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ENTREVISTA Quinta-feira, 06 de Junho de 2013, 11:40 - A | A

Quinta-feira, 06 de Junho de 2013, 11h:40 - A | A

Novo diretor do Hospital do Câncer fala sobre as mudanças na administração do Hospital

Ítalo Milhomem - Capital News (www.capitalnews.com.br)

Filho de uma família tradicional da Capital, o empresário Carlos Alberto Moraes Coimbra, chega à administração do Hospital do Câncer (HC) com diferencial em relação aos demais gestores dos hospitais de Campo Grande, não é médico, essa é uma das apostas dele no sucesso da sua administração.

Com um perfil empreendedor o campo-grandense, de 38 anos, é advogado, com especialização em Admininstração, Gestão Empresarial e Marketing. Bem sucedido na vida profissional, ele um dos sócios proprietários da escola idiomas CCAA em Campo Grande, é religioso e gosta de praticar atividades físicas leves como caminhada e de cozinhar, mas não tem tido tempo nós últimos meses de praticar seus hobbys graças a turbulência no HC, que fez que ele passasse do cargo de conselheiro para administrador da entidade mantenedora do hospital. 

O Capital News entrevistou o novo diretor-presidente do Hospital do Câncer, que contou um pouco de sua vida, falou sobre política e sobre as mudanças que estão ocorrendo no hospital, que recentemente foi alvo de pesadas denúncias durante a operação “Sangue Frio” que envolveram antigos diretores e abalou a credibilidade da instituição.

 Capital News – Você está assumindo a diretoria do Hospital do Câncer após denúncias de má gestão, qual é sua experiência nesta área administrativa?

Carlos Alberto Coimbra – Sou campo-grandense, sempre vivi aqui, me formei em Direito pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), depois fiz duas pós- graduações, uma em Administração e outra em Gestão Empresarial e Marketing na Fundação Getúlio Vargas (FGV). Sou diretor da escola de línguas CCAA em Campo Grande, onde temos três unidades, esse foi o motivo por qual fui obrigado a me qualificar nessa área administrativa e de marketing. As escolas já têm 20 anos, chegamos ater uma filial em Três Lagoas, mas vendemos a franquia e hoje eu e meu irmão administramos só o prédio, onde funciona a escola. Também fui um dos fundadores do projeto “Vaquinha Social”.

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Com perfil empreendedor, Coimbra que mudar o jeito de administrar hospitais na Capital
Foto: Marcelo Victor/Capital News

Capital News – Além do CCAA, Vaquinha Social você participa de alguma outra empresa ou associação de caráter social?

Carlos Alberto Coimbra - Sim, faço parte dos conselhos diretores do Instituto Mirim, da AACC-MS, e do asilo, hoje Recanto São João Bosco, e também colaboro como diretor patrimonial da igreja Santo Antônio. Mas agora estou me afastando temporariamente destas funções por conta do Hospital, até para equilibrar meu tempo com essa nova responsabilidade.

Capital News – E como você chegou ao Hospital do Câncer?

Carlos Alberto Coimbra - eu fui convidado para entrar há cinco anos atrás para participar do conselho curador, foi quando eu comecei atuar aqui, convidado pelo ex-diretor-presidente Blaner Zan.

Capital News - Você tem uma influência política em sua família, é filiado algum partido?

Carlos Alberto Coimbra - Não sou filiado a nenhum partido político, mas meu pai, Albino Coimbra foi prefeito de Campo Grande e minha mãe, Marilene Coimbra foi deputada estadual pelo PMDB. Meu pai era mais ligado ao Dr Pedro Pedrossian (PTB), e minha mãe ao Drº Wilson. Hoje é filiada ao PSDB, mas ela já deu a contribuição na vida política.

Capital News - Você também é primo do vereador Paulo Pedra ?

Carlos Alberto Coimbra - Sim.

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O novo diretor do HC acredita que em 60 dias mudanças significativas poderão ser sentidas na administração do hospital
Foto: Marcelo Victor/Capital News

Capital News - Em quanto tempo poderemos notar mudanças no Hospital do Câncer?

Carlos Alberto Coimbra - Eu acho que em 30 ou 60 dias vamos conseguir normalizar a parte administrativa, na parte dos atendimentos clínicos, o doutor Jeferson está fazendo uma mudança, tirando do atendimento individualizado por um médico apenas, para um centro de triagem, onde se é câncer ele passa a ser atendido pelo hospital, se não, é ele volta para o sistema de regulação do município e se há uma possibilidade ser câncer, é pedido mais novos exames. Se for câncer, ele não passará mais a ser acompanhado pelo médico de plantão, que realizou o primeiro atendimento, e sim por uma junta de serviço que é divida em pele, perna, tórax, cabeça e pescoço, abdômen e ginecológico. Então são grupos de médicos que compõem essas juntas de serviços que irá atender cada paciente, consequentemente eles terão um atendimento melhor. Por mais que todos os médicos sejam especialistas em oncologia, eles se dedicam a uma área especifica, então nos acreditamos separadas por área, irá melhorar a qualidade o atendimento.

Capital News - Após as reportagens do Fantástico, o drº Adalberto Siufi foi afastado. Já foi contratado algum médico substituto? Os médicos que atendiam no hospital eram ligados ao grupo dele?

Carlos Alberto Coimbra - Nós contratamos mais cinco médicos, três oncologista, um hematologista e um infectologista. O acesso aos médicos para os serviços neste hospital, a partir de agora tem um critério com regras já pré-estabelecidas. A pessoa tem que ter especialização, e no mínimo três anos de atuação. São regras para manter uma certa qualidade nos atendimentos, temos médicos aqui por exemplo, que já tem especialidade em oncologia, fizeram a residência médica nessa área. Se esses critérios se existiam, eu desconheço. Sei que agora estão se criando regras muito claras, tendo isso o hospital não fechará as portas para ninguém.

Capital News – Com essa crise na gestão da saúde, como será a transparência dos recursos aplicados no Hospital?

Carlos Alberto Coimbra - A Secretaria Municipal de Saúde esta aqui, estamos fazendo a prestação de contas para Sesau. Até veio técnico que é funcionário da prefeitura e ele estava achando que faríamos a prestação de contas trimestral como tem sido pedido, mas faremos isso mensalmente. Ele esta analisando as contas de abril, maio ainda não fechou, ele deve voltar na próxima semana, em junho analisar as contas de maio. Então nós esperamos que essa prestação seja fiscalizada mensalmente, por nós será feita, esperamos que os poderes façam essa fiscalização. E a gente tem uma tranqüilidade muito grande em abrir essas contas. Quando não se faz nada errado, não há nenhum problema de abrir as contas, seja para quem quer que seja, Ministério Público Estadual ou Federal, CGU, Danasus. Estamos internamente com auditoria do Danasus, Sesau, além da documentação que já enviamos para prefeitura, chamamos eles para verificarem as notas fiscais, a documentação de folha de pagamento, tudo isso esta sendo auditado.

Capital News - Onde será disponibilizada essa prestação de contas?

Carlos Alberto Coimbra - Nós vamos colocar essa prestação de contas no mural do hospital, mandar para Prefeitura, que é o gestor da saúde e vamos colocar no site que esta sendo reestruturado.

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Transparência será um dos lemas da Fundação Carmem Prudente nesta nova administração do hospital
Foto: Marcelo Victor/Capital News

Capital News – Como anda as finanças do Hospital, após as denúncias de irregularidades as doações caíram?

Carlos Alberto Coimbra - Na verdade estamos fazendo uma reestruturação e otimização no telemarketing, antes tínhamos 60 funcionários, nós achamos que vamos trabalhar com uns 40 funcionários, uma redução de 20 a 25 %. Já reduzimos para 50. Bom, a gente acredita o que vai influenciar é capacitação da mão de obra, melhorar as formas de arrecadação, modernizá-las, hoje em dia temos boleto, débito em conta, não só o telemarketing, que é apenas um braço da parte arrecadadora do hospital. Pretendemos ter outras formas de arrecadação além dessas.

Capital News - Essas modificações vão realmente influenciar nas doações para o hospital?

Carlos Alberto Coimbra - Primeiro estamos fazendo uma nova campanha do hospital, que deve ser colocada na praça em pouco tempo, uma nova logomarca, isso fruto de doações, de parceiros nossos. A nova logomarca representa o que nós pretendemos implementar no Hospital do Câncer, algo mais moderno, mais leve, que significa a união de forças em prol do hospital, uma nova papelaria e junto virá a nova campanha, em que queremos impactar a sociedade gradativamente e mostrar que as coisas estão mudando aqui dentro, não adianta uma campanha publicitária e continuarmos com as coisas que estavam sendo feitas antes.

Capital News – Como está os contratos com os fornecedores de medicamentos e prestadores de serviço? Alguns foram acusados de superfaturamento.

Carlos Alberto Coimbra - Tem muita coisa boa no hospital, o que estava errado estamos corrigindo, todos os contratos, sem exceções estão sendo revistos. Tem contratos que são bons para hospital e serão mantidos, outros que precisam ser alterados e tem contratos, que não temos interesse nenhum em ter”.

Capital News - Hoje podemos dizer que o atendimento no HC é mais humanizado?

Carlos Alberto Coimbra - Estamos aqui para atender a população, somos um hospital filantrópico, atendemos a população mais carente do Estado. A nossa intenção é que esse serviço, por mais que seja um serviço público, ele tenha que ser feito com qualidade e com conforto, e nisso estamos investindo, correndo atrás de projetos que nos ajude na questão de mobília, a questão de infra-estrutura física, o treinamento com colaboradores, tivemos palestras motivacionais, porque eles (funcionários) estão sendo bastante cobrados, porque a população chega de maneira ríspida em razão das graves denúncias que foram feitas. Só que essas pessoas que trabalham aqui não são as culpadas disso. Então estamos trabalhando para que eles tenham equilíbrio emocional para prestarem um serviço de qualidade desde o atendimento na recepção até o momento da alta do paciente”.

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Religioso, Coimbra acredita com a fé em Deus, que dias melhores virão para o hospital e pacientes
Foto: Marcelo Victor/Capital News

Capital News - Essas denúncias contra a saúde da Capital, não atingiram somente o Hospital do Câncer, chegaram ao Hospital Universitário também. Qual é sua visão sobre essas irregularidades?

Carlos Alberto Coimbra - Agora estou falando como cidadão, eu fico inojado sabendo que agentes públicos enriqueceram em cima da desgraça da população, para mim, isso é motivo de grande tristeza. Elas ainda estão sendo investigadas, mas algumas coisas que tivemos a oportunidade de ver pela imprensa, de gravações de denúncias gravíssimas. Se nós estivéssemos em país mais sério, algumas dessas pessoas já estariam presas, mas eu acredito na Justiça, principalmente na divina. Esse processo ainda esta começando, mas espero que essas pessoas sejam punidas da forma que devem ser.

Capital News – Na sua opinião, qual é o problema da saúde pública?

Carlos Alberto Coimbra- infelizmente pelo que a gente verifica, o grande problema da saúde não é a falta de recursos, claro que isso deve ser revisto, é importante o financiamento, mais do que falta de recursos, o grande problema é a gestão. Entrar em hospital e administrar aquilo como se fosse algo particular, dinheiro público, dinheiro de doação da população que doa para o Hospital do Câncer, para Santa Casa ou Hospital Universitário, para qualquer hospital público, o cuidado tem que ser maior do que aquele que é da nossa casa, da nossa empresa. Então o grande problema além dos recursos, o mais grave é a gestão. Há hospitais que recebem recursos públicos e tem bom atendimento, uma estrutura boa, e têm outros que recebem os mesmos recursos e têm atendimentos péssimos, só ai você vê que é um problema de gestão.

Capital News - A prefeitura tem mantido os repasses em dia?

Carlos Alberto Coimbra - Todos os repasses da prefeitura estão mantidos, e também o do governo do Estado para a ampliação do prédio. A prefeitura passa entorno de R$ 1,3 milhão por mês, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), e do governo do Estado são R$ 250 mil por meio de convênio para construção do novo hospital, que está sendo construído ao lado do prédio, em um terreno comprado pela fundação.

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Apesar na queda das doações, os repasses da Prefeitura de Campo Grande e do Governo do Estado estão sendo feitos regularmente, afirma Coimbra
Foto: Marcelo Victor/Capital News

Capital News - Como tem sido a relação com a CPI Municipal da Saúde?

Carlos Alberto Coimbra - A primeira conversa foi muito boa, eles perguntaram várias coisas, já avisaram que nos convidariam para participar e vamos participar. Eles querem fiscalizar o que foi feito de errado, apurar quem são os responsáveis, além de coisas que não foram investigadas. Eles querem ajudar o hospital a achar soluções, intermediar entendimentos com o prefeito, ajudar em outros projetos, nas campanhas do hospital.

Capital News - Foi ventilada por alguns políticos a municipalização do Hospital do Câncer. Você concordar com essa proposta?

Carlos Alberto Coimbra - Essa proposta é feita por várias pessoas que tem interesses pessoais ou particulares, é um ponto de vista que temos que respeitar, mas da nossa parte (Fundação Carmem Prudente) não passa em hipótese alguma, até porque se isso aconteceu (fraudes no Hospital do Câncer) foi por uma omissão de várias pessoas e órgãos, então nós sabemos que quando o poder público não consegue gerir todos os problemas e todas as responsabilidades, eles precisam de entidades filantrópicas que prestem este tipo de serviços, que devem ser sempre bem vindas, porque elas existem para suprir também uma falha do poder público e ajudar a prestar esse serviço com qualidade. Agora as entidades têm que ser fiscalizadas, cobradas, para que não aconteça o que aconteceu aqui. Mas falar em municipalizar o Hospital do Câncer é uma irresponsabilidade de algumas pessoas.

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O novo diretor do HC crítica a "politicagem" feita por políticos que querem aparecer com a crise da saúde no município
Foto: Marcelo Victor/Capital News

Capital News – Como você vê a atuação políticos nessa questão da crise da saúde, duas CPI foram montadas para investigar essa área em todo o Estado.

Carlos Alberto Coimbra - Em relação aos políticos, o que tem me entristecido é a politização desta discussão, ontem eu vi na televisão um programa de um partido político, ai o presidente ou o responsável, pelo partido mostrando imagens do Hospital do Câncer, do Hosputal Universitário, dizendo que ele estava preocupado e blá blá blá, isso é motivo de muita hipocrisia, porque tem 60 dias que estou aqui, nunca vieram aqui perguntar como o hospital está, o que está precisando, mas para colocar na televisão que estão preocupados , acho que isso é uma politicagem. Temos que ter um cuidado muito grande para não expor o hospital. Se você quer ajudar, a primeira coisa que você tem que fazer é vir, o poder público tem feito, já tivemos reuniões com o secretário municipal de saúde, secretária estadual, o ministro veio aqui, acho um absurdo alguns poucos políticos, isso tem que ser bem colocado, colocarem as imagens dos hospitais na imprensa, dizer que está preocupado , nunca veio aqui, isso é irresponsável, tem que parar com essa hipocrisia de jogar para platéia, porque percebemos que algumas pessoas jogam para platéia e na hora que tem que vir aqui, ver como esta o hospital está.... Se antes vieram eu não sei, mas nesses 60 dias com todas a denúncias que foram divulgadas, colocar no horário da propaganda gratuita, que preocupação é essa? Acho isso hipocrisia.


Por Ítalo Milhomem - Capital News (www.capitalnews.com.br)

 

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Rosilaudo Vaz 09/07/2013

Sr Diretor-Presidente, se durante a gestão de Vossa Senhoria for desempenhado um trabalho com o nível de qualidade e competência como o demostrado durante a entrevista, já deixo registrado o meu parabéns pelo sucesso da nova Administração. ¨eu fico inojado sabendo que agentes públicos enriqueceram em cima da desgraça da população¨

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Neide eugenia 26/06/2013

Esse Carlos Alberto Coimbra,,, É o Cara . Só pela entrevista percebo que é super humano Que Deus o abençoe muito !!!

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2 comentários

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