os questionamentos a perturbavam diariamente. “Não entendia o porquê disso, me culpava como mãe, me perguntava, o que eu fiz de errado na gravidez? Foi alguma coisa que eu comi? Alguma raiva que passei?”, contou.
Depois desse ano difícil Flávia conta que se sente privilegiada e que tem um anjo na vida, dela, um ser humano que nunca vai saber ou conseguir ser falso com alguém, nunca vai saber o que é mentira, uma alma pura, define ela. Por causa disso, se tornou uma mãe mais sensível e emotiva, mais do que eu já era, brinca. “Eu encontro forças em minha fragilidade, fazendo da minha dor maior motivação para amar e lutar seguindo em frente. O sorriso dele é minha maior motivação”, completa.
"Ser mãe de um autista é ser forte e frágil ao mesmo tempo"
No entanto, isso não significa que ela não enfrenta desafios diariamente, pelo contrário, são muitos no dia, revela. Ela fala que cuidar de uma criança autista é completamente diferente de lidar com outra criança. “Ser mãe de um autista é ser forte e frágil ao mesmo tempo. Precisei aprender a ser forte por ele porque a vida não me deu outra opção, mas ele é o tesouro mais valioso que Deus me deu”, frisou.
O Giancarlo faz terapia ocupacional todos os dias, ele foi alfabetizado em casa por ela e pela terapeuta. “Ele tem dificuldade de interagir com as pessoas, tem ecolalia, ou seja, não responde o que você pergunta, somente repete o que você falou. Não gosta de brincar com brinquedos, mas ele adora ler livros”, detalhou.
Flávia fala que entender o autismo e ter fé foram fundamentais para aceitar a condição do filho e superar a depressão. Hoje ela aconselha as “mães de primeira viagem” a buscarem forças em Deus porque é a maneira assertiva que encontrou para a caminhada ficar mais leve “Devemos buscar forças em Deus, porque ele precisa de você ao lado dele a cada momento para protegê-lo e amá-lo No momento que você receber um abraço, um beijo ou um sorriso vai ver que vale mais que qualquer coisa” finalizou.
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Elayne Ribeiro 02/05/2023
Parabéns pela reportagem, muito válida, vai ajudar muitas mães. Parabéns Flávia você é uma mãe maravilhosa para eles. Que Deus continue abençoando vocês.
14/04/2023
Q lindo amiga, tinha q ser vc Deus te escolheu pq vc tinha q ser a mãe do Gian,,, pq vc é forte guerreira , Deus sabia teu potencial e empenho para essa linda missão, te admiro mto amiga . Q deus te ilumine e te abençoando sempre . Bjao
Juliana Flores José Prado 12/04/2023
Meus amores Gian nosso príncipe,nós ensina tanto
Valéria Vaz 12/04/2023
Que depoimento lindo ,que reportagem acolhedora e muito importante .. Flavinha e uma pessoa incrível .. Uma mãe e mulher lutando e colocando Deus em frente as dificuldades ..
4 comentários