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Educação e Carreira Domingo, 13 de Novembro de 2022, 15:26 - A | A

Domingo, 13 de Novembro de 2022, 15h:26 - A | A

Coluna Educação e Carreira

Quiet quitting já é um desafio para o mundo corporativo

Por Débora Ramos

Da coluna Educação e Carreira
Artigo de responsabilidade do autor

Na contramão dos workaholics, movimento que critica a exaustão profissional ganha cada vez mais adeptos

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Se, antes, o objetivo era trabalhar exaustivamente para garantir uma promoção no trabalho, hoje os colaboradores buscam outras formas de lidar com o mundo profissional. Com cada vez mais adeptos, o quiet quitting vem se tornando um grande desafio para líderes ao redor do mundo. O termo, surgido recentemente no mercado, quando traduzido ao pé da letra, significa “desistência silenciosa”, mas seu significado no mercado de trabalho vai muito além disso.

O quiet quitting é quando o colaborador da empresa toma a decisão de fazer apenas o que lhe é designado em contrato, separando e criando limites para sua vida pessoal e profissional. Esses profissionais não necessariamente estão descontentes com seu trabalho, mas, segundo os adeptos, eles entendem que as pessoas não precisam viver para trabalhar, reservando tempo para fazer o que gostam.

Para especialistas, com a pandemia da Covid-19 ao redor do mundo e a obrigatoriedade do home office, empregados e empresas não souberam definir limite de horas trabalhadas de forma digital nem tarefas distribuídas; dessa forma, os colaboradores começaram a se sobrecarregar. Com esse acúmulo de funções e os diversos transtornos psicológicos que a sobrecarga carrega, a Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a classificar o burnout como uma doença ocupacional. Segundo especialistas, essa e outras doenças precisam ser abordadas e tratadas com urgência.

Visto como uma tendência da nova geração, o quiet quitting surge justamente nesse contexto pandêmico e de transtornos causados pelo trabalho. O engenheiro Zaid Khan utilizou a plataforma de vídeos TikTok para detalhar que o conceito é basicamente você exercer as funções para as quais foi contratado, mas sem seguir com a mentalidade de que o trabalho é o ponto principal da vida. E é justamente por isso que a tendência é tão difícil de ser enfrentada pelos empresários, pois o funcionário não necessariamente se sente insatisfeito com seu trabalho, apenas passou a enxergar a forma como se trabalha de outra maneira.

Segundo dados de TalkSpace, McKinsey e Gallup, cerca de 53% dos trabalhadores estão cansados e se sentem esgotados no ambiente de trabalho; além disso, 46% consideram o local de trabalho e suas funções muito estressantes. Os dados também apontam que 57% dos empregados estão insatisfeitos com seus salários, 45% se sentem desmotivados, devido à falta de flexibilidade, e 44% pelas horas extras.

Para os líderes, esses dados apontam que o desafio está em permitir que os funcionários tenham maior equilíbrio entre a vida pessoal e a profissional. Reverter a situação pode nem sempre ser um caminho, mas permitir que o colaborador se sinta melhor no ambiente de trabalho pode ajudar com que ele se envolva mais nas tarefas e nos desafios da empresa. Ter jornadas de trabalho mais justas, distribuições de tarefas sem sobrecargas e encontrar maneiras de recompensar o funcionário com benefícios, vales e banco de horas pode ajudar no estímulo ao colaborador. Além disso, abordar o tema da saúde mental no local de trabalho é um passo fundamental para entender a situação dos empregados e trabalhar na melhoria do ambiente profissional.

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