Campo Grande Quinta-feira, 02 de Maio de 2024


Reportagem Especial Sábado, 17 de Junho de 2023, 07:00 - A | A

Sábado, 17 de Junho de 2023, 07h:00 - A | A

Reportagem Especial

O drama de familiares que vivem na incerteza

Só este ano mais de 500 pessoas desapareceram em Mato Grosso do Sul

Renata Silva
Especial para o Capital News

Foto Cedida

O drama de familiares que vivem na incerteza

..

Se apegar a fé e na esperança de encontrá-lo vivo são os motivos que ajudam a Dona de casa Vanusa Marília de Oliveira de 46 anos continuar procurando o pai. O Operador de Máquinas Osvaldo Alves de Oliveira saiu de casa dizendo à família que iria trabalhar numa fazenda, no município de Porto Murtinho e nunca mais deu notícias.

Assim como a dona de casa, só este ano outras 528 pessoas procuraram a Polícia Civil para registrar o desaparecimento de alguém em Mato Grosso do Sul. De acordo com a Secretaria de Estado e Justiça e Segurança Pública os adolescentes são os que mais desaparecem dos pais.

E também são eles os principais nos registros no país. De acordo com um levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, os adolescentes na faixa etária de 12 a 17 são uma média de 29% dos casos. Na sequência os jovens de 25 a 29 (10%), as pessoas com mais de 60 anos ( 6,6% ) e por fim, as crianças de 0 a 11 anos (3,1%).

Foto Cedida

O drama de familiares que vivem na incerteza

..

A Vanusa fala que viu o pai pela última vez em outubro de 2018, de lá para cá ele nunca mais deu notícias. A família registrou boletim de ocorrência, mas até o momento ninguém soube informações do paradeiro dele, um drama que a família vivencia todos os dias porque depende de respostas da polícia.

Desde 2020 o número de ocorrências no Estado só aumenta 1.089 em 2020, 1.158 em 2021 e 1.361 no ano passado. Um levantamento Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostra que entre 2019 e 2021 o país teve mais de 200.577 mil desaparecidos contra 112.246 pessoas encontradas no mesmo período.

Desde 2005 Campo Grande conta com um Núcleo Especializado em desvendar os casos de desaparecidos, esse setor está localizado na Delegacia Especializada de Homicídios, no Cepol. Em março de 2019, o governo federal sancionou uma lei com o foco em intensificar políticas públicas que ajudem nas buscas de pessoas desaparecidas.

Essa lei também previa a criação de um cadastro nacional com o compartilhamento de informações entre os órgãos estaduais e federais de segurança pública, mas na prática, esse cadastro ainda não existe. Conforme o governo federal, ele deve ser implantado efetivamente até o fim do ano.

Em Campo Grande, no dia 25 de maio a Prefeitura sancionou uma lei que cria o cadastro municipal de pessoas desaparecidas. O objetivo com a medida é agilizar a localização de pessoas desaparecidas e combater as causas do desaparecimento.

O Cadastro Municipal de Pessoas Desaparecidas contará com um link permanente na página oficial da Prefeitura para veiculação das informações. De acordo com o texto, o município deverá fazer convênio com órgãos estaduais e federais para ter acesso a banco de dados que contenham os registros.

Meu sonho é vê-lo em casa de novo

A lei municipal ainda será regulamentada pela prefeitura para definir como será montada a estrutura do cadastro. Enquanto novas medidas são implementadas, Vanusa não perdeu as esperanças de encontrar o pai “Meu sonho é vê-lo em casa de novo. Eu sinto que ele está vivo e vai voltar”, finalizou.

Foto Cedida

O drama de familiares que vivem na incerteza

..

Comente esta notícia


Reportagem Especial LEIA MAIS