A Suzano, maior produtora mundial de celulose, está utilizando joaninhas como aliadas no combate a pragas nas florestas de eucalipto. Pela primeira vez no Brasil, a técnica de controle biológico com a espécie Olla v-nigrum foi aplicada em larga escala nas plantações da companhia nos estados de São Paulo, Maranhão e Mato Grosso do Sul, cobrindo 57 mil hectares somente em 2023.
A iniciativa, desenvolvida em parceria com a FCA-Unesp, Embrapa Florestas e Universidade Federal de Viçosa, promoveu uma economia de mais de R$ 3 milhões à companhia com a redução do uso de defensivos químicos — mais de 17 mil quilos deixaram de ser aplicados apenas em 2024.
Segundo o pesquisador Maurício Magalhães Domingues, responsável pelo projeto na Unidade Florestal de Três Lagoas (MS), a adoção da joaninha como predadora do psilídeo-de-concha (Glycaspis brimblecombei), uma das pragas mais nocivas ao eucalipto, foi possível após dois anos de estudo em ambiente controlado que simulava as condições da floresta.
“As joaninhas foram analisadas quanto à resistência térmica, comportamento reprodutivo e eficácia predatória. A técnica mostrou que é possível equilibrar produtividade e conservação ambiental ao utilizar a própria biodiversidade como solução de manejo”, explica o especialista.
A liberação em campo é feita de forma estratégica, respeitando as condições ideais de temperatura e umidade. Só em 2024, 210 mil joaninhas foram soltas, sem risco de desequilíbrio ecológico, já que a sobrevivência do inseto depende diretamente da presença da praga.
Embora seja pioneiro no Brasil, o controle biológico com joaninhas já é adotado com sucesso em países como os Estados Unidos. Para a Suzano, a prática reforça o compromisso com a sustentabilidade, inovação e geração de valor para o setor florestal.