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Reportagem Especial Sábado, 08 de Abril de 2023, 13:46 - A | A

Sábado, 08 de Abril de 2023, 13h:46 - A | A

Reportagem Especial

O impacto do diagnóstico

Mãe fala que entender o autismo e ter fé foram fundamentais para aceitar a condição do filho e superar a depressão

Renata Silva
Especial para o Capital News

Acervo pessoal

O impacto do diagnóstico

Flávia conta que se sente privilegiada e que tem um anjo na vida, dela

"Ele já estava com 3 anos e ainda não pronunciava nenhuma palavra, aí comecei a desconfiar"

“Ele já estava com 3 anos e ainda não pronunciava nenhuma palavra, aí comecei a desconfiar”, esse foi o primeiro sinal que fez a Flávia procurar um médico para o filho Giancarlo de 8 anos. O diagnóstico da criança foi certeiro: Autismo leve, notícia que, na época, não foi fácil de aceitar.

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O impacto do diagnóstico

Giancarlo, 8 anos


O Transtorno do Espectro Autista (TEA), é uma condição caracterizada por comprometimento na comunicação e interação social, associado a padrões de comportamentos restritivos e repetitivos. Os sinais começam na primeira infância e persistem na adolescência e vida adulta. A condição acomete cerca de 1 a 2% da população mundial, com maior prevalência no sexo masculino.

A dona de casa Flávia Flores Arruda Pires tem 39 anos é casada e além do Giancarlo, tem outro filho, o Gustavo que não é autista. Ela conta que a gravidez dos dois foi tranquila e que os primeiros meses de vida deles foram semelhantes à de qualquer outro bebê, mas com o passar dos anos começou a notar algumas diferenças no comportamento do Giancarlo.

Diferente do Gustavo que com três anos de idade interagia, brincava e ensaiava as primeiras palavras, o Giancarlo agia como se fosse uma criança surda e muda,diz a mãe. “Ele não brincava com nenhum brinquedo, chorava desesperadamente por qualquer coisa, por isso levei ao médico”, completou.

"Eu não consegui ouvir mais nada depois da palavra autista"


O primeiro passo foi levá-lo ao pediatra, relembra a dona de casa. De lá, foi encaminhado para uma neurologista e fonoaudiólogo na quarta consulta saiu o diagnóstico do autismo. Flávia fala que, na época, não sabia nada sobre a condição. “Normalmente os médicos falam de uma forma como se estivesse falando que seu filho está com gripe, eu não consegui ouvir mais nada depois da palavra autista”. Destacou.

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O impacto do diagnóstico

Ser mãe de um autista é ser forte e frágil ao mesmo tempo, revela Flávia


Flávia lembra que quando o autismo entrou na vida da família foi difícil para todos, mas principalmente para ela, que entrou em depressão. Entre os principais medos, o medo do preconceito, do que o filho poderia passar.

Ela conta que ficou um ano sem vontade de fazer outras coisas a não ser as obrigações diárias. “Não quis passear, não quis mais cuidar de mim. Eu não tinha prazer em fazer nada, até os detalhes, como pintar a unha, pentear os cabelos, passar um creme no corpo, ou seja, me cuidar como mulher”, detalha.

"Me culpava como mãe, me perguntava, o que eu fiz de errado na gravidez? Foi alguma coisa que eu comi? Alguma raiva que passei?"


Ela fala que foram dias se culpando e sem se achar uma boa mãe, que os questionamentos a perturbavam diariamente. “Não entendia o porquê disso, me culpava como mãe, me perguntava, o que eu fiz de errado na gravidez? Foi alguma coisa que eu comi? Alguma raiva que passei?”, contou.

Depois desse ano difícil Flávia conta que se sente privilegiada e que tem um anjo na vida, dela, um ser humano que nunca vai saber ou conseguir ser falso com alguém, nunca vai saber o que é mentira, uma alma pura, define ela. Por causa disso, se tornou uma mãe mais sensível e emotiva, mais do que eu já era, brinca. “Eu encontro forças em minha fragilidade, fazendo da minha dor maior motivação para amar e lutar seguindo em frente. O sorriso dele é minha maior motivação”, completa.

"Ser mãe de um autista é ser forte e frágil ao mesmo tempo"


No entanto, isso não significa que ela não enfrenta desafios diariamente, pelo contrário, são muitos no dia, revela. Ela fala que cuidar de uma criança autista é completamente diferente de lidar com outra criança. “Ser mãe de um autista é ser forte e frágil ao mesmo tempo. Precisei aprender a ser forte por ele porque a vida não me deu outra opção, mas ele é o tesouro mais valioso que Deus me deu”, frisou.

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O impacto do diagnóstico

Passeando com o filho no shopping


O Giancarlo faz terapia ocupacional todos os dias, ele foi alfabetizado em casa por ela e pela terapeuta. “Ele tem dificuldade de interagir com as pessoas, tem ecolalia, ou seja, não responde o que você pergunta, somente repete o que você falou. Não gosta de brincar com brinquedos, mas ele adora ler livros”, detalhou.

Flávia fala que entender o autismo e ter fé foram fundamentais para aceitar a condição do filho e superar a depressão. Hoje ela aconselha as “mães de primeira viagem” a buscarem forças em Deus porque é a maneira assertiva que encontrou para a caminhada ficar mais leve “Devemos buscar forças em Deus, porque ele precisa de você ao lado dele a cada momento para protegê-lo e amá-lo No momento que você receber um abraço, um beijo ou um sorriso vai ver que vale mais que qualquer coisa” finalizou.

 

• Leia também:
Entrevista | Abril Azul: Mês de Conscientização sobre o Autismo

 

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O Giancarlo é o tesouro mais valioso que Deus me deu, frisou Flavia

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Elayne Ribeiro 02/05/2023

Parabéns pela reportagem, muito válida, vai ajudar muitas mães. Parabéns Flávia você é uma mãe maravilhosa para eles. Que Deus continue abençoando vocês.

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14/04/2023

Q lindo amiga, tinha q ser vc Deus te escolheu pq vc tinha q ser a mãe do Gian,,, pq vc é forte guerreira , Deus sabia teu potencial e empenho para essa linda missão, te admiro mto amiga . Q deus te ilumine e te abençoando sempre . Bjao

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Juliana Flores José Prado 12/04/2023

Meus amores Gian nosso príncipe,nós ensina tanto

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Valéria Vaz 12/04/2023

Que depoimento lindo ,que reportagem acolhedora e muito importante .. Flavinha e uma pessoa incrível .. Uma mãe e mulher lutando e colocando Deus em frente as dificuldades ..

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4 comentários

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