Preferido da antiga nobreza egípcia e chinesa, o instrumento é considerado um avanço semelhante à invenção da roda
A relação da humanidade com o arco e flecha se perde no tempo, está presente desde o Paleolítico. O que hoje é um esporte olímpico, nos primórdios era instrumento de caça, utilizado também nas guerras. As cenas estão imortalizadas nas pinturas rupestres. A transformação provocada nos costumes é considerada pelos pesquisadores um avanço semelhante à invenção da roda.
Os povos indígenas de todo o continente americano usavam o arco e a flecha. No Brasil, algumas etnias, principalmente na Amazônia, preservam o hábito, com arqueiros que manobram o instrumento com destreza. De olho nessa habilidade ancestral, o projeto Arquearia Indígena no Amazonas surgiu com o objetivo de treinar indígenas para competições internacionais. A renovação da tradição milenar pelo esporte já rendeu medalhas e a possibilidade de eles representarem seu país no mundo. É um resgate da cultura dos povos originários.
Preferido da nobreza
O Egito e a China, civilizações afastadas pela geografia e pelo tempo, tinham em comum a preferência pelo arco e flecha. Na 18ª dinastia, entre 1567 e 1320 a.C., era o esporte favorito dos faraós. Séculos depois, entre 1027 e 256 a.C., encantava a nobreza chinesa, na dinastia Zhou (Chou).
Na série Game of Thrones, que se passa na fictícia Westeros, na Europa Medieval, o arco e a flecha são protagonistas de muitos episódios, com importância vital. O sucesso da saga provocou aumento expressivo na prática do esporte no mundo.
Com a invenção das armas de fogo, o arco e a flecha perderam a relevância militar, e a aplicação passou a ser somente para caça e competições. Mas seu uso nas guerras é celebrado por muitos escritores, inclusive ingleses, pela eficácia em batalhas e guerras, como a Guerra dos Cem Anos, contra os franceses.
Como surgiu o esporte?
A utilização esportiva do tiro com arco começou nos séculos XVI e XVII. O primeiro torneio que se tem registro foi em 1673, em Yorkshire, na Inglaterra. A partir de 1900, foi considerado esporte olímpico, e permaneceu na competição até 1920. Em 1972, voltou às Olimpíadas, com regras mais definidas, que deram força e projeção à modalidade.
A prática do esporte traz muitos benefícios à saúde, como melhoria na postura, fortalecimento da musculatura superior do corpo, aprimora a coordenação motora e desenvolve a concentração. O que muita gente não imagina é que uma hora de atividade queima 277 calorias.
O cinema fomentou o interesse da nova geração pelo tiro com arco, com a divulgação na já citada série Game of Thrones e em filmes como Jogos Vorazes, O Hobbit – Uma Jornada Inesperada, Valente e Os Vingadores. Impulsionado pela boa safra de aventuras, em 2012, só nos Estados Unidos o aumento de arqueiros filiados foi de 105%.
Prática e acessórios
Existe uma grande variedade de arcos, e a escolha e eficácia vai depender da postura e da técnica utilizadas A prática exige orientação profissional e uso de acessórios, como flecha, que é primordial, dedeiras, alvo, mira, encordoador e protetores para braço e peitoral. Na arqueria, existe uma derivação que ganhou popularidade, a balestra, que também é milenar e atira flechas com muito mais força.