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ENTREVISTA Terça-feira, 29 de Maio de 2012, 07:08 - A | A

Terça-feira, 29 de Maio de 2012, 07h:08 - A | A

Muitas pessoas nem sabem o que é "saneamento básico", afirma o Superintendente da Funasa

Melice Sguissardi - Capital News (www.capitalnews.com.br)

Em seu primeiro ano como Superintendente da Fundação de Saúde- Funasa, Pedro Teruel, recebeu a reportagem do Capital News, na última sexta-feira (25), em seu gabinete na própria fundação, em Campo Grande, para ressaltar a importância do saneamento básico para a saúde da população. Durante a entrevista, Teruel afirma que muitas pessoas não sabem nem o que é saneamento e muito menos que existem projetos que podem melhorar as condições desumanas em que muitos vivem.

Capital News- Para começar nossa entrevista, primeiro eu gostaria que o senhor explicasse qual é o público alvo da Funasa?

Teruel – Eu vou aproveitar para esclarecer a toda população sul - mato- grossense, que, desde o dia primeiro de janeiro deste ano, a Funasa foi separada da questão indígena. Desta data pra cá, a Funasa atende todas as áreas e populações não indígenas, como cidades, bairros, distritos, assentamentos rurais, quilombolas e ribeirinhos. A população e áreas indígenas ficaram para a Sesai – Secretária Especial da Saúde Indígena e cada Estado têm um distrito da saúde indígena, que cuida esta questão. A Funasa tem como prioridade de atendimento em municípios, com até 50 mil habitantes, contando a parte urbana e rural. Este é o foco da Funasa. Acima de 50 mil habitantes tem alguma ação da Funasa? Tem, claro que tem, mas é exceção, não é regra. Por exemplo, nós temos aqui no aterro sanitário de Campo Grande, a Funasa tem um investimento de R$ 4 milhões, que é acima de 50 mil habitantes, mas é um caso fora da regra. Então pode ter, eventualmente, algumas ações neste contexto. 

Capital News - Qual é o compromisso da Funasa – Fundação Nacional de Saúde, com a população?

Teruel – A Funasa trabalha em várias frentes de saneamento adequado para evitar doenças à população. Como o ser humano não fica sem beber água, então é ela o elemento mais solicitado pela comunidade. Como nosso lema é “água de boa qualidade para todos”, a Funasa possuiu uma estação de tratamento de água, que segue todos os segmentos e etapas necessárias; Capacitação de água, armazenamento de água, tratamento da água e distribuição da água – para que as pessoas possam cozinhar, limpar suas roupas, tomar banho e ingerir água de boa qualidade, evitando a incidência de doenças hídricas. O abastecimento de água é feito através de redes de distribuição.

Capital News - Outra preocupação em relação à saúde da população é a coleta de esgoto, como a Funasa trabalha neste caso?

Teruel – Na parte de esgotamento, a Funasa trabalha com uma equipe de engenharia e libera recursos para que a prefeitura licite a obra e dê início à construção da rede de coleta de esgoto sanitário. Como o esgoto é totalmente líquido (água que sai da pia, do chuveiro, do vaso sanitário, da máquina de lavar roupa) é levado, através das tubulações enterradas pelas ruas, para uma estação de tratamento. Esta estação de tratamento neutraliza totalmente aquela água que vem do esgoto, tirando todas as suas impurezas e bactérias, e uma parte é evapora e outra é descarrega em algum rio sem nenhum efeito que prejudique a natureza, tanto que é feito todo o trabalho de análise da qualidade do esgoto descartado. Outro problema que o esgoto pode afetar a saúde da população é quando fica a céu aberto próximo da casa ou em alguma fossa, podendo contaminar o lençol freático. Então a gente retira este esgoto de próximo das pessoas, leva para longe delas, trata e devolve para a natureza neutralizada, sem causar nenhum dano. Depois solicitamos a obra de tubulações à prefeitura responsável pela residência. 

Capital News - Além desses dois compromissos com a população em saneamento, existem outros que a Funasa assume?

Teruel- Sim! Nós trabalhamos também com Plano Municipal de Saneamento Básico, o qual eu acho um dos trabalhos mais extraordinário da Funasa, pois revertemos problemas que complicam o desenvolvimento da cidade. Normalmente as obras de prefeituras e do Governo do Estado que acompanhamos, dão problema. Não é que eles estejam fazendo errado, não é isso não, é porque há 10, 20, 30 anos atrás, se fez sem planejamento. Antigamente as tubulações eram feitas pensando somente naquele bairro, sem a visão de outros em volta e quando a cidade foi crescendo, isso se tornou uma grande dificuldade para o crescimento porque não ligava um bairro no outro, tendo que quebrar tudo e fazer de novo ou fazer uma duplicidade, ou seja, já tem uma rede de esgoto e você tem que por mais uma rede. Com essa sob proposição gera um custo altíssimo para o poder público. Então, por isso, agora a Funasa está com Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB), este plano vê tudo, como vai drenar a água de chuva para retirar do centro da cidade de maneira compatível com o restante da rede de água e da rede de esgoto, os resíduos sólidos – como coleta, onde trata, onde deposita. O PMSD está em atividade há dois anos, desde o governo do Lula e a Dilma deu continuidade, tanto que se os municípios não tiverem esse plano até 2014 correm o risco de não receber verba federais de espécie nenhuma. A Funasa já vem ajudando 11 municípios do Estado, com a elaboração do Plano Municipal.

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"No meu ponto de vista, acho que a Dilma deve prorrogar o prazo para o Plano Municipal de Saneamento Básico, porque nem todos os municípios vão conseguir elaborar até 2014" - desabafa
Foto: Deurico/Arquivo Capital News

- A Funasa trabalha com projetos relacionados ao resíduo sólido? Como é feito?

Teruel – Quando se trata de resíduo sólido, a Funasa tanto financia caminhões de coleta de lixos, como financia o UPL – Unidade Processadora de Lixo, através de uma estrutura montada com uma estufa para secar o lixo e uma esteira onde passa o lixo e os trabalhadores com IPI ficam ao lado retirando o material com valor econômico, como plástico, alumínio, papelão. O lixo é colocado em uma ponta, ele virar material reciclável e só o que não é reaproveitado que chega no final da esteira. Já existe uma unidade dessas em Iguatemi (MS), há mais de um ano, e a cada 100 quilos de material que recolhe na cidade, apenas 6 quilos chega ao aterro sanitário, então esse aterro vai durar 30, 40 ou até mesmo 50 anos. Nós trabalhamos com o sistema completo. Atualmente nós já temos UPL em mais de 15 municípios, mas apenas o da cidade de Iguatemi está completa.

Capital News - Como é feito o saneamento em lugares precários?

Teruel – Atualmente a Funasa desenvolve o projeto Melhoria Sanitária Domiciliar, com o objetivo de levar o básico para famílias que vivem em situações miseráveis, ou seja, para aquelas que possuem a famosa “casinha” com um buraco no chão, em vez de um banheiro com o vaso sanitário. A Funasa financia módulos sanitários e constrói um banheiro do lado de fora da casa. Quando se trata de assentamentos, como normalmente as casas ficam distâncias uma da outra, fica muito mais viável um módulo sanitário em cada lote com uma fossa séptica, com todo o tratamento que não poluí e não contamina o ser humano.

Capital News - O senhor entrou como superintendente este ano, como está o seu trabalho?

Teruel –. Atualmente estamos com uma equipe que está retomando obras paradas, devido a problemas que não dizem respeito à Funasa, e sim a justiça, como a construção em lugares onde o meio ambiente não permite ou por falta de escritura legal da área, ou por outro motivo que deixe a obra em litígio, enquanto outra equipe desenvolve novos projetos. Estamos trabalhando a todo o vapor para levar melhoria sanitária a toda população, exemplo disso, são os 57 assentamentos que estão na fila esperando água tratada, e nós estamos correndo para perfurar postos artesianos com equipamentos e vamos botar uma segunda equipe para agilizar as obras. Além disso, estou remodelando toda a nossa equipe, para que cada um trabalhe de forma direta em seu cargo, pois se o servidor é desviado de sua função, ele acaba insatisfeito dando menos rendimento em seu trabalho e dando mais prejuízo ao órgão. Como um dos meus lemas aqui é trabalhar muito, gastando pouco, então prefiro investir em uma gestão qualificada para trazer ótimos resultados e menos gastos futuramente.

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"Só vai pra frente se o funcionário trabalhar feliz"
Foto: Deurico/Arquivo Capital News

Capital News- Para finalizar esta entrevista, um balanço geral do Mato Grosso do Sul em relação ao saneamento, no seu ponto de vista.

Teruel – O saneamento do Mato Grosso do Sul não é dos piores. Há muito tempo atrás, se falava em 20% de saneamento, hoje estamos acima de 50% na média Estadual na coleta de esgoto. No caso da água é bem mais alta, está acima de 90%. Então acredito que a Funasa está no caminho certo e a cada dia, estamos trabalhando para fortificar a saúde da população sul-mato-grossense.


Por Melice Sguissardi - Capital News (www.capitalnews.com.br)

 

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Paulo da Silva 12/07/2012

Agora ele tá aí? Não está mais na comissão dos Direitos Humanos? O negócio é ficar em uma Secretaria, Diretoria,...é o Brasil!!

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Lopes 06/07/2012

Daremos NOSSOS votos à quem nos der mais cestas básicas, e deste modo a população continuará sem saber, assim como esses políticos PROFISSIONAIS, o que é SANEAMENTO BÁSICO.

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Izabel Soares - B. Moreninha 21/06/2012

Nem o Superintentente sabe o que é saneamento. Político de carteirinha!

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3 comentários

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