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Polícia Terça-feira, 19 de Março de 2013, 12:00 - A | A

Terça-feira, 19 de Março de 2013, 12h:00 - A | A

Desvio de dinheiro público em atendimentos a pacientes com câncer motivou operação da PF

Aliny Mary Dias - Capital News (www.capitalnews.com.br)

A Polícia Federal e a Controladoria Geral da União (CGU) revelaram os detalhes da operação Sangue Frio que cumpriu 19 mandados de busca e apreensão em dois hospitais de Campo Grande e casas de diretores das unidades de saúde, na manhã desta terça-feira (19).

Durante entrevista coletiva realizada no fim da manhã de hoje, a polícia revelou que R$ 200 mil foram apreendidos em quatro casas e três pessoas foram presas em flagrante por porte ilegal de arma de fogo. Os 19 mandados de busca e apreensão serão cumpridos durante o dia.

Segundo o superintendente da Polícia Federal em Mato Grosso do Sul, Edgar Paulo Marcon, as investigações começaram em março de 2012 e o principal objetivo é a apuração de fraudes em licitações e desvio de dinheiro público.

“Foram feitas intensas análises em processos licitatórios do Hospital do Câncer e do Hospital Universitário até que encontramos falhas graves. Todas as irregularidades foram apuradas por meio de interceptação telefônica e fiscalização da CGU”, disse Marcon.

A chefe da CGU em Mato Grosso do Sul, Janaína Faria, explicou que durante as auditorias da controladoria, foram encontrados indícios de superfaturamento, direcionamento de licitações e manobras irregulares entre empresas.

“Verificamos o valor de mercado das licitações e o valor praticado nas contratações. Os valores de tabela não foram adotados pelo Hospital Universitário, por exemplo”, afirma.
A partir da confecção de um relatório com os resultados obtidos pela CGU, as informações foram unidas com dados do Ministério Público Federal e Estadual e da Polícia Federal para a realização da operação.

Conforme a Polícia Federal, entre as irregularidades está o superfaturamento de cerca de R$ 3 milhões em contratos assinados pelo Hospital Universitário. Licitações para obras de reestruturação do hospital também são alvo das investigações.

A delegada que coordena as investigações, Cecilia Silvia Franco, explica que quatro pedidos de afastamento de dois servidores do HU e outros dois terceirizados foram cumpridos na manhã de hoje. “Além dos mandados, oito pessoas foram chamadas para serem ouvidas e até agora cinco se apresentaram à delegacia”, afirma.

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Agentes da CGU de 15 Estados fizeram buscas no Hospital do Câncer
Foto: Deurico/CapitalNews

Hospital do Câncer

O Hospital do Câncer Alfredo Abrão é uma fundação filantrópica sem fins lucrativos. As investigações apontaram que a entidade era usada como fachada para desvio de recursos vindos do Sistema Único de Saúde (SUS).

De acordo com a polícia, o Hospital do Câncer contratava empresas privadas e repassava o valor pago pelo SUS para o tratamento de pacientes com câncer. Das empresas terceirizadas, uma delas tinha como proprietários integrantes da direção da fundação filantrópica.

“A característica dessas contratações está errada. A CGU fez auditorias que confirmou o recebimento de recursos do SUS que eram repassados pelo Hospital do Câncer para empresas privadas. São contratações incorretas”, afirmou a chefe da CGU Janaina Faria.

Há alguns anos, os atendimentos de radioterapia e quimioterapia oferecidos pelo Hospital Universitário e Santa Casa passam por problemas. O HU chegou a interromper os tratamentos, com isso, os pacientes tinham apenas a opção de tratamento no Hospital do Câncer.

A Polícia Federal investiga se houve um monopólio no tratamento de câncer e se os hospitais fizeram manobras irregulares com o dinheiro público.

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Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão no Hospital Universitário
Foto: Deurico/CapitalNews

“Essa canalização de atendimento no Hospital do Câncer também é alvo das investigações”, afirma o superintendente da Polícia Federal.

Os envolvidos poderão responder por formação de quadrilha, corrupção passiva, peculato e crime contra a lei de licitação.

O Conselho Municipal de Saúde da Prefeitura de Campo Grande se reuniu na manhã de hoje e informou, por meio de nota oficial, que irá notificar o Hospital do Câncer para que a situação seja regularizada e os repasses não sejam suspensos.

Ao todo, mais de 100 policiais da Polícia Federal e 15 agentes da Controladoria Geral da União (CGU) de outros Estados estão envolvidos na Operação Sangue Frio.

Outro lado

A assessoria de imprensa do Hospital Universitário informou que a unidade não irá se manifestar sobre a operação da polícia.

A reportagem do Capital News foi até o Hospital do Câncer e foi informada que a entidade não iria se manifestar sobre as buscas de documentação.

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Documentos passarão por perícia na sede da Polícia Federal em Campo Grande
Foto: Deurico/CapitalNews

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Cidadão do MS 21/03/2013

Esta festa dos órgãos de governo é fantasiosa, são atitudes políticas.

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