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Durante a coletiva, autoridades do Gaeco e da Fazenda Estadual revelaram como o esquema de sonegação funcionava
Quatorze empresas identificadas como envolvidas no esquema; 32 pessoas presas e cumprimento de 33 buscas e apreensões. Este o resultado da Operação “Grãos de Ouro”, deflagrada em várias cidades de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Paraná e Rio Grande do Sul, visando o combate a sonegação fiscal de produtos oriundos do mercado de cereais. As ações foram realizadas na manhã desta quarta-feira (8). Segundo a promotora de Justiça Cristiane Mourão, que comanda a operação deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco), até o momento foi levantado um prejuízo de R$ 44 milhões aos cofres públicos de MS. Mas, ainda conforme ela, a conta pode ser ainda maior. “Esses R$ 44 milhões é um montante baixo, mas o céu é o limite. Puxamos a pena e pode vir, não sei, o galinheiro todo”, previu Mourão.
As informações sobre a referida operação do Gaeco foram reveladas em entrevista coletiva realizada hoje a tarde, pelas autoridades do Ministério Público Estadual e da Secretaria de Fazenda de MS, na Procuradoria-Geral de Justiça, no Parque dos Poderes. Estiveram presentes, além da promotora coordenadora das ações, o também promotor de Justiça Thalys F. de Souza e Carlos Girão, da Controladoria-Geral do Estado.
De acordo com a promotora, o esquema de sonegação funcionava da seguinte forma: um carregamento de soja era efetuado em Mato Grosso do Sul, acobertado por uma nota fiscal fria e o motorista do caminhão trafegava pelas rodovias de MS como se estivesse seguido para outro estado. Nesse trajeto recebia dos agentes sonegadores outra nota fiscal com idênticas especificações constando que era produto originário daquele outro estado e que o caminhão estava apenas passando por MS. “Dentre os presos, haviam três produtores de Chapadão do Sul e Costa Rica, além de motoristas e corretores de cereais”, observou Mourão.
Também foi informado na ocasião da coletiva que dois funcionários da Secretaria de Fazenda de MS, foram presos por envolvimento no esquema. Um técnico fazendário e o outro, agente fazendário. “Eles davam cobertura ao esquema em troca de propina”, colocou Carlos Girão, adiantando que vão sofrer processos administrativos, “e também os rigores da lei, através de processo criminal”.
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Prisões e apreensões
Segundo o balanço, durante a operação foram efetuadas prisões de envolvidos em Campo Grande (13), Chapadão do Sul, Costa Rica, Itaporã, todas em MS; Cuiabá (MT, Rio Verde de Goiás, Minieors (GO), Presidente Prudente (SP) e Rodeio Bonito (RS). Já as buscas e apreensões foram realizadas em Campo Grande, Chapadão do Sul, Itaporã, Costa Rica, Coxim, Nova alvorada do Sul, Fátima do Sul, Cassilândia e Rio Negro, em MS; Rio Verde de Goiás, Mieiros (GO); Alto Araguaia e Cuiabá (MT); Presidente Prudente, São José do Rio Preto, Paranapuã, Jales, Cosmoran, Álvares Machado, Fronteiros e Oroeste (SP); Uberlândia e Uraí (MG), Paranaguá (PR) e Rodeio Bonito (RS). “Um esquema grande, descoberto a partir de 2016, mas que deve ter sido iniciado há muito tempo atrás”, comentou a promotora.
Foram apreendidos com os envolvidos, cerca de meio milhão de reais em espécie, mais carros, celulares e outros bens.
A promotora Cristiane Mourão fez questão de ressaltar a importância do apoio da Polícia Militar, que cedeu 250 homens para reforçar as ações em Mato Grosso do Sul, “fora os de outros estados que também deram cobertura as ações dos Gaecos de cada estado”.