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2024 Quarta-feira, 01 de Janeiro de 2025, 08:00 - A | A

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Retrospectiva 2024

Pantanal em chamas: Incêndio na Serra do Amolar mobiliza forças e alerta sobre a preservação ambiental

Mais de 4 mil hectares foram consumidos pelas chamas só no começo do ano, destacando desafios e esforços no combate ao fogo

Vivianne Nunes
Capital News

 Retrospectiva 2024

Joédson Alves/Agência Brasil

Incêndio no Pantanal tem cenário de animais em fuga e muita ventania

Poconé (MT) 17/11/2023 – Brigadistas do ICMBIO durante combate ao incêndio florestal que atinge o Parque Nacional do Pantanal Mato-Grossense

O início de 2024 trouxe uma tragédia ambiental para o Pantanal, com um incêndio de grandes proporções na região da Serra do Amolar. As chamas, que começaram em 27 de janeiro, consumiram mais de 4 mil hectares de vegetação nativa, destacando a fragilidade do bioma e a importância da ação coordenada para preservar o patrimônio ambiental.

A operação para conter o incêndio mobilizou 18 bombeiros militares, brigadistas do Instituto do Homem Pantaneiro (IHP) e a Polícia Militar Ambiental (PMA). O combate envolveu logística fluvial, aérea e terrestre, sendo a utilização de aeronaves "air tractor" fundamental para conter os focos de difícil acesso em áreas alagadas e de solo de turfa.

“Recentemente adquirimos duas aeronaves que têm sido fundamentais em operações como esta. Elas auxiliam no combate aéreo e no posicionamento estratégico de nossas equipes”, afirmou a tenente-coronel Tatiane Inoue, diretora de Proteção Ambiental do Corpo de Bombeiros.

Apesar dos esforços, as condições de terreno e a fumaça dificultaram o trabalho, prolongando a ação por cerca de dez dias até que o fogo fosse controlado.

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Responsabilização e recuperação ambiental

Divulgação/Governo de MS

Incêndio na Serra do Amolar é controlado e PMA multa empresário em mais de R$ 9,6 milhões

Incêndio na Serra do Amolar

Após investigações da PMA, foi identificado que o incêndio teve origem em uma ação de um empresário que tentou limpar vegetação flutuante (baceiro) na região. Ele foi autuado administrativamente e multado em R$ 9,6 milhões.

Para ajudar na recuperação da área, o Recanto Ecológico Rio da Prata doou 580 mudas de plantas frutíferas, como amora, mamão e araçá, que serão plantadas na Serra do Amolar, buscando revitalizar o ecossistema impactado.

O Pantanal, um dos maiores biomas do mundo, exige atenção contínua e um compromisso conjunto entre governo, sociedade e iniciativa privada para garantir sua preservação para as futuras gerações.

Focos de incêndio no Pantanal e em Naviraí demandam resposta rápida

A temporada de incêndios florestais trouxe desafios significativos para Mato Grosso do Sul, com focos ativos tanto no Pantanal quanto em municípios do interior. Condições climáticas adversas, como altas temperaturas, baixa umidade do ar e ventos fortes, intensificaram a propagação das chamas, exigindo esforço conjunto das equipes do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul (CBMMS).

No Pantanal, equipes monitoram e combatem os incêndios no Parque Nacional do Pantanal mato-grossense e em áreas como a Passo do Lontra, próxima à UFMS. Em Naviraí, as ações incluem o uso de aeronaves para lançar mais de 34 mil litros de água e o acompanhamento direto nas regiões afetadas, como assentamentos e a BR-487.

Ações de combate e prevenção

Desde o início de abril, o CBMMS intensificou suas ações preventivas e de combate. Foram realizadas mais de 470 intervenções, incluindo formação de brigadas, aceiros, resgates de animais e orientações em escolas e comunidades locais. Além disso, o Grupamento de Operações Aéreas desempenhou um papel crucial, especialmente no combate ao incêndio de 300 hectares em Naviraí.

Em Porto Murtinho e Costa Rica, equipes do CBMMS visitam propriedades rurais para reforçar medidas de prevenção e destacar a importância da colaboração entre produtores e o poder público na mitigação de incêndios.

Esforço conjunto para preservar o bioma

Com 37 bombeiros militares dedicados exclusivamente ao combate aos incêndios florestais, o CBMMS tem atuado de forma estratégica para minimizar os danos. A sala de situação do comando de incidentes, localizada em Campo Grande, coordena as operações, utilizando tecnologias de monitoramento para identificar focos e direcionar recursos de maneira eficaz.

Além de combater as chamas, o Corpo de Bombeiros investe em ações educativas e preventivas, como orientações para mais de mil crianças e adolescentes, reforçando a conscientização sobre os riscos e a importância de preservar o bioma pantaneiro.

A luta pela preservação contínua

Divulgação/CBMMS

Bombeiros atuam em combate às chamas no Pantanal e em Naviraí

Incêndio em Naviraí

As ações no Pantanal e em Naviraí demonstram o comprometimento das autoridades locais com a proteção ambiental. Embora os desafios sejam enormes, o trabalho coordenado e a união entre sociedade e governo oferecem uma resposta contundente às ameaças que colocam em risco a riqueza natural de Mato Grosso do Sul. A temporada de incêndios é uma prova de que, juntos, é possível enfrentar adversidades e preservar o patrimônio ambiental para as futuras gerações.

Com mais de 135 mil hectares devastados apenas nos primeiros 13 dias de junho, o cenário destacou a gravidade da seca extrema, temperaturas elevadas e ventos fortes que favoreceram a propagação das chamas.

O Laboratório de Aplicação de Satélites Ambientais (Lasa) da UFRJ revelou números alarmantes: no dia 13 de junho, as chamas consumiram 44.100 hectares, o equivalente a 30,6 hectares por minuto. Desde o início do ano, os incêndios afetaram 296 mil hectares, mais de 3% do bioma no estado, ressaltando a magnitude do problema.

Força Nacional e Bombeiros em ação

Divulgação

Incêndios: bombeiros da Força Nacional estão a caminho do Pantanal

Militares da Força Nacional

Em resposta à crise, a Força Nacional deslocou 82 militares ao Pantanal, somando esforços com bombeiros estaduais, PrevFogo e forças militares. A atuação combinada, que incluiu cinco aeronaves Air Tractor e dois helicópteros, permitiu o combate às chamas em áreas de difícil acesso, como o entorno do Abobral, Maracangalha e a BR-262.

Além das ações emergenciais, bases avançadas foram estrategicamente posicionadas para responder rapidamente aos focos de incêndio. A diretora de Proteção Ambiental do Corpo de Bombeiros, tenente-coronel Tatiane Inoue, destacou que a proximidade das operações tem evitado que incêndios pequenos se transformem em catástrofes de larga escala.

Impacto no bioma e na população

Divulgação/CBMMS

Bombeiros combatem incêndios no Pantanal e evitam destruição de moradias e pontes

Bombeiros de MS atuam para preservar pontes na Estrada Parque no Pantanal

Os incêndios não apenas destruíram vegetação nativa, mas também ameaçaram moradias e infraestrutura essencial. Na Estrada Parque, bombeiros atuaram para proteger três pontes, evitando sua destruição total. Em outra operação, uma família ribeirinha foi resgatada após sua casa ser cercada pelas chamas.

A situação em Corumbá, epicentro do problema, refletiu a urgência de medidas mais abrangentes. A mobilização do Comando Militar do Oeste e o suporte do governo federal foram essenciais, mas ainda insuficientes diante da extensão dos danos.

Desafios e soluções

O cenário de 2024 foi agravado pela ausência de cheias, que historicamente atuam como barreiras naturais contra o fogo. Em paralelo, o governo estadual intensificou ações preventivas, como campanhas educativas, formação de brigadas e monitoramento constante.

A operação integrada, que envolveu mais de 100 militares em 78 dias de combate, reforça a necessidade de estratégias contínuas para proteger o Pantanal. A ampliação de recursos, aquisição de equipamentos como aeronaves de combate a incêndio, e uma maior colaboração entre estados e países vizinhos são cruciais para mitigar os impactos das queimadas.

O Pantanal em resistência

Joédson Alves/Agência Brasil

Mato Grosso do Sul e Mato Grosso decretam estado de emergência diante das queimadas no Pantanal

Brigadistas do ICMBIO combatem fogo nas margens do rio Cuibá onde se ver o incêndio já do lado do Mato Grosso do Sul (MS)

Embora os desafios enfrentados em 2024 tenham sido intensos, o esforço conjunto de autoridades, organizações ambientais e a comunidade local representa a resiliência necessária para preservar o Pantanal. Com as chuvas ainda distantes e o bioma em constante risco, o compromisso de todos é essencial para garantir que essa riqueza natural sobreviva para as próximas gerações.

Apoio aéreo e esforços multilaterais

Bruno Rezende/Portal MS

Pantanal: Corpo de Bombeiros usa tecnologia para combater as chamas

Estado está recebendo ajuda federal para combater o fogo

As ações contaram com o suporte das aeronaves Air Tractor, que lançaram água em áreas de difícil acesso. Em paralelo, o monitoramento por drones foi essencial para mapear focos de calor e direcionar as equipes de combate. Em regiões como Nhecolândia e Taquari, proprietários rurais têm colaborado com maquinários e pessoal para evitar que o fogo se alastre para outras áreas.

No Forte Coimbra, a parceria entre o Exército e os bombeiros conseguiu extinguir um foco significativo. Já na fronteira com a Bolívia, equipes monitoraram um incêndio de 600 metros de extensão, impedindo que avance para o território brasileiro.

Bases avançadas e prevenção

Desde maio, bases avançadas foram instaladas em pontos estratégicos do Pantanal para garantir maior agilidade no combate aos incêndios. Essas estruturas foram fundamentais para reduzir o tempo de resposta e fornecer suporte logístico às equipes em locais remotos, como na divisa com o Mato Grosso e na fronteira boliviana.

A diretora de Proteção Ambiental do Corpo de Bombeiros, tenente-coronel Tatiane Inoue, destacou a importância das bases: “Estar próximo aos focos é essencial para atuar de forma eficaz. Essa estratégia tem evitado que incêndios localizados se tornem grandes desastres ambientais.”

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Focos de incêndio aumentam 37,6% em Mato Grosso do Sul, desafiando equipes de combate e proteção ambiental
Aumento de incêndios no Pantanal e Mato Grosso do Sul em 2024

Divulgação

Mato Grosso do Sul recebe R$ 13,4 mil para ações de enfrentamento aos incêndios no Pantanal

Recurso é destinado a atender todos os órgãos estaduais, que estejam envolvidos no combate ao fogo no bioma

O Pantanal sul-mato-grossense enfrentou uma das temporadas mais intensas de incêndios florestais dos últimos anos. Até agosto, os registros no estado aumentaram 37,6% em relação ao mesmo período de 2023, somando 3.397 ocorrências, segundo o Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul (CBMMS).

Com condições climáticas severas — temperaturas elevadas, baixa umidade e ventos fortes — o bioma sofreu danos irreversíveis. Desde janeiro, cerca de 900 mil hectares foram consumidos pelo fogo, representando 6% do território pantaneiro.

O desafio do combate ao fogo

A Brigada Alto Pantanal, em conjunto com o Prevfogo/Ibama e proprietários locais, atuaram no combate a incêndios que se alastraram pela fronteira entre Brasil e Bolívia. A Serra do Amolar foi um dos focos mais críticos, onde o fogo avançou devido aos ventos de 16 km/h. Em outra frente, incêndios devastaram 333 mil hectares em Corumbá, resultando na maior multa já aplicada pelo Ibama — R$ 100 milhões a uma única propriedade rural.

No combate diário, as equipes enfrentaram desafios de logística e acesso. Operações aéreas, com aeronaves Air Tractor e drones, têm sido essenciais para conter as chamas em áreas remotas. Já no solo, ações coordenadas com a Marinha e o Exército buscaram proteger residências e infraestruturas, como pontes e sistemas de monitoramento.

Impactos ambientais e econômicos

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Onças-pintadas morrem por conta do fogo no Pantanal

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Os incêndios não apenas destroiram a vegetação nativa, mas também causaram a morte de animais silvestres, comprometendo a biodiversidade e o equilíbrio do ecossistema. Além disso, as emissões de fumaça agravaram as mudanças climáticas e prejudicaram a saúde das comunidades locais.

A crise hídrica, causada pela estiagem prolongada, ameaçou a navegabilidade do Rio Paraguai, essencial para o transporte de mercadorias como soja e minério de ferro. Segundo o secretário Jaime Verruck, o governo estadual monitorou de perto a situação, preocupando-se com o desabastecimento de água e o impacto econômico na região.

Ações e perspectivas

A instalação de bases avançadas no Pantanal foi uma das estratégias adotadas em 2024 para agilizar o combate ao fogo. Essas bases, localizadas em áreas estratégicas, permitiram resposta rápida e eficaz.

Embora os desafios sejam imensos, o trabalho integrado entre forças de segurança, brigadas voluntárias e proprietários rurais demonstraram a importância da união para proteger um dos biomas mais valiosos do planeta. O compromisso das autoridades e da sociedade é fundamental para mitigar os danos e garantir a preservação do Pantanal para as próximas gerações.

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Voluntários enfrentam desafios para prestar assistência a comunidades e animais impactados pelos incêndios no Pantanal

Enquanto o Pantanal enfrentava uma das maiores crises ambientais recentes, uma equipe de profissionais de saúde e voluntários, apoiada pelo Instituto Homem Pantaneiro (IHP), atuava incansavelmente para prestar assistência às comunidades mais vulneráveis. Desde 11 de outubro, médicos, enfermeiros, psicólogos e veterinários se deslocaram em embarcações para oferecer suporte em áreas isoladas e gravemente afetadas pelos incêndios florestais.

As comunidades indígenas Barra do São Lourenço e Aterro Binega, além de moradores ribeirinhos na região do Rio São Lourenço, foram os principais beneficiários dessa missão. Os voluntários enfrentaram condições extremas, com rios de níveis baixos e fumaça tóxica persistente, que agravam problemas respiratórios e emocionais na população local.

Atendimento médico e psicológico em meio à crise

Divulgação/Defesa Civil

Ação humanitária da Defesa Civil do Mato Grosso do Sul leva assistência a famílias no Pantanal

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Isabelle Bueno, coordenadora do IHP, destacou a importância do trabalho: “Essas pessoas vivem situações de risco constante e isolamento. Muitos não conseguem acessar suporte médico devido ao alto custo e à distância. Nossa presença aqui é essencial para aliviar essa pressão”.

Entre os problemas de saúde mais frequentes estão hipertensão, doenças respiratórias agravadas pela fumaça e questões emocionais, como estresse e ansiedade. A inclusão de uma psicóloga na equipe tem sido fundamental para atender essas necessidades.

Além do atendimento humano, os voluntários levaram medicamentos e trataram animais domésticos, frequentemente esquecidos em situações de calamidade ambiental.

Resgate e conservação da fauna e flora

Álvaro Rezende/Portal MS

Onça-pintada Miranda volta ao Pantanal

Onça-pintada Miranda volta ao Pantanal

O impacto ambiental dos incêndios também foi sentido por animais silvestres, como as onças-pintadas Miranda e Antã, tratadas no Hospital Veterinário Ayty. Ambas passaram por procedimentos médicos recentes para recuperar-se de queimaduras e problemas respiratórios causados pelas queimadas.

A Brigada Alto Pantanal e equipes do Prevfogo/Ibama continuam combatendo focos ativos em áreas de difícil acesso, enquanto voluntários do IHP monitoram locais vulneráveis e oferecem suporte às comunidades locais.

Solidariedade em meio ao caos

O presidente do IHP, Ângelo Rabelo, enfatizou a gravidade da situação e a dedicação dos voluntários: “Essa é uma emergência de saúde pública. A persistência da fumaça tóxica e a falta de chuvas pioram a condição das pessoas e do ambiente. Precisamos de todo apoio possível para mitigar os efeitos dessa crise”.

Com mais de 900 mil hectares queimados desde janeiro, o Pantanal enfrentou desafios imensos. Porém, iniciativas como as do IHP demonstraram o poder da união e da solidariedade.

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