Campo Grande Terça-feira, 23 de Abril de 2024


Rural Terça-feira, 14 de Abril de 2020, 17:25 - A | A

Terça-feira, 14 de Abril de 2020, 17h:25 - A | A

Rural

Soja pode avançar mais de 18 milhões de hectares pelo Cerrado

Estudo aponta que aproveitando áreas de pastagens a região pode ampliar produção de soja sem desmatar

Hélder Rafael
Capital News

Semagro/Divulgação

Colheita de soja atinge 82,6% da área plantada em MS

 

De uma lado uma produção de soja na casa de 122 milhões de toneladas na safra 19/20, um avanço de 6,1% frente a safra passada, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). De outro a necessidade de mais terra produtiva em contraponto a uma produção que não fere a biodiversidade e não desmata. É possível?

 

Um estudo conduzido pela organização ambiental The Nature Conservancy (TNC) mostra que há uma área de 18,5 milhões de hectares de pastagens subutilizadas no Cerrado, com potencial agrícola. O total é suficiente para ampliar a produção da oleaginosa por mais dez anos sem desmatar nada. Hoje a necessidade seria de aproximadamente 7,3 milhões de hectares para a expansão na década. 

 

Os dados ajudam a indicar uma alternativa para o problema do desmatamento avaliado no estudo: 38% da produção (cerca de 3,65 milhões de hectares) de soja colhida no Cerrado no ciclo 2016/2017 estava em terras cobertas por vegetação nativa em 1999, enquanto a área de produção do grão aumentou no total 9,6 milhões hectares - ou 128% - entre 2000 e 2017.

 

Mais produção, maior valor agregado

O relatório aponta que a utilização de instrumentos financeiros podem ser usados para melhorar os retornos da produção de soja realizada em pastagens arrendadas ou adquiridas. Produtos financeiros, como financiamentos com prazos mais longos e custos mais interessantes para os produtores, podem ajudar a mudar a forma da expansão em favor dos modelos sem conversão de vegetação nativa e servir como complementos à crescente demanda do mercado por produtos mais sustentáveis. O modelo, então, estimula o financiamento para a aquisição e conversão de pastagens, em detrimento da aquisição de áreas preservadas.

 

Além disso a ideia é potencializar a produção brasileira e gerar produtos de valor sustentável, de maior valor agregado, preservando o meio ambiente sem interferir na produção agrícola. O estudo conclui ainda que a expansão da soja em terras de pasto já existentes possui menor custo e maior produtividade do que a conversão de áreas de vegetação nativa em cultivo - já que é três vezes mais rápido atingir rendimentos máximos de colheitas em terras de pastagens já convertidas. Ainda aponta uma combinação de ações para apoiar o desenvolvimento da pecuária, utilizando as áreas que não são ideais para a produção de grãos. 

Comente esta notícia


Reportagem Especial LEIA MAIS