Campo Grande Segunda-feira, 06 de Maio de 2024


ENTREVISTA Segunda-feira, 17 de Setembro de 2012, 18:39 - A | A

Segunda-feira, 17 de Setembro de 2012, 18h:39 - A | A

Vander promete ação enérgica no combate à fome, com restaurante popular e Segurança Alimentar

Paulo Fernandes - Capital News (www.capitalnews.com.br)

Candidato do PT a prefeito de Campo Grande, o deputado federal Vander Loubet promete uma administração “mais humana” e “uma ação enérgica no combate à fome”, implantando o Segurança Alimentar Municipal e criando seis restaurantes populares.

Na entrevista ao Capital News, ele falou que irá reduzir o custo de vida de Campo Grande, congelando o IPTU por dois anos e reduzindo a tarifa de ônibus em até 25 centavos.

Vander disse também que pretende zerar o déficit habitacional, devolver a administração da Santa Casa à Associação Beneficente, rever os contratos do transporte coletivo, lixo e saneamento, fazer uma auditoria nas contas da prefeitura e descentralizar a Administração Municipal por meio das subprefeituras.

Ele contou ainda de que maneira a experiência na Câmara dos Deputados, por três mandatos, e como chefe da Casa Civil, no governo Zeca do PT, irão ajudá-lo, caso seja eleito prefeito de Campo Grande.

Capital News – Deputado, por que o senhor quer ser prefeito de Campo Grande?

Vander Loubet – Porque Campo Grande é uma cidade que eu fiz uma opção de vida. Desde muito cedo eu vim para cá, constitui minha família, a minha história política, desde o movimento estudantil, passando pelo Sindicato dos Bancários até deputado com três mandatos. Por isso, sou porta voz de um projeto que pretende humanizar essa cidade. Tenho um projeto, que pretende humanizar essa cidade, o cidadão em primeiro lugar. Quero que essa cidade continue bonita, mas que essa riqueza chegue aos bairros, a todas as regiões da cidade.

Capital News – Que experiência da época em que foi chefe de Casa Civil o senhor pode aplicar na administração de Campo Grande?

Vander Loubet - Ah, eu trago uma experiência administrativa, nós governamos, pegamos um estado falido, com sete folhas [salariais] atrasadas, a receita não chegava nos cofres do tesouro, as estradas esburacadas, sem estrutura nenhuma, com relação ao terrorismo fiscal que tinha. E nós chegamos ao governo até em função dessa desorganização do estado. E chegamos com três deputados. Eu como chefe da Casa Civil. Construímos a governabilidade. Aprovamos projetos importantes para reestruturar o estado administrativamente e ter capacidade de poder arrecadar. Criamos o Fundersul que permitiu criar infraestrutura e recuperar as estradas. Hoje as estradas são umas das melhores do Brasil sem pagar pedágio. Construímos o maior programa de inclusão social que esse estado já teve. Essas experiências que eu quero trazer como prefeito, que é humanizar, ter o ser humano em primeiro lugar.

Capital News – Se o senhor for eleito, qual será o papel do seu vice? O Cabo Almi terá alguma secretaria?

Vander Loubet – O Cabo Almi vai cuidar das subprefeituras para mim. Como papel de vice ele vai coordenar. Nós vamos descentralizar com essa questão das subprefeituras. Vamos colocar seis subprefeituras. Nós precisamos aproximar o poder público do cidadão e eu não vejo outra maneira. Subprefeitura é a melhor maneira, é a melhor forma de aproximar o cidadão do poder público, principalmente no serviço, no trabalho do dia a dia da cidade, que é fazer o tapa-buraco, a limpeza dos bairros, terrenos baldios, entulhos, troca de lâmpadas queimadas, olhar se os médicos estão atendendo nos postos de saúde, se tem medicamentos, integrar os bairros de Campo Grande numa política esportiva, cultural, levar os equipamentos que têm disponíveis nas praças, os centros poliesportivos, no caso já tem na região das Moreninhas, do Aerorancho, integrar com eventos esportivos para a comunidade. Você dá ocupação para a juventude. Esse vai ser o papel dele.

Capital News – Como serão escolhidos os subprefeitos?

Vander Loubet – Vão ser escolhidos por mim, dentro evidentemente de um critério técnico e também que conheça cada região da cidade. A minha opção vai ser por pessoas que sejam da região, que morem na região, inclusive para facilitar essa cobrança e essa aproximação maior ainda do poder público com a população.

Capital News – Candidato, é possível zerar o déficit habitacional de Campo Grande?

Vander Loubet – Eu acho que é possível. Hoje tem muitos recursos da Minha Casa, Minha Vida, do programa do governo federal, que tem hoje vários programas para o pessoal de baixa renda, que ganha de três a cinco salários. Nós queremos intensificar e estabelecer com determinação esse propósito: zerar o déficit habitacional.

Clique na imagem para acessar a galeria

Candidato do PT afirma estar determinado a zerar o déficit habitacional de Campo Grande
Foto: Deurico/Capital News

Capital News – O senhor acredita que quantas casas precisariam ser construídas?

Vander Loubet – Em torno de 30 mil casas, ainda é o déficit. Estamos vendo que a economia brasileira está retomando o crescimento, isso é positivo, e quanto mais aquecida a economia, mais circula dinheiro do FGTS [Fundo de Garantia por Tempo de Serviço], do Programa Geral da União para a Habitação.

Capital News – O PT tem uma marca do combate à pobreza e dos programas assistenciais. Nessa área quais são suas propostas?

Vander Loubet – Nós vamos trazer aqui a Campo Grande uma demanda, tem muita gente ainda na pobreza. Nós pretendemos implantar alguns projetos do governo do Zeca, o Segurança Alimentar Municipal, para as famílias que precisam, que têm essa necessidade, de ter uma cesta de alimento, que é o primeiro socorro; e incluir todas aquelas que ainda não estão incluídas no programa Bolsa Família, do governo federal. Nós queremos ter uma ação enérgica no combate à fome. Famílias ainda vivem abaixo da linha da pobreza, é muita miséria, e é o poder público que tem que assistir essas famílias por meio desses programas. Vou incluir no programa Bolsa Família e criar o Segurança Alimentar Municipal, para expandir e contemplar todas as famílias que precisam, e também cada subprefeitura, eu vou criar o restaurante popular, tem o Ministério do Desenvolvimento Social para você fazer as cozinhas, para fazer o restaurante, e através da parceria, como o Zeca vez, com as empresas que podem abater do Imposto de Renda, para a gente poder atender cada região com restaurante popular, para a população se alimentar.

Capital News – Quais são suas propostas para a área de saúde? O senhor é a favor de devolver a Santa Casa à Associação Beneficente?

Vander Loubet – Nós temos uma proposta diferenciada entre os outros candidatos em relação à saúde. Campo Grande tem um bom orçamento. São R$ 700 milhões/ano. Não é falta de dinheiro, é falta de gerenciamento e vontade política. Tratar saúde como investimento e não despesa. Primeiro, nós vamos devolver a Santa Casa porque ano que vem é obrigado a devolver. Nós vamos dialogar com a Associação Beneficente, que são donas, mas nós vamos participar de uma gestão compartilhada. Nós queremos o Hospital do Trauma para fazer o Pronto Socorro Municipal. É inadmissível uma cidade como Campo Grande não ter um Pronto Socorro Municipal. Segundo é valorizar, aliar o Plano de Cargos e Salários dos servidores da saúde. Eles ganham mal. O que ganha um médico, um servidor da saúde, é uma coisa revoltante. O cara precisa fazer 15 plantões por mês para chegar a um salário bom ou razoável, ou seja, toca 24h por 24h. Isso ninguém consegue. As pessoas, com certeza, vão estar mal humoradas, sem nenhuma condição de atender a população. Então, nós entendemos que temos que valorizar os médicos, com Plano de Cargos, Carreiras e Salários, melhorar o salário, contratar mais médicos na Unidade Básica, lá na ponta, lá que falta principalmente clínico geral e pediatra. É com isso que você vai desafogar porque quando o cidadão vai na Unidade Básica, não acha o primeiro socorro, que é febre, gripe, mal estar, vai e não médico, ele vai no Posto 24 Horas. O Posto 24 Horas é para urgência e emergência e aí fica aquele tumulto. Às vezes fica sete, oito horas para marcar consulta. Uma semana para ser atendido e quando é atendido, um exame leva de seis meses a um ano para fazer um exame. O que nós esperamos? Contratar mais médicos e servidores da saúde para colocar lá na ponta, na Unidade Básica, com isso fazer que seja atendido na Unidade Básica, desafogar os Postos 24 Horas e construir quatro policlínicas para o pessoal da melhor idade, que a infra-estrutura da saúde é dividida em quatro regiões. Nessas policlínicas vamos atender 10% da população que hoje é a da melhor idade, com mais de 60 anos. Com isso você reestrutura toda a rede. E criar o Centro de Diagnóstico para que possa fazer os exames das pessoas que precisam. Acho que com isso você melhora muito a saúde.

Capital News – Agora, na área de educação, a sua principal proposta é a de ampliar a quantidade de escolas de tempo integral?

Vander Loubet – Nós pretendemos ter 1/3 das escolas em quatro anos. Nós pretendemos construir na educação infantil os Ceinfs [Centros de Educação Infantil]. Nossa meta é atingir 50% das crianças de 0 a 3 anos, por meio do Ceinf. Nós pretendemos de 4 a 6 a gente universalizar. E pretendemos contratar concurso para o pessoal da educação infantil. Também nós pretendemos implantar o piso de fato, inclusive com 1/3 da hora planejamento. Isso é um compromisso nosso com a Fetems [Federação dos Trabalhadores em Educação] e com o ACP [Sindicato Campo-Grandense dos Profissionais da Educação Pública]. Nós, na questão das escolas de tempo integral, nós pretendemos chegar a 1/3 das escolas no final dos quatros anos do nosso governo e nós também, nessa área da educação, olhar a educação rural, que tem, olhar mais aproveitando o potencial desse pessoal, despertando eles para aquela vocação que eles têm lá no campo. Somente nos assentamentos que temos no entorno de Campo Grande, na região mais agrícola, currículo que contemple também essas atividades agrícolas, no currículo escolar. Também nós pretendemos fazer uma parceria com o governo federal, com o Instituto Federal, e ampliar o número de vagas para o ensino profissionalizante. Tudo isso é possível fazer. Hoje tem mil vagas, queremos chegar a 7 mil vagas.

Capital News – O senhor pretende fazer alguma auditoria e rever os contratos do lixo e do transporte coletivo?

Vander Loubet – Claro, eu vou rever, vou olhar. Quero fazer o levantamento até porque achamos que esse é o papel do próximo prefeito. Não dá para, no apagar das luzes, as três principais licitações, que é transporte, lixo e saneamento, serem renovados a toque de caixa como foi. Não estou nem entrando em mérito. Eu acho que governo que está terminando não tem legitimidade e autoridade política para conduzir esse processo. Teria que ser o novo prefeito. Até porque muitas delas estavam a vencer.

Capital News – E a auditoria nas contas da prefeitura?

Vander Loubet – Nós vamos auditar tudo e vamos olhar sem revanchismo. Não é essa a minha prática. Nós fizemos isso quando assumimos o governo do Zeca: olhar, aquilo que tiver dar continuidade, mas evidentemente que qualquer defeito que tiver ter estudo e levantamento. Serve como informação.

Capital News – Se o senhor for eleito, o PT dificilmente vai ter maioria na Câmara. Como vai fazer para administrar Campo Grande sem essa maioria?

Vander Loubet – Eu acho que quando você tem boas ideias, programa e propostas que atendam o cidadão eu não vejo dificuldade, até porque fizemos isso no governo do estado. A gente tem já uma experiência muito grande com relação a capacidade de construir a governabilidade.

Capital News – Deputado, o senhor já tem o planejamento de como será o organograma das secretarias?

Vander Loubet – Não, não. Isso nós vamos fazer depois que ganharmos as eleições, mas vamos criar algumas.

Capital News – O senhor acha que a quantidade de secretarias deveria ser ampliada?

Vander Loubet – Não, tem algumas secretarias que são estratégicas. Nós vamos estudar muito na inconformidade com o governo da presidente Dilma porque a experiência como deputado há dez anos, você tem muitos recursos do governo federal via os ministérios e as secretarias que a Dilma criou, na Secretaria das Mulheres, da Juventude, então você tem programas lá que estruturando aqui você pode buscar, que não é só de emendas, ou só do Orçamento, você tem os programas dos Ministérios e das Secretarias do Governo Federal, na questão racial, na questão dos direitos humanos, nas questões da Juventude, os pontos de cultura, as praças da Juventude, que tem um programa específico para isso. Então, eu quero aproveitar muito essa experiência, essa relação dos Ministérios nas secretarias que têm caráter, papel de Ministério, para linkar com nossas secretarias aqui.

Capital News – Se por acaso o senhor não chegar ao segundo turno, tem algum candidato que não apoiaria de forma nenhuma?

Vander Loubet – Nós vamos para o segundo turno. Nós achamos que o cenário que está aí é de dois turnos e nós temos condições pelo histórico do PT. O que é mais importante nesse momento? Você não tem nenhum candidato com mais de 27%. Nós sempre chegamos aqui aos 23%, 25%, então, nós temos 20 dias. Se nós chegarmos a um patamar que sempre o PT teve, nós disputamos de igual para igual para ir ao segundo turno. Foi tudo o que nós planejamos lá atrás. Até aqui, se tem uma pessoa que sempre acreditou, que sempre apostou no quadro de cinco, seis, sete candidatos, fui eu, na pulverização. Tem uns que acharam na última hora que o Bernal já tinha ido, que o Reinaldo já tinha ido. Agora é cada um fazer sua campanha e a gente trabalhar. Eu quero trabalhar para ir ao segundo turno. Estou otimista. As nossas pesquisas indicam crescimento. A nossa rejeição caiu muito, muito, então, eu acho que nesses 20 dias, dentro da estratégia que nós montamos, a gente vai intensificar as propostas.

Clique na imagem para acessar a galeria

Otimista, Vander Loubet afirma que vai estar no segundo turno
Foto: Deurico/Capital News

Temos toda uma proposta de consolidar imagem, abaixar a rejeição, agora, os apoios e as propostas: a gente vai fazer o diferencial, principalmente nessa questão da discussão do custo Campo Grande, do custo de vida de Campo Grande. O que nós estamos propondo é alinhado com o que a Dilma está fazendo no Brasil. As nossas propostas ninguém pode falar que são oportunistas ou demagógica. Enquanto a Dilma está baixando os juros, quando ela está reduzindo o IPI do setor automotivo, das linhas brancas, como contrapartida de segurar o emprego, para que as pessoas possam consumir mais, manter a economia aquecida, e agora abaixando a taxa de energia elétrica, ela vem em sintonia ao que cabe ao Município, que é discutir o congelamento do IPTU por dois anos. E nós vamos congelar porque aqui já aumentou o que tinha que aumentar. Nos últimos cinco anos subiu 127% e a inflação foi 23%. Em determinadas regiões da cidade subiu 300%. Onde teve investimento de infraestrutura do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] foi lá para cima. Outro dia caminhando na Cophatrabalho, que passou aquela obra atrás, um cara me trouxe o IPTU. Pagava R$ 500. Veio R$ 3 mil. O cara estava desesperado. Precisa congelar. Em dois anos dá para reestruturar tudo. Isso não traz prejuízo para o Município. Claro que nós vamos cortar algumas despesas, melhorar a gestão. O IPTU em um orçamento de R$ 2,6 bilhões, significa R$ 500 milhões. Vamos congelar e nos dois últimos anos corrigir com a inflação. Isso está decidido e alinhado com que a Dilma está fazendo. Outra coisa: reduzir a tarifa de ônibus. Nós vamos reduzir; R$ 2,85 está acima da média das capitais. Nós conseguimos abrir a planilha com os técnicos de Fortaleza e tem 25 centavos que nem os técnicos da Prefeitura, nem os empresários explicam. E 25 centavos é significativo para o empresário e para o trabalhador. Porque um trabalhador que tem dois filhos e gasta três passes por dia, ele economiza R$ 1.800 por ano. Um empresário que tem 100 funcionários economiza R$ 18 mil porque 94% do vale-transporte é ele quem paga. A taxa de iluminação, a taxa de asfalto, a questão do saneamento, 70% da conta vinculada a conta d’água, vamos discutir, sem rancor. Nós achamos importante rediscutir o Brasil para retomar o crescimento. As medidas que a Dilma tomou mostram isso. Nós precisamos reduzir a carga tributária para sobrar mais dinheiro para as pessoas comprarem mais. Elas comprando mais, evidente que toda a cadeia produzirá mais. Isso, na ponta, é mais emprego.

Capital News – O senhor falou em taxa de iluminação, de asfalto e em outras tarifas. Quais o senhor já pode dizer que irá liquidar, se for eleito?

Vander Loubet – Não, liquidar não. Eu vou fazer o seguinte: a taxa de iluminação, a minha ideia é não deixar vinculada a conta. Vai ser uma taxa fixa. Hoje é proporcional ao valor da sua conta de energia elétrica. Várias cidades já fizeram a sua opção. A taxa de asfalto, eu quero, lá em 2004 já fiz essa campanha, candidato a prefeito, quero ver onde tem recursos federais, a fundo perdido, não tem porque você cobrar. Eu vou rever isso. Já propus isso em 2004, quando fui candidato a prefeito. Vou rever esse custo Campo Grande.

Vídeo


Por Paulo Fernandes - Capital News (www.capitalnews.com.br)

 

Leia também as entrevistas com os outros candidatos a prefeito de Campo Grande
Alcides Bernal (PP) Edson Giroto (PMDB) Marcelo Bluma (PV)
Professor Sidney (PSOL) Reinaldo Azambuja (PSDB) Suél Ferranti (PSTU)

 

Redes Sociais: Twitter Facebook Windows Live Google+

Comente esta notícia


Reportagem Especial LEIA MAIS