Fomentada pelo Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul, por meio da 2ª Vara de Execução Penal de Campo Grande, a Padaria da Liberdade, instalada no presídio semiaberto da Gameleira, doou para instituições beneficentes da cidade, até fevereiro deste ano, 894.337 pães. Em maio, a padaria chegará à marca de 1 milhão de pães doados. Além disso, da produção total de 2.557.997 pães, 1.464.784 unidades foram vendidas. O projeto criado em 2021 pelo juiz Albino Coimbra Neto é considerado um exemplo de trabalho prisional que gera impacto direto na sociedade.
A padaria foi idealizada para ser autossustentável. O maquinário foi adquirido com recursos arrecadados pelos próprios presos, um desconto de 10% nos salários dos que trabalham por meio de convênios em Campo Grande. A parceria com empresas garante um salário-mínimo aos que trabalham na padaria, permitindo que o preso exerça uma atividade profissional, o que contribui para sua ressocialização e para a sociedade.
“Esse mecanismo garante que o preso cumpra sua pena de forma adequada, e é possível tirar proveito disso: o interno trabalha em regime semiaberto, intramuros, e, ao cumprir sua pena de forma mais eficiente, gera um benefício social com seu trabalho”, diz Albino Coimbra Neto. Tudo isso tem sido possível graças à união do Judiciário estadual com empresas e instituições parceiras, ressalta o magistrado.
Em 2024, a padaria foi ampliada e o maquinário dobrou, solucionando problemas que antes paralisavam a produção. Hoje, sem interrupções, abastece três unidades prisionais de Campo Grande. São cerca de 5 mil pães produzidos por dia, vendidos a empresas terceirizadas que fornecem a alimentação dos presos nesses presídios. E com a ampliação, haverá um aumento da produção para até 7 mil pães por dia.
Também são doados 1.500 pães por dia a instituições que atendem como o Hospital Nosso Lar, Pestalozzi, Hospital São Julião e entidades de acolhimento de crianças e adolescentes. O Sesc-Senac, por meio do programa Mesa Brasil, uma rede nacional de bancos de alimentos, realiza a retirada diária dos pães no estabelecimento penal e administra as doações para diversas entidades cadastradas. Desde que as doações iniciaram, em junho de 2021, a padaria doou 32 toneladas de pães via Mesa Brasil para 112 instituições da cidade.
PARCERIAS – O diretor do Centro Penal Agroindustrial da Gameleira, Ricardo Teixeira de Brito, explica que, atualmente, sete presos são responsáveis pela produção da padaria e, na semana passda, eles fizeram um curso de manipulação de alimentos, e já têm certificação em panificação e confeitaria. As capacitações ocorrem por meio de uma parceria com o Senac, facilitando sua futura inserção no mercado formal de trabalho após o cumprimento da pena.
A Fundação de Apoio à Pesquisa, ao Ensino e à Cultura (Fapec) da UFMS é responsável por garantir a venda legal dos produtos e a compra de insumos como trigo, açúcar e produtos de limpeza. Isso assegura que a padaria continue funcionando sem interrupções. Para gestão do TJMS, sob presidência do desembargador Dorival Renato Pavan, a Padaria da Liberdade demonstra que o trabalho prisional pode trazer benefícios concretos. (Com TJMS)
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