Campo Grande Terça-feira, 23 de Abril de 2024


Cultura e Entretenimento Quinta-feira, 13 de Novembro de 2014, 10:21 - A | A

Quinta-feira, 13 de Novembro de 2014, 10h:21 - A | A

Morre aos 97 anos Manoel de Barros, o poeta eternizado

Taciane Peres - Capital News

Um guerreiro. Essa é a palavra que define Manoel de Barros, um poeta que representou a cultura Mato-grossense e Sul-mato-grossense durante todos esses anos de poesia e alegria. Aos 97 anos, Manoel de Barros morre nesta quinta-feira (11) onde estava internado no hospital Proncor em Campo Grande e deixa um legado de amor e prazer em escrever, em contar através das suas doces palavras um pouquinho do que era a vida do pantaneiro, as belezas da natureza e o sentimento que une os humanos, com é o amor.

O poeta lutou contra a morte desde o dia 3 de novembro, onde ficou internado na UTI (Unidade de terapia intensiva) com problemas no intestino, e por volta das 8h da manhã desta quinta não resistiu às complicações da operação. O fato de sua morte em plenos 97 anos de idade, onde completaria 98 em 19 de dezembro este ano (2014) não deixa dúvidas que aproveitou muito toda a sua vida para eternizar seu nome como um dos poetas mais importantes da história regional e nacional do país.

Manoel de Barros sempre  destacou detalhes que passam despercebidos por muita gente, como o poema "Retrato do artista quando coisa" e acreditava que o homem deveria valorizar outras qualidades no ser humano, assim como ele gostava de viver a vida.

O velório será no cemitério Parque das Primaveras mas ainda sem horário definido.

Retrato do artista quando coisa

A maior riqueza do homem
é sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam
como sou, eu não aceito.
Não aguento ser apenas
um sujeito que abre
portas, que puxa
válvulas, que olha o
relógio, que compra pão
às 6 da tarde, que vai
lá fora, que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.
Perdoai. Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem
usando borboletas.

Trajetória
Manoel Wenceslau Leite de Barros nasceu em Cuiabá (MT) no Beco da Marinha, beira do Rio Cuiabá, em 19 de dezembro de 1916, filho de João Venceslau Barros, capataz com influência naquela região. Mudou-se para Corumbá (MS), onde se fixou de tal forma que chegou a ser considerado corumbaense. Morava em Campo Grande (MS). Era advogado, fazendeiro e poeta.

Obras publicadas no Brasil

1937 — Poemas concebidos sem pecado
1942 — Face imóvel
1956 — Poesias
1960 — Compêndio para uso dos pássaros
1966 — Gramática expositiva do chão
1974 — Matéria de poesia
1982 — Arranjos para assobio
1985 — Livro de pré-coisas (Ilustração da capa: Martha Barros)
1989 — O guardador das águas
1990 — Poesia quase toda
1991 — Concerto a céu aberto para solos de aves
1993 — O livro das ignorãças
1996 — Livro sobre nada (Ilustrações de Wega Nery)
1998 — Retrato do artista quando coisa (Ilustrações de Millôr Fernandes)
1999 — Exercícios de ser criança
2000 — Ensaios fotográficos
2001 — O fazedor de amanhecer (infantil)
2001 — Poeminhas pescados numa fala de João
2001 — Tratado geral das grandezas do ínfimo (Ilustrações de Martha Barros)
2003 — Memórias inventadas (A infância) (Ilustrações de Martha Barros)
2003 — Cantigas para um passarinho à toa
2004 — Poemas rupestres (Ilustrações de Martha Barros)
2005 — Memórias inventadas II (A segunda infância) (Ilustrações de Martha Barros)
2007 — Memórias inventadas III (A terceira infância) (Ilustrações de Martha Barros)

Comente esta notícia


Reportagem Especial LEIA MAIS