“Pura ignorância”. Essa é a definição de casos como da moradora do bairro Jardim das Hortências, em Campo Grande, acusada de acorrentar seus filhos, de 10 e 12 anos, ao sair para trabalhar. Segundo o juiz da Vara da Infância, Juventude e Idoso, Carlos Garcete de Almeida, por ele já passaram três processos parecidos, no pouco mais de um ano e meio de atuação no local e em todos resta evidente a carência dos genitores.
Nos casos analisados pelo magistrado, os pais não tinham a intenção de agredir os menores ou mesmo de mantê-los em cárcere privado. Ao sair para trabalhar não têm com quem deixar os filhos e os deixam trancados em casa. Atos que podem até parecer uma proteção contra a vizinhança perigosa, mas para a Justiça é uma proteção às avessas e é necessário orientação por meio de medidas de proteção e acompanhamento psicossocial.
Uma realidade que se repete. Garcete se recorda que, quando era juiz na comarca de Dourados, também teve casos parecidos, como o de uma mãe que amarrava o filho com deficiência mental no quintal de casa para poder trabalhar.
Segundo entrevistas do pai das crianças de 10 e 12 anos, a mãe não agredia os filhos, no entanto os deixava acorrentados para ir trabalhar no setor de limpeza do HU (Hospital Universitário). (TJ/MS)