Campo Grande 00:00:00 Sábado, 19 de Abril de 2025


Colunistas Quinta-feira, 27 de Dezembro de 2007, 10:00 - A | A

Quinta-feira, 27 de Dezembro de 2007, 10h:00 - A | A

Tempo de Reflexão

Flávio Ferrari

Tempo de Reflexão

Enquanto os votos de boas festas chegam e partem de todos os endereços, residenciais, eletrônicos ou numerais (não achei definição melhor para o celular), e as festas efetivamente acontecem, sentimos que todas as dores do mundo desaparecem. A sensação de bem estar domina os ambientes, por algum tempo nos sentimos alheios a tudo que seja problema, peso, angústia. E do dia 26 ao dia 31/12 ficamos numa espécie de feriado oficioso, descansando da comilança do Natal para aguardar a do Ano-Novo, arrastando esse não sofrer, não pensar, não cansar o corpo e a mente.

Mas, dia 02 é um novo ano. E dia 03, ou 04, ou 15, ou só em fevereiro, em algum momento de 2008, os problemas do ano que passou voltam às nossas vidas. Da mesma forma que em 2007, ou 2006, ou 2005, quem sabe. E vamos nos arrastar mais um tempo, passar o resto do ano convivendo com as mesmas dúvidas, esperando mais um fim de ano. E tudo se repetirá.
O que fazer? Qual seria a forma de aproveitar um período de reflexão para mudar nossas vidas? Seria isso possível? Ou melhor não pensar?

Bem, frases de efeito, manuais de auto-ajuda, promessas de virada de ano, orações e tentativas efêmeras não resolveram até hoje. Para ninguém. Talvez precisemos de algo diferente. Sem ninguém para nos dizer como fazer. Mas, simplesmente, decidirmos fazer. Fazer qualquer coisa que signifique mudança. No Brasil de hoje, que tal fazer algo que signifique cidadania? Cidadania para cada um e principalmente para os outros.

Se o respeito às leis e aos direitos dos demais permear nossa decisão de fazer algo, o caminho está pronto, é só seguir adiante. Mas, para isso, é preciso pensar. Podemos tentar, já é sabido que não dói. Pensar antes de qualquer decisão, ou atitude, se estão sendo respeitados os direitos dos demais. E mais ainda, se estão sendo resgatados direitos esquecidos ou perdidos. Sem olhar para a forma como todos agem. Essa decisão é pessoal. Se for pessoal e tomada por todos, será coletiva. E perene, sólida, como são as decisões pessoais, baseadas na reflexão.

Nós todos, que trabalhamos e usamos os serviços de saúde, pública e privada, precisamos pensar antes de cada decisão se estamos colaborando com a saúde de um povo todo. E também pensar se estamos fazendo tudo que podemos. Será que quem tem plano está isento de pensar na saúde coletiva? Será que ter Unimed me isenta de cobrar meu candidato para que vote a favor do SUS? Ou do prefeito, que cuide das unidades de saúde na periferia, e pague salários dignos aos profissionais de saúde?

O ano que entra é crucial para a saúde do brasileiro. Além das eleições municipais, o país terá que resolver o que fazer com seu sistema de saúde, com o fim da CPMF. Isso não importa só a quem usa o os postos de saúde nos bairros da periferia. O SAMU, a vigilância sanitária e epidemiológica, as UTIs, e mais que isso, a saúde daquele que está ao nosso lado, trabalhando, brincando, passeando, tudo isso nos importa.

Não faça votos para 2008. Faça a sua parte de cidadão, cobre de quem está ao seu lado que também o faça. Da nossa parte, queremos cada brasileiro empenhado na construção da saúde do nosso sistema de saúde. E de tudo o mais que signifique direito do cidadão. Um 2008 muito saudável para todos.

Comente esta notícia


Reportagem Especial LEIA MAIS