Pelo menos 2,3 mil animais silvestres morreram atropelados no BR-262, de 2023 e abril de 2024, entre Campo Grande e a ponte sobre o Rio Paraguai, próxima à Corumbá, que possui longo trecho que corta o Pantanal. Os dados do Instituto de Conservação de Animais Silvestres (ICAS) representam quase 200 casos por mês. O mais recente vitimou uma onça-pintada no último domingo. Entre as espécies mais atingidas estão tatus, anfíbios, jacarés e cachorros-do-mato.
O presidente do ICAS, Arnaud Desbiez, cuja equipe percorre a via de carro a cada 15 dias para contabilizar as mortes, diz que os números podem ser maiores pois muitos animais feridos entram nas matas. “O animal é atropelado na rodovia, se a pancada é muito forte, ele morre ali, mas, mais da metade, na verdade, vai morrer a 10, 20 e até 900 metros da rodovia. E se o animal está a alguns metros da estrada, a gente já não vê ele mais”, explicou ao G1MS.
HUMANOS TAMBÉM EM RISCO – Arnaud lembra que pessoas nos veículos também são vítimas e podem morrer nesses acidentes, que poderiam ser evitados ou minimizados caso ações mais efetivas fossem implementadas, como cercamentos que conduzem animais para passagens seguras, evitando que atravessem a rodovia.
“A receita para evitar esse tipo de tragédia existe, já tem esse plano de mitigação, mas precisa que ele seja implementado. A BR-262 foi chamada de 'rodovia da morte' pelo New York Times, é uma rodovia famosa", afirma o pesquisador. "A tendência das autoridades é colocar a culpa no usuário, dizendo que as pessoas dirigem muito rápido, não respeitam a velocidade. Mas, não é essa a problemática. Quando um animal atravessa rápido, não dá tempo”, acrescenta.
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