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ENTREVISTA Sexta-feira, 07 de Setembro de 2012, 13:00 - A | A

Sexta-feira, 07 de Setembro de 2012, 13h:00 - A | A

Cara nova nessa eleição, Professor Sidney promete construir dois hospitais na Capital

Paulo Fernandes - Capital News (www.capitalnews.com.br)

Sidelvar Aparecido de Melo, mais conhecido como Professor Sidney, de 42 anos, é um dos sete candidatos a prefeito de Campo Grande.

No início do período eleitoral ele era provavelmente o menos conhecido dentre os concorrentes (cinco deles têm mandato: quatro são deputados e um é vereador).

Filiado ao PSOL, ele apresenta propostas ousadas como a construção de dois hospitais em Campo Grande e a criação de concorrência no transporte coletivo, além da volta dos cobradores nos ônibus.

Na entrevista concedida ao Capital News, Sidney Melo afirmou que irá auditar todos os contratos e licitações da prefeitura. Ele também prometeu levar para os bairros “a beleza do centro”, criando praças esportivas e colocando abrigos nos pontos de ônibus.

Sidney Melo falou ainda sobre as propostas de criação de um cinema público e de escolas públicas de esporte.

Capital News - Dos sete candidatos a prefeito de Campo Grande, cinco têm mandato. Já o Suél Ferranti, do PSTU, é velho conhecido dos eleitores. O Professor Sidney é a cara nova. Quem é o Professor Sidney?

Professor Sidney – O PSOL está apresentando uma candidatura inusitada mesmo no cenário político. Como você bem colocou existem figuras bastante conhecidas, figuras que têm mandatos públicos, eletivos, e figuras que mesmo não detendo mandato são conhecidas do público no período eleitoral. O Professor Sidney é um historiador com muita disposição para rever a história da nossa cidade, para fazer uma nova história para Campo Grande. Sou forjado nos movimentos sociais, sempre militei nos movimentos sociais, tenho uma atuação bastante forte no movimento estudantil. Tive a oportunidade de lutar por bandeiras que hoje eu vi vejo concluídas, realizadas. Ideias nossas como o cursinho livre, que passou a se chamar cursinho popular; partiu da minha gestão frente ao movimento estudantil a isenção da taxa do pagamento no Enem. Inicialmente se cobrava R$ 20 de cada estudante para poder participar. A meia-entrada, uma outra grande bandeira. A luta pela universidade pública de Campo Grande. As gestões junto a educação de qualidade que é a área que eu milito e que continuo militando por ser professor, tem uma marca na minha vida. A minha história se mistura com a história pela luta pela educação. Eu estou tendo a felicidade de poder encarar o desafio de ser candidato a prefeito de Campo Grande. Um desafio que ao mesmo tempo se consiste em um grande presente que a militância do PSOL me deu. Depois de um debate intenso, interno, onde outros pré-candidatos também se apresentaram, a militância escolheu o nosso nome acreditando que a gente reunia condições de fazer um bom debate para Campo Grande. Estou muito animado.

Capital News – As pessoas já te reconhecem na rua?

Professor Sidney – Muitas pessoas me param na rua para conversar sobre o que vêem na TV e muitos amigos de longa data, afinal eu milito no movimento social há mais de 15 anos, então muita gente que eu não via há muito tempo tem me procurado, perguntado se não pode ajudar. Tem sido um assédio, um modesto assédio, mas um assédio positivo de pessoas que querem contribuir com uma ideia nova para a administração de Campo Grande. Está sendo muito gratificante fazer essa campanha, encontrar velhos amigos, e fazer novas amizades. Hoje mesmo (4) eu saia da reunião, de um debate, e encontrei com uma senhora que é mãe de uma aluna. Eu estava indo no carro e ela me parou. Eu ainda não tinha falado com ela. Hoje ela declarou o voto, me desejou sorte, disse que está acompanhando. Esse tipo de coisa anima a gente a continuar fazendo um bom debate para Campo Grande.

Capital News – Por que o senhor quer ser prefeito de Campo Grande?

Professor Sidney – Eu quero ser prefeito de Campo Grande porque eu acho que a administração precisa ser voltada para o humano, uma administração com viés socialista, que coloque em primeiro lugar o cidadão, as pessoas e não as coisas. Campo Grande cresceu muito nas últimas duas décadas, mas cresceu fruto do trabalho do campo-grandense, da luta de cada um de nós que a cada dia coloca um tijolinho a mais nessa grande cidade. Eu quero ser prefeito para poder resolver aquilo que eu sei que tem solução. Eu não me conformo com a ideia de que a saúde é ruim aqui porque é ruim no resto do país. Eu sei que a gestão do recurso público pode fazer melhor para a cidade. Eu sei também que o sistema de transporte coletivo é muito perverso e muito caro. Pode ser diferente aqui em Campo Grande a partir do momento que estimularmos a concorrência. O que não dá é para aceitar quartéis que estão se criando tanto no setor da saúde quanto no setor de transporte coletivo, que são setores vitais para uma cidade que não para de crescer. Quero ser prefeito de Campo Grande para poder satisfazer aquele morador do bairro. Eu acho lindo a cidade no centro ser muito bem cuidada, com muito carinho, gosto de ver a [Avenida] Afonso Pena toda revitalizada. Gosto de ver a beleza pujante da nossa cidade, mas quero esse mesmo carinho, essa mesma beleza, refletida no bairro. Eu quero que aquele garoto que mora no José Teruel Filho, às margens do Lixão, também tenha uma praça esportiva, como aquelas que a gente tem próximo a área central, que ele tenha dignidade colocada no bairro, como a gente tem no centro. Eu quero que o morador não tome chuva no ponto de ônibus, que é só uma madeira. Eu quero um abrigo, dando dignidade para esse morador. E eu sei que essas coisas são possíveis. Alguns setores da imprensa costumam dizer que o pessoal é muito sonhador em suas propostas. Eu quero dizer que se não ousar sonhar, não vamos realizar. A gente precisa sonhar com os pés no chão. Temos recursos, temos R$ 2,6 bilhões previstos para o ano que vem no Orçamento. É muito dinheiro. Esse dinheiro todo tem que ter prioridades invertidas. Não é justo gastar tanto publicidade, com totens de obras, obra 1.025, obra 1.026, obra 1.027, gastando na publicidade e deixando de gastar naquilo que é essencial. Temos que divulgar as boas ações de governo. O pessoal vai fazer isso na prefeitura, mas vamos fazer com parcimônia, dando em primeiro lugar atendimento ao povo. É por isso que eu quero ser prefeito de Campo Grande porque eu acredito em um sistema democrático de direito em que as pessoas possam ter dignidade. É por isso que o PSOL está me dando essa missão de fazer a disputa.

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Candidato do PSOL, Sidney Melo diz que irá administrar a cidade para as pessoas e não para as coisas
Foto: Deurico/Capital News

Capital News – Uma das áreas que mais causa maior preocupação em Campo Grande é a saúde, quais as suas propostas para essa área?

Professor Sidney – É uma proposta muito ousada para saúde. Eu já disse que o orçamento é bastante convincente no sentido de que muita coisa pode melhorar. Em primeiro lugar, para ter uma saúde de qualidade é necessário que a classe que trabalha na saúde, o médico, o enfermeiro, o assistente social, o atendente, ele se sinta atraído pelo setor público. Hoje, para você ter uma ideia, nós temos nove pediatras se formando por ano em Campo Grande. Quantos deles vão para o setor público trabalhar? Nas últimas estatísticas que nós tempos, nenhum deles. Se em quatro anos, esses nove pediatras fossem para os postos de saúde, nós teríamos 36 novos médicos na área de saúde a cada gestão de prefeito. Iria aliviar bastante o tempo de espera. Por que ele não vai [para a rede de saúde]? Porque não tem um Plano de Cargos e Carreiras descente no serviço público. O PSOL vai junto com a classe médica, com o CRM [Conselho Regional de Medicina], com o sindicato dos trabalhadores, tanto dos enfermeiros, médicos, assistentes sociais, enfim dos servidores da saúde, vamos tratar de construir esse Plano de Cargos, Carreiras para ficar atraente para o servidor. Primeiro passo, trazer o servidor para a saúde. E dinheiro, da onde vem? Do orçamento otimizado e de bons projetos, que com uma boa relação com a bancada federal nós queremos trazer de Brasília (DF) recursos através de bons projetos. Então, atrair o servidor, cumpriu a primeira parte. Vamos para a segunda. E é aí que começa a parte mais ousada do nosso plano de governo: nós vamos construir em Campo Grande, no nosso primeiro mandato, um hospital pediátrico para desafogar as unidades básicas de saúde, haja vista que essa população infantil é a que mais procura esses serviços, segundo as estáticas. Então nós vamos ter uma unidade pediátrica de saúde. Nós também vamos fazer, respeitando o tamanho da cidade e o crescimento que ela tem dito, o Hospital Municipal de Campo Grande. Tem recursos para tudo isso? As pessoas costumam me perguntar. Tem. Se a gente começar a parar de gastar e investir, essas coisas são possíveis. Enquanto nós continuarmos gastando e não investindo, as coisas não melhoram. Só para subsidiar esse debate, que eu estou fazendo com você, o secretário de planejamento, Paulo Nahas, disse que nesse ano mais uma vez Campo Grande fecha com superávit, lucro, além do previsto, R$ 2,6 milhões, existe uma reserva para tragédias. Prefeitura não é banco. Quem tem que ter lucro é o sistema financeiro. O lucro de uma Prefeitura é o bem-estar da população. Por que nós estamos fechando o ano com milhões em caixa enquanto nós temos a deficiência no setor da saúde? É claro que precisa ter um dinheiro para prevenir eventuais problemas que a cidade venha a ter, mas eu vejo todo ano esse acúmulo de superávit ser guardado e todo ano quando as tragédias ou catástrofes acontecem, como as enchentes, é sempre o mesmo resultado: nós fazemos obras de contenção, que vão pelo ralo, não tem funcionado, com exceção de uma ou outra, que já foram feitas há bastante tempo, e o dinheiro continua a ser desperdiçado. Então, se você começa ao invés de gastar, investir; a saúde melhora. É meta da nossa administração provar para o Brasil que é possível ter qualidade na saúde com um gestor sério. Para finalmente subsidiar, eu quero dar um exemplo, desde o momento que a Santa Casa passou a ser administrada pela prefeitura, a dívida triplicou e o atendimento diminuiu. Isso é o quê? Um retrato da falta de gestão. Não é um problema de dinheiro. Não é a grana que está faltando. Está faltando gestão, seriedade no tratamento do recurso público. Isso o PSOL vai fazer

Capital News – O senhor é a favor de devolver a Santa Casa para a Associação Beneficente?

Professor Sidney – Sou a favor de uma ampla discussão nesse sentido. Eu acredito que o setor público não demonstrou até agora eficiência no trato. Nós temos que buscar uma alternativa que demonstre essa eficiência. Eu acredito e garanto que numa administração do PSOL o setor público vai saber administrar a Santa Casa, mas não pode fazer igual reizinho, administrar sozinho. Temos que administrar juntos, inclusive com a Sociedade Beneficente porque ela tem o know-how da administração que por um tempo deu certo. Nós temos que fazer uma administração múltipla, bipartide da Santa Casa, para que a gente possa achar soluções em conjunto e aplicar. Não dá só para comprar ou roubar ideia, nós temos que ter esses parceiros de ideia na administração da solução do problema. O PSOL vai trabalhar muito assim, na obra vai ser assim, na administração vai ser assim, com quem é da área, não com o indicado político do partido A, B ou C. Vamos trabalhar com técnicos de cada área para resolver o problema de cada área.

Capital News – Na questão do transporte coletivo, o senhor diz em seu plano de governo na volta dos cobradores. Por quê?

Professor Sidney – É primordial, é uma questão de respeito à classe trabalhadora. O pessoal não podia fugir desse debate de devolver os postos de trabalho, a esses trabalhadores. Porque veja só, nós estamos criando um acumulo de função. Nós estamos fazendo com que o motorista exerça duas funções. As pessoas podem dizer: ‘ele não cobra a mais, é no cartão’. Mas ele continua tendo que cuidar da porta, ele ainda tem que eventualmente orientar o passageiro que está tendo dificuldade, ele faz o papel de cobrador de ônibus sim, ele se distrai sim, ele se sobrecarrega sim. Isso pode gerar e já gerou o stress na categoria e pode gerar risco para o usuário. Nós vamos fazer como já foi feito em outra cidade: Guarulhos. Uma vereadora do PCdoB fez o projeto de lei e foi aprovado pela Câmara, que todo ônibus tem que ter o motorista e o cobrador. Não precisava nem de lei, tinha que ser óbvio, mas aqui se precisar nós vamos encaminhar junto com a Câmara para fazer com que isso seja um dispositivo de lei e devolva esse posto de trabalho. Vamos gerar renda, emprego e um melhor serviço prestado e com certeza vamos melhorar a qualidade.

Capital News – O senhor falou na possibilidade de enviar um projeto de lei para a Câmara. Se o senhor for eleito, com certeza o PSOL não vai ter maioria na Câmara. Como governar sozinho? Ou o senhor pretende construir essa maioria?

Professor Sidney – Eu pretendo construir essa maioria, ter uma relação harmônica com a Câmara Municipal, como socialista que sou, entendedor da democracia, sei da importância que essa Casa de Lei tem, e sei da importância, do papel dela para a sociedade. Claro que nós queremos uma Câmara que seja independente, que não seja a Câmara do prefeito, que o vereador não seja meramente um office-boy do Executivo, queremos respeitar a sua autonomia, mas construir uma relação harmônica. Tenho certeza de que todo o vereador eleito nesse pleito não vai se furtar a fazer o debate do que é melhor para Campo Grande. Apostando nisso eu acredito que nós possamos construir uma boa relação e fazer uma boa administração, respeitando cada um o seu espaço político. Preservando cada um a sua autonomia, tanto o Legislativo quanto o Executivo. Preserva sua autonomia, trabalha com parceria. Não tem como dar errado não, a não ser que exista má vontade por parte de um ou do outro. E como eu acredito na honradez de todos os que disputam o cargo de vereador, tenho certeza que vamos ter uma administração de sucesso.

Capital News – Também consta no seu programa de governo a criação de um cinema público, como ele funcionaria?

Professor Sidney – Nós militamos muito na juventude, passei pelas entidades estudantis, promovemos muito dentro do campo da juventude, tem muitas coisas algumas underground outras nem tanto que surgiram de espaços que a gente criou com quintas, sextas acústicas, no nosso tempo. Nesse tempo a gente percebeu uma demanda muito grande por espaços de cultura em Campo Grande. Essa situação do cinema público não é nenhum ataque às empresas privadas não, mas é oportunizar a sétima e bela arte a todo o campo-grandense de uma forma mais democrática. Muitos ainda se lembram do cinema que existia na universidade federal com saudosismos e falam que aquilo era muitas vezes a oportunidade que ele tinha de ver um filme, levar a família para se divertir. Nós queremos trazer isso de volta para dar à juventude um espaço que ela possa administrar, haja visto que nós vamos criar a Secretaria da Juventude, que será dirigida por jovens indicados pelas instituições que representam a juventude, independente de partido. O cinema público faz parte do processo de fomentar a cultura da nossa cidade até para criar uma entidade para Campo Grande. Campo Grande não pode ser mais um ponto de passagem, onde o turista vem, passa por aqui e vai para Corumbá, passa por aqui e vai para o Mato Grosso ou para qualquer outro lugar. Ele tem que vir para ficar, mas para ficar tem que ter coisas que o atraiam. O fomento cultural pode funcionar muito bem aqui.

Capital News – E as escolas públicas de esporte?

Professor Sidney – Nós entendemos que não dá para falar de desenvolvimento de sociedade e em cidadania quando isso é pela metade. Aí nós fazemos um desenvolvimento social conservador. A juventude de Campo Grande tem inúmeros talentos na área de esporte. Se a gente andar por esses bairros, como eu sempre fiz na militância de movimento e como faço enquanto candidato a prefeito e como fiz como professor, eu fico vendo os talentos do futebol, do vôlei, do tênis de mesa, de diversos esportes, que estão escondidos e não tem espaço para se desenvolver e trilhar o caminho vitorioso do esporte. Nós queremos garantir isso para a nossa juventude. O pai de família quer isso para o seu filho. Ele quer que o filho tenha um espaço privilegiado onde ele aprenda um pouco mais além da ciência, da história e da filosofia, e aí o esporte vira peça essencial até para afastar esse jovem de todos os perigos que as grandes cidades oferecem e que Campo Grande começou a oferecer, que é o perigo das drogas e da violência. Ter uma escola especializada na questão esportiva vai revelar muitos talentos e esses talentos vão trazer para Campo Grande benefícios que nós vamos levar por muito tempo. Revelar atletas aqui significa entrar no cenário nacional. É publicidade para a cidade.

Capital News – O senhor pretende rever as concessões e as licitações do lixo e do transporte coletivo?

Professor Sidney – Com certeza [sim], mas quero antes tranquilizar o campo-grandense. Todas as obras que estão licitadas, com recursos garantidos, terão sua continuidade. Todas. Nós vamos revisar sim, os valores, os custos, os contratos, até para ver se não estamos jogando dinheiro fora, gastando mais dinheiro do que deveria. Não vamos parar nenhuma obra que seja essencial para Campo Grande. Agora, queremos rever as concessões públicas. Concessão do transporte coletivo: não dá para admitir uma planilha de custo que quando apresentada a população não entende, o prefeito não entende, o técnico que está apresentando não entende. Não justifica um transporte de qualidade tão questionável custar tão caro. Então, nós queremos rever essas concessões. Eu vejo sempre as empresas reclamando, mas nunca largam o osso. Em todas as licitações elas querem de novo administrar as linhas de Campo Grande. Isso é sinal que dá lucro e eu não estou incomodado com o lucro do contribuinte. Eu estou incomodado com o alto custo do contribuinte, do usuário. Então, algumas concessões serão revistas. Nós vamos diminuir a tarifa porque nós vamos promover a concorrência. Isso não está sendo segredo. Não queremos que o empresário entenda isso com um ataque ao seu lucro. Não é. Até para que ele melhore a qualidade e comece a ganhar mais cobrando menos. É possível. Nós vamos estudar a viabilidade do transporte alternativo, lógico, preservando o trânsito de Campo Grande, as vias de acesso para esse transporte alternativo para que não se afogue aqueles entroncamentos de congestionamento, mas queremos ter um transporte alternativo porque tendo uma outra opção de transporte nós vamos provocar uma concorrência. Essa concorrência vai fazer com que aumente a qualidade da concessionária e diminua o custo. Isso é bom no final da conta para o usuário.

O contrato do lixo, o que nós conhecemos e foi divulgado recentemente pela grande imprensa, dentro daquela licitação bastante tumultuada da concessionária, não apontou algumas soluções que há muito Campo Grande exige e apontou um problema muito maior. Hoje trabalham 1.200 pessoas naquilo que a gente conhece como aterro sanitário, o lixão. A usina de beneficiamento do lixo pretende trabalhar com uma mão-de-obra de mais ou menos 200 pessoas. Eu estou falando mais ou menos de um exército de 1.000 pessoas sem fonte de renda a partir de então. Então, não é só fazer uma usina para dizer que resolveu o problema do lixo. Nós temos que pensar na efetiva coleta de lixo, que não existe hoje. Nós temos lixeiras coloridas espalhadas em alguns lugares privilegiados da cidade, mas não temos uma coleta seletiva de lixo. Isso tem que acontecer para que se possa aproveitar o resíduo sólido, para que a gente possa transformar o lixo em riqueza, como grandes cidades que promovem o desenvolvimento sustentável. Campo Grande não pode ficar na contramão da história. Nós estamos crescendo e temos que aproveitar todo esse lixo que produzimos, fazendo virar produto, beneficiando, fazendo com que eles se transformem em riqueza para a nossa cidade. Então alguns contratos e licitações serão revistos, todos auditados, e alguns revistos.

Capital News – O senhor pretende rever o valor do IPTU?

Sidney Melo – Já declaramos isso. A população pode esperar isso. Nós vamos rever o valor e com certeza melhorar essa taxação do imposto. Nós vamos conseguir reduzir isso. Eu volto a falar sobre aquela reserva financeira. É claro que a gente não quer uma administração falida, sem reserva para trabalhar, mas estamos entendendo que não basta passar aqui o PAC 2 e falar agora que passou asfalto aqui a casa sobe de valor venal e eu vou aumentar o imposto. Aquele cidadão que mora na região, ele não ganhou um emprego novo, ele não teve aumento de salário, ele não teve nenhum bônus salarial para garantir o princípio do pagamento desse ônus. Então, a gente tem que antes de simplesmente avaliar o imóvel, aí a gente está administrando a cidade para as coisas e não para as pessoas. Antes de avaliar o imóvel vamos avaliar a condição social da família. Então pode ter certeza que nós vamos ter carga tributária diminuindo na administração do PSOL. Nós vamos administrar para as pessoas. Tem gente que está tendo que vender suas casas. Isso não é terrorismo e nem lenda urbana, é verdade. Eu conheci várias pessoas que estão vendendo casas que moraram 20, 30 anos, para morar em bairros afastados onde vai pagar menos porque ela não aguenta a tributação depois que a obra de benefício chegou. Esperou tanto tempo para o benefício chegar, 20, 30 anos, chegou, e junto com a felicidade do benefício veio a tristeza da partida. Nós não podemos permitir que isso aconteça. Nós temos que avaliar a condição social da família.

Capital News – Por que o PSOL não conseguiu entrar em acordo com o PSTU para ter uma candidatura única?

Sidney Melo – Olha, eu fui um dos entusiastas dessa aliança. Pessoalmente me empenhei bastante por essa aliança sobretudo pelo reconhecimento que nós temos ao valoroso PSTU, ao partido, e o respeito ao Suél, incansável lutador para deixar uma alternativa para Campo Grande. Nós tentamos, mas para o PSOL não é interessante não ter um candidato a prefeito de Campo Grande. Eu costumava dizer internamente que time que não joga não tem como vencer. Nós não íamos crescer se não tivéssemos candidato a prefeito. E essa leitura que nós fizemos também foi a mesma leitura que o PSOL fez.

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Sidney Melo diz que nunca foi filiado ao PMDB
Foto: Deurico/Capital News

Capital News – Se acontecer de o senhor não chegar ao 2º turno, quem o Professor Sidney Melo não apoiaria em hipótese alguma?

Sidney Melo – O PSOL e sobretudo o Sidney não terá condições de apoiar de maneira nenhuma o candidato do PMDB. Com todo respeito ao partido, que começou como MDB, com uma luta pela democracia, conheço toda a história. Não vão ter de maneira nenhuma o Sidney subindo no palanque no segundo turno. Temos uma responsabilidade muito séria com a questão do voto ético, contra a corrupção, contra aquilo tudo que atinge contra os valores que uma sociedade quer ter e infelizmente por n fatores tão conhecidos por toda a imprensa, eu prefiro até não citar para não parecer leviano e escândalos que envolve diversas figuras, o PSOL não apóia o PMDB.

Capital News – No começo da campanha o senhor foi alvo de uma impugnação, disseram que o senhor tinha dupla filiação, que era filiado ao PMDB. Enfim, o que aconteceu dessa história?

Sidney Melo – É bastante estranho, né? Fomos pegos de surpresa. Eu era filiado ao PT, Partido dos Trabalhadores, fazia parte da sua direção, inclusive, e a gestão do diretório do PT terminaria apenas em 2013. Fui convidado pelos companheiros do PSOL para estar construindo o partido, muito antes do processo eleitoral, aceitei de pronto, me desfiliei do PT, levei até o Tribunal Eleitoral a minha carta de desfiliação do PT, com meu endereço atual, mostrando que estava desfiliado. Registramos nossa candidatura na maior tranquilidade e fui surpreendido com uma dupla filiação, pasme, no PMDB, partido que respeito a história mas nunca me filiei. Inclusive anexei ao processo as certidões da minha participação no PT, da minha condição de diretor do PT. Não poderia ser filiado ao PMDB e ser diretor do PT. Não havia como. Anexei minha carteira nacional de filiação do PT, com as datas de filiação. Anexamos todas as provas. Ocorre que o sistema de filiação é o chamado FiliaWeb. E o FiliaWeb quem tiver senha filia. Coloca lá o nome pega um banco de dados e vai filiando as pessoas. Eu quero acreditar que o que aconteceu foi um equívoco qualquer e meu nome tenha parado nas listas do PMDB. Agora, teve um vício no processo muito sério porque eu fui o único dos 300 - foi um processo coletivo, mais de 300 pessoas tiveram problemas semelhantes – entre os 300 eu fui o único citado somente por edital. Não chegou carta na minha casa, para eu ter tempo hábil para resolver. Enfim, não fui avisado, fui surpreendido. Entramos com ação e estamos com confiança que o TRE [Tribunal Regional Eleitoral] vai julgar com imparcialidade. Estamos encarando como mais uma pedrinha no meio do caminho.

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Por Paulo Fernandes - Capital News (www.capitalnews.com.br)

 

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Patrícia Ramos caetano 07/09/2012

O cidadão deve ficar atento às promessas ousadas uma vez que não cabe ao vereador a construção de hospitais! Só para lembrar, vereador fiscaliza e cria leis que antes de serem aceitas passam por uma votação na câmara.

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