O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu voto para o candidato de seu partido, o PT, ao governo do Estado, José Orcírio Miranda dos Santos (o Zeca). No comício realizado na noite dessa terça-feira na Avenida Fernando Corrêa da Costa, no centro de Campo Grande, ele disse que se ele fosse eleito, seria a continuidade do projeto de sua legenda “dando certo” em Mato Grosso do Sul.
Zeca afirmou durante discurso que aquela era uma “noite mágica” e lembrou da dificuldade que teve para impor sua candidatura dentro do PT e dos partidos aliados, já que, nacionalmente, o PMDB de André Puccinelli – que tenta a reeleição no Estado – é parceiro do PT com Michel Temer, presidente nacional da legenda, como vice dela. “Eu insisti que nós devíamos ter candidatura. E esta noite mágica prova que eu estava correto. Doze anos atrás, neste mesmo lugar, nós iniciamos um grande projeto de mudança do Mato Grosso do Sul. (...) Oito anos depois, ousamos, construímos, erramos. Porque é da natureza humana errar. Quem não erra é o criador disso aqui tudo, é Deus. (...) Estamos aqui, não mais com projeto de mudança, mas de projeto de respeito.”
Zeca fez discurso falando em respeito
Foto: Deurico/Capital News
Dilma o seguiu em tom parecido. Assim como Zeca havia citado antes, ela também falou da lua cheia sobre a Capital. Sobre o discurso de Zeca, ela disse que: “Acabou de fazer, talvez, um dos discursos mais autênticos. Do fundo da alma dele.”
Dilma afirma que muleres estão preparadas para governar
Foto: Deurico/Capital News
Sob lua cheia em céu límpido, Lula começou o discurso cumprimentando sua mulher Marisa Letícia. O evento foi transmitido ao vivo via internet e ele disse que ela estaria assistindo. “Eu ‘tava’ com medo aqui porque o Zeca falou da lua. A Dilma falou da lua. E, eu pensei, quando eu for falar, cadê a lua? Mas, ela ‘tá’ ali. E, certamente, a dona Marisa está lá em São Bernardo (do Campo – SP), vendo o baianinho dela aqui em Campo Grande olhando a lua cheia e pensando nela.”
“O Zeca ‘tava’ numa noite inspirada. Eu acho que não é todo dia que um orador consegue traduzir o seus sentimentos em palavras. É uma coisa profunda que, em qualquer arte que for praticar é preciso que tenha muita vontade e esteja com o coração embelecido do que ele ‘tá’ sentindo. E eu não sei se é uma noite mágica, mas é uma noite gratificante. Primeiro, certamente, se fosse mágica, eu poderia estar pescando pintado no Pantanal e não com o microfone na boca”, começou.
Mas, logo em seguida no palanque, disparou contra o que chamou de utilização de obras do governo federal sem crédito, segundo ele. “Não vou falar mal de ninguém. Eu queria apenas retratar com fidelidade as coisas que estão acontecendo neste país. Porque eu aprendi desde muito pequeno, de uma mãe analfabeta, de que caráter não tem nada a ver com educação. Não tem nada a ver com escola, de que respeito é bom, a gente gosta de dar e gosta de receber e que ser verdadeiro é melhor ainda a gente ter coragem de olhar no olho de uma pessoa e saber se a pessoas está sendo honesta contigo ou não está sendo honesta contigo. E eu queria ser muito objetivo e muito sincero. Eu e essa mulher [segura Dilma] viemos aqui em Campo Grande lançar o PAC [Programa de Aceleração do Crescimento], não faz muito tempo, e quando eu cheguei aqui nesta capital, jornais desta cidade estavam dizendo que quem governava o Estado de Mato Grosso do Sul era o Lula porque o governador não governava o Estado. Não era o Lula que falava, eram os jornais daqui, não sei se amigo ou inimigo do governador, que falavam que quem governava o Estado era o Lula. Eu lembro como se fosse hoje, na hora que o governador foi chamado para fazer uso da palavra, ele contou esse caso dos jornais e me chamou de pai Lula e chamou a Dilma de fada madrinha do Estado de Mato Grosso do Sul. Não fomos nós que pedimos, nem sabíamos que o governador ia chamar a Dilma de fada madrinha e o Lula de pai Lula. Fiquei até agradecido de saber que um homem que governava o Estado era capaz de reconhecer o trabalho (...) de um presidente da República que nunca perguntou para prefeito nenhum ou governador nenhum de que partido ele era para receber recurso do governo Federal. Eu confesso a vocês que fiquei chateado. Aos 64 anos de idade, eu não tinha mais o direito de me decepcionar. Eu já passei por tantas angústias, já fui vítima de tanto preconceito que eu não tenho mais o direito nem de me emocionar e muito menos de me magoar. Mas, não é honesto, não é justo e não é eticamente correto, no dia em que eu estou no Estado, o governador chamar a Dilma de fada madrinha e eu de pai Lula e uma semana depois ‘tá’ dizendo que o Lula não é pai coisa nenhum, que era obrigação do Lula e que pai e a fada madrinha talvez seja outra pessoa.”
Lula diz que venceu preconceito
Foto: Deurico/Capital News
Por fim, Lula pediu votos para Dilma, Zeca, e os candidatos ao Senado e deputados estaduais e federais da chapa. E afirmou não acreditar que Zeca estará presente na posse de Dilma no dia 1º de janeiro de 2011, pois ele estaria sendo empossado governador do Estado na mesma data.
Preconceito
Lula e Dilma afirmaram que é preciso desmistificar o preconceito contra a mulher. “Eu sei que há um preconceito. (...) As pessoas confundiam inteligência com o aprendizado. Ignorância de algumas pessoas que achavam que só tinham valor aquilo que vinha de fora (...) e se comportavam como cidadãos de segunda classe. (...) Mas, um dia vocês tiveram a mesma consciência que a maioria da África do Sul teve ao eleger um negro que representava 26 milhões de pessoas que eram dominadas por 6 milhões de pessoas. (...) A Dilma vai governar o país com carinho e amor como uma mãe que cuida dos filhos em igualdade. (...) O mundo está mudando: os Estados Unidos elegeram um presidente negro, a Bolívia elegeu um índio e o Brasil vai eleger a primeira mulher presidenta do País.”
De acordo com a PM, cerca de 25 mil pessoas estiveram em evento
Foto: Deurico/Capital News
Por: Marcelo Eduardo – (www.capitalnews.com.br)
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