O alto preço praticado pelos estabelecimentos em relação ao custo da carne deve-se a escassez do produto para abate, conseqüência sentida atualmente em resposta ao abate excessivo de fêmeas ocorrido há três anos.
Enquanto o valor da arroba do boi pago ao produtor aumentou em 5,95% no Estado, a carne que chega ao consumidor encareceu cerca de 20%. E isso não deve mudar tão cedo, conforme explica Antenor Nogueria, presidente do Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária no Brasil (CNA). "Mesmo que a variação na oferta de gado seja cíclica, serão necessários outros quatro ou cinco anos para recuperar patamares já atingidos na reserva de gado. O rebanho nacional, que chegou a cerca de 206 milhões de cabeças há cinco anos, fica hoje em torno de 180 milhões de cabeças. O percentual de abate de fêmeas chegou a 47% há cinco anos, sendo que atualmente fica em torno de 27%", calcula.
O que chega ao consumidor é que o produtor está segurando o gado no pasto, mas o médico veterinário de Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-MS), Horácio Tinoco, mostra que não é bem assim, pois fica difícil manter o gado com pasto seco. “O produtor rural faz a conta sobre a viabilidade de deixar o gado confinado durante a estiagem, que normalmente dura de três a quatro meses. Se ele entende que não compensa, não confina", assegura.
Um estudo feito pela Associação Nacional dos Confinadores (Assocon) em julho desse ano, revelou que a retração no rebanho confinado em 2010 deverá ficar em 8,8% se comparado a 2009. A queda é mais acentuada do que os 5,8% levantados pela entidade em pesquisa anterior.
Adriana Mascarenhas, assessora técnica da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), aponta que existem outros fatores que contribuem para a defasagem da oferta, como o aumento no consumo de carne devido à recuperação da economia e o aumento nas exportações. Para ela, o quadro pode piorar se confirmadas as previsões de estiagem prolongada no segundo semestre, conseqüência do fenômeno La Ninã. "Por aí se percebe que o argumento de segurar boi no pasto não procede. Simplesmente porque não há pasto", enfatizou.(Com informações da Famasul)
Por: Ângelo Smaniotto - (www.capitalnews.com.br)