Falta de termômetro, falta de limpeza, de higiene básica, de enfermeiros. O hospital considerado o maior centro em atendimento de politrauma do Estado é conhecido por alguns pacientes da enfermaria como uma “instituição falida”. Cada quarto tem aproximadamente três pacientes, e eles costumam reclamar, principalmente, do atendimento noturno. Na madrugada, eles dizem que se não fosse a ação dos acompanhantes, não teria ninguém para ajudá-los.
Um dos pacientes, que está internado desde o dia 16 de fevereiro na Santa Casa, diz que durante a noite chega a ficar 45 minutos esperando algum enfermeiro para auxílio e eles faziam “corpo mole”. Outro, no mesmo quarto, está há mais de um mês no hospital. Ele afirma que falta todo tipo de material na enfermaria, inclusive termômetro. O paciente reclama também da falta de limpeza. “Eles não limpam nem a jarra que a gente toma água. Fica aqui essa água parada sem trocar o dia todo, a gente chama e eles não vêm”, afirma. Ele se diz revoltado não só com os enfermeiros: “Eu peguei até infecção aqui de tanto ficar nesse abandono e nessa sujeira”.
Vala para escoamento de água está suja
Foto: Acervo da família
Nas paredes dos leitos é possível enxergar caminhos de formigas pelas paredes. Os pacientes reclamam de insetos. Uma das acompanhantes informou que no fim do corredor, perto da janela que fica aberta, há uma vala que com a chuva enche d’água e pode colaborar com a proliferação de mosquitos.
Na porta que dá para a escada de saída um aviso: “Proibido fumar neste ambiente”. Em torno da porta, restos de cigarros, embalagens vazias de materiais hospitalares e para fora da janela até seringas e luvas usadas estão jogadas. A falta de limpeza se espalha pela parede do lado de fora da janela e vai até o chão, onde a chuva faz acumular água entre um muro e outro.
"Proibido fumar neste ambiente". Em torno do aviso, restos de cigarros
Foto: Acervo da família
A falta de conforto já decorrente da enfermidade, passa a ser somada com os problemas de pouca estrutura que o Sistema Único de Saúde oferece. Na enfermaria ortopédica, a maioria dos pacientes precisa ficar deitada o dia todo em uma mesma posição e os colchões também apresentam mau estado de conservação, alguns quase que inteiramente rasgados.
Colchões - além de rasgados, também sujos
Foto: Acervo da família
Os fatos podem ser verificados nas imagens, mas os pacientes preferem não ser identificados, pois, o que eles também dizem é que quando reclamam muito e criticam o mau atendimento têm que tomar “calmantes para dormir o dia todo”.
*As imagens e as histórias são cedidas por familiares de pacientes.(modificado às 8:30 do dia 17 de março para correção de informações)
Os colchões dos pacientes, rasgados e em mau estado já não proporcionam conforto
Foto: Acervo da família
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Foto: Acervo da família
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Foto: Acervo da família
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Restos de embalagens de materiais hospitalares também são jogados no chão
Foto: Acervo da família
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Na escada de saída da enfermaria: sujeira e abandono
Foto: Acervo da família
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Lixo que não foi recolhido é largado em um canto do hospital
Foto: Acervo da família
Por: Ana Maria Assis (www.capitalnews.com.br)
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